quinta-feira, 28 de julho de 2011

12ª rodada: Palmeiras 1 x 0 Figueirense

Maikon, Luan por uma noite
O Palmeiras veio a campo no 4-3-3, com Wellington Paulista na ponta direita, como já vinha treinando, e Maikon Leite invertido para a ponta esquerda. Como já tinhamos previsto, o "miolo" do time tem qualidade, mas continua muito lento. Com Valdívia fora de forma e ainda sem ritmo e Kléber voltando ao meio para buscar jogo, o jeito era tentar com os pontas.

Gerley atuou como titular na lateral esquerda, agora sem Luan para fazer o apoio na marcação, e mesmo com o rápido Maikon voltando esporadicamente para ajudar, o jovem jogador apoiou o ataque poucas vezes. Maikon fez boa partida, meteu uma bola na trave e deu bastante trabalho para o goleiro Wilson e para a marcação do time adversário, mas sentiu a dificuldade de atuar como Luan, pela função defensiva que o jogador exerce.

Wellington não serve para a ponta
Cicinho apoiou bastante, uma atitude arriscada, já que o lado forte do Figueirense no ataque é justamente pela esquerda. Wellington Paulista novamente não vingou, exceto por uma bola que mandou na trave de cabeça. É uma questão de característica do jogador. Wellington não atua bem no ataque jogando uma linha atrás, recebendo a bola e ainda ter de passar por dois ou mais marcadores para depois finalizar ou dar assistência. O forte dele é o posicionamento na pequena área, centralizado, recebendo a bola para finalizar em seguida. Seria como recuar o Deivid do Flamengo para jogar na posição do Thiago Neves. Perda de tempo.

Primeiro tempo disputado
Campo molhado, com os dois times arriscando bastante, tivemos um equilíbrio de chances no primeiro tempo. Kléber quase abriu o placar logo ao primeiro minuto com uma bobeada da zaga catarinense, batendo cruzado para fora. O Figueirense, por sua vez, com mais volume de jogo, chegava com perigo ao ataque principalmente com Aloísio pela esquerda, com ótima chance aos 27'. O atacante só parou em Deola, que fez excelente partida, saindo bem quando necessário e realizando importantes defesas.

Segundo tempo, Palmeiras melhor
No segundo tempo, o equilíbrio se desfez, com o Palmeiras dominando claramente o jogo. A defesa foi segura e não vacilou nas bolas aéreas, jogada que o time adversário abusou ao final da partida. O resultado, entretanto, não vinha. Os times pouco criavam, mesmo com Kléber realizando grande partida. Maikon errou na pontaria e por pouco não fez um belíssimo gol em chute cruzado pela esquerda logo aos 9' da etapa final. Aos 12', os catarinenses roubaram a bola na intermediária e em um rápido contra-ataque, 3 contra 2, só não marcaram pela falta de visão de Aloísio. O atacante, de cabeça baixa, não foi solidário com seus companheiros de ataque e chutou nas mãos de Deola. Valdívia estava apático, perdido e facilmente anulado pela marcação de Ygor e Tulio, sendo substituído aos 16' pelo volante João Vítor. No papel, ainda no 4-3-3 (4-2-1-3).

Luan entrou aos 26' no lugar de Wellington Paulista, jogando Maikon de volta para a ponta direita, mantendo o esquema. Aos poucos, o Palmeiras agressivo do começo do segundo tempo esfriou e se transformou naquele velho Palmeiras que conhecemos: lento, pouco criativo e dependente das bolas paradas. Marcos Assunção, de novo, teve que salvar o time. Aos 31' assustou Wilson com um chute forte de longa distância. Aos 37', o gol salvador. Lançamento de Marcos Assunção para a pequena área, o goleiro do Figueirense bateu roupa e a bola rebateu em Maurício Ramos. Para garantir o resultado, Felipão colocou Chico no lugar de Maikon Leite, alternando para o 4-3-1-2 com quatro volantes, forçando o Figueirense a jogar pelas pontas, fazendo chuveirinho. Apesar do sufoco no final, o time não deu brecha e na base do chutão, garantiu o primeiro resultado fora de casa.

Considerações


O meio-campo não funciona tão bem assim
O time não jogou bem. Os jornais ressaltam a "garra" do elenco, do "espírito guerreiro" do time. Isso é positivo, ajuda o time, mas segue na direção oposta do que esse elenco pode render.

É uma grande falácia pensar que o time sempre ficará melhor com Kléber e Valdívia atuando juntos. Sim, o time ganha qualidade técnica. Sim, o meio-campo ganha consistência e posse de bola. Mas muita gente esquece - os mais fanáticos, principalmente - que falamos de dois jogadores habilidosos, dribladores e que, acima de tudo, adoram a posse de bola. A característica dos dois jogadores é a visão de jogo em um pequeno espaço de campo, não amplo, ou seja, carregar a bola até o último passe ao invés de simplesmente realizá-lo a uma longa distância.

Individualismo e falta de ritmo
A função de Kléber, dentro do papel que lhe cabe no elenco, é a de meia-atacante, não centroavante. Kléber não fica plantado na frente. Geralmente, recua até a linha intermediária buscando o jogo, recebe a bola de costas para os defensores e faz o pivô. Quando a recebe de frente, sua função é armar jogadas distribuindo-a aos pontas ou finalizar, quando julgar conveniente.

O problema é que é difícil ver Kléber realizar uma jogada sem terminar deitado ao chão. O mesmo acontece com Valdívia, com menor frequência. A mídia explica: "são muito caçados". Então não é o posicionamento dos outros jogadores do time para receber o passe que está errado? Uma coisa é certa: quanto mais tempo demorar para passar a bola, mais rápido a marcação adversária chegará para o combate até o inevitável momento em que a marcação é tamanha que só derrubando o jogador para que a situação se resolva.

Para complicar a história, o time carece de um meia-armador desde a lesão de Valdívia contra o Corinthians. Lincoln não conseguiu se firmar e Patrik ganhou a posição. Quando o chileno voltou da Copa América, Patrik perdeu a posição novamente mesmo fazendo boas partidas. Valdívia ainda está em fase de recuperação, sem ritmo de jogo e sem entrosamento. A única coisa que justificaria sua entrada no time seria uma possível pressão por parte da diretoria: o caro jogador deve justificar seu investimento.

Coletivo vem por último: bolas paradas, talento individual e (muita) sorte
A combinação de Kléber e Valdívia, portanto, de individualismo e falta de ritmo, congestiona o centro e a criação de jogadas de ataque. Isso empurra o jogo para o lado do campo. Os laterais apoiam bastante, mas só agora as pontas começam a embalar. Luan vem em uma crescente pela esquerda, Maikon transformou o lado direito com qualidade e velocidade, muito melhor que Adriano. São as laterais do time que verticalizam as jogadas e as tornam mais objetivas. E quando as pontas também não funcionam, nos restam três alternativas: bolas paradas, talento individual e, por fim, a sorte.

Desde o início do campeonato, o Palmeiras dependeu do talento individual no primeiro jogo (golaço de fora da área de Kléber) contra o Botafogo, da sorte (gol de fora da área de Luan) contra o Cruzeiro e de uma bola parada (escanteio fechado na primeira trave, com gol de Chico) contra o Atlético-PR. Contra o Internacional, contamos com a sorte novamente, um gol contra deles. A menos que a marcação seja uma verdadeira "mamata", como no jogo contra o Avaí, na presença de Kléber (Valdívia fez o primeiro jogo no campeonato contra o Fluminense), o centro do time fica lento, fácil de marcar, previsível. Isso não significa que o time fica pior. Significa que perde em objetividade. E por isso é difícil ver um gol do Palmeiras saindo de jogadas trabalhadas coletivamente.

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