domingo, 3 de julho de 2011

COPA AMÉRICA: Primeiras Táticas do Brasil

Quanto maior a expectativa, maior o tombo. Os 63% de posse de bola e 90 minutos de jogo não foram suficientes para que o Brasil conquistasse um tento. Isso quer dizer que a seleção fez uma partida ruim? Não exatamente. Teve o domínio do jogo e muitas chances foram criadas. Acredito que apenas algumas alterações a partir dessa partida contra a Venezuela podem ser realizadas, e são poucas.

Contexto é outro
Fato: mais de 90% das pessoas que assistiram ao jogo de ontem não sabem que México (Campeão da Copa Ouro e 9º colocado no Ranking Fifa) e Uruguai (semifinalista da Copa do Mundo) evoluíram consideravelmente, com seus principais jogadores atuando em grandes clubes da Europa e brilhando mundo afora, não sabem que o fato de a Argentina ter atuado mal foi uma mera questão tática, e que é provável que Sérgio Batista coloque para a próxima partida Di María na ponta esquerda, Agüero na direita, Pastore na ligação e Messi centralizado, de falso nove. O pior, a última memória recente que esses 90% (ou mais) possuem do time venezuelano é um gol antológico de Ronaldinho Gaúcho.

O futebol sul-americano evoluiu como um todo nos últimos 20 anos e mesmo que a Venezuela tenha atuado em um 4-4-2 compacto, variando para o 4-4-1-1, com o único objetivo de marcar e jogar no contra-ataque, a execução do esquema foi absolutamente impecável. Mérito para um time considerado saco de pancada da seleção canarinho.

O 4-2-3-1 de Mano
A seleção começou com o esquema utilizado inúmeras vezes e que tem tudo pra deslanchar agora com Ganso na armação. O problema é que sua segunda utilização - a primeira foi contra os EUA - não convenceu.


Basicamente, três fatores foram cruciais para a má atuação da seleção:

1) Neymar "estático"
Tanto Mano Menezes quanto Muricy Ramalho criticaram, logo após a partida, a movimentação da principal promessa brasileira. Segundo Mano, o jogo brasileiro foi previsível, muito óbvio, em clara referência ao atleta do Santos. Muricy foi mais direto, em um pronunciamento feito à uma rádio momentos após ter assistido à partida, dizendo que Neymar ficou muito parado, isolado na ponta-esquerda, e isso facilitou a marcação. Citou ainda o fato de sempre pedir ao jogador, no Santos, que movimentasse bastante para confundir a marcação e criar espaços. Robinho, jogando pela direita, fez bem essa função.

2) Posicionamento de Ganso
Difícil criticar o melhor meia em atividade do Brasil após retorno de lesão. Ganso não fez boa partida, isso é claro, mas tem qualidade e talento de sobra para melhorar durante a competição. E uma das principais pistas para sua atuação abaixo do esperado é seu posicionamento, jogando muito avançado, sem a característica que interessa à seleção, fazendo a engrenagem girar, no centro, distribuindo a bola que vem da defesa ao ataque. Quando isso não ocorre, sobra para Ramires e Lucas Leiva o papel que Mano tanto queria que Ganso realizasse, o de criador. Enfiado no ataque, é peça nula, de fácil marcação, só serve para fazer pivô.

3) Falta de Pontaria
Apesar dos problemas citados, chances foram criadas. E quando a bola enfim chegou, foi maltratada. Pato acertou o travessão. Neymar chutou pra fora uma bola que não costuma errar. A pior delas, uma chance clara de Robinho, mal finalizada e retirada de peito do caminho para o gol. Ficaria surpreso se não fosse justamente o ex-santista. Apesar da boa movimentação, invertendo posições, saindo da direita para a esquerda, é bem sabido que Robinho finaliza mal. Chuta fraco, no meio do gol. Quando usa a força, a direção do chute é duramente prejudicada. Lucas é mais veloz, joga mais verticalmente, faz a diagonal de forma excepcional e, principalmente, é mais decisivo, finaliza melhor. Acho que Robinho poderia dar lugar ao jovem jogador. Quanto ao Pato, faltou pouco, e quanto ao Neymar, acredito ser apenas uma má atuação. O atacante santista não costuma errar.

Laterais
Daniel Alves e André Santos podem aparecer mais para o jogo e realizar assistências. Pouco apareceram no jogo e as laterais poderiam ser melhor utilizadas.

Alterações ideais para a próxima partida
Robinho perde a vaga para Lucas. Ganso um pouco mais recuado, distribuindo o jogo de frente para a marcação, e não de costas como contra a Venezuela. Neymar movimentando-se mais. Pato na ponta.

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