quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O 4-3-3 de Kleina

Campeonato Paulista 2013
Palmeiras 3 x 0 São Bernardo
31/01/2013
Pacaembu


Hoje fui ao Pacaembu ver o 4-3-3 do Kleina.

Em amarelo, apoio defensivo / azul, movimentação / vermelho, apoio ofensivo

O esquema funcionou diante de um time regular atuando no 4-2-3-1 inicialmente. Valdívia atuou um pouco isolado no começo, sem muita movimentação. As jogadas se baseavam nas corridas de Vinicius e Maikon Leite e até que funcionaram razoavelmente bem. A grande sacada desse esquema é que provavelmente ele se adéqua melhor às características dos dois jogadores. Muitas vezes exigimos de Maikon que ele drible ou faça algo mais "cerebral", pensando no Maikon que não era um ponta "puro" do passado. O lance dele é receber a bola de costas pro lateral, onde já domina a bola tirando do marcador e dispara até a linha de fundo ou dando o pique longo nas costas do oponente para receber a bola de frente para o gol.

Já a questão das finalizações é outra história. Na minha opinião, finalizar ele sabe, até porque todas são no meio do gol. Poderia ser pior, ele poderia chutar pra fora, na arquibancada, por cima. Aí sim diriamos que ele não sabe finalizar. Minha crença é que se Maikon aprendesse a finalizar um pouquinho melhor (um ajuste fino), tirando mais do goleiro, ele seria certamente um dos melhores atacantes do país, sem exagero. Levante a quantidade de situações em que ele fica no mano a mano com o goleiro durante um jogo. É considerável.

O mesmo podemos dizer de Vinícius, que se não tem a mesma velocidade, possui um pouco mais de habilidade com a bola dominada. Muita gente reclamou nas arquibancadas que o garoto não levanta a cabeça, que não tem visão de jogo. Isso procede, claro, mas acho bom termos um pouco mais de paciência. Os palmeirenses em geral esculhambam o rendimento do garoto em campo, provavelmente pelo tempo que está atuando no time principal (subiu com 16 anos, logo está há uns bons 4 anos). Ele não é um garoto prodígio (o próprio Wesley despontou ainda garoto naquele Santos do Dorival Júnior aos 22 anos) mas ainda tem espaço para crescer, não é um jogador que possamos dizer que está pronto. Basta olharmos a evolução do próprio Souza, que voltou do seu "retiro" bastante melhorado. E o garoto tem gás - acompanhava o lateral e ainda aparecia na frente.

Enfim, os pontas estavam atuando bem, os laterais se alternando nas subidas. Ayrton fez ótima partida, pega muito bem na bola. Cobrou faltas, fez vários lançamentos, arriscou uns passes à la Paul Scholes (aquele passe longo, chapado, a bola parece deslizar devagar sobre o ar e quica muito pouco quando cai). É a nossa opção para praticamente todas as bolas paradas, exceto nos tiros de longa distância. Acho Souza melhor nesse quesito. Com o jogador no DM, acho bom ele cruzar esse tipo de bola.

A verdade é que, mesmo com essas funções sendo bem executadas, o time só começou a ser eficiente com a "entrada" no jogo de Wesley - bastante criticado pela torcida - e Valdívia. O volante, apesar de ter errado alguns passes que até quase nos comprometeram, é rápido, criativo, habilidoso, inteligente e arma bem jogadas. A criatividade é uma qualidade rara e muitas vezes resolve situações complicadas, torna nosso jogo imprevisível. Se errar menos passes, será fundamental. Quando teve seu melhor rendimento no jogo, entre metade do primeiro tempo e metade do segundo, ajudou bastante a equipe e ainda deu origem à jogada do terceiro gol. Já a qualidade de Valdívia é indiscutível. Apesar de sofrer diversas faltas - caindo em boa parte delas - a principal característica do jogador é a visão de jogo, dando fluidez na transição ofensiva. Passes que normalmente jogadores comuns possuem dificuldade em "enxergar" o chileno executa com uma rapidez e exatidão, eu diria, "gostosa de ver". Percebe rapidamente algum jogador acelerando ou em condições de receber a bola em uma área bastante ampla do campo. Isso não acontece durante os 90', mas quando ocorre e está inspirado, é ótimo. Participou do primeiro gol - deu uma resvalada na bola que Barcos meteu de barriga - e marcou o segundo.

Conclusões
O time - não o elenco - nesse esquema funcionou bem, mesmo para uma primeira partida. Os três atacantes "prendem" mais os laterais adversários em seu campo defensivo, permitindo uma atuação mais livre dos nossos alas. Ayrton foi bem, Juninho anda um pouco apagado. A cobertura dos alas foi bem executada pela dupla de volantes e zagueiros, não tomamos sufoco pelo alto (o que é raro), em suma, sofremos mais com nossos próprios erros - forçados de início pela marcação adiantada do time de São Bernardo - do que por mérito deles. Prass que o diga, espirrou uma bola bizonha.

Uma das deficiências do esquema, como o próprio Kleina já esperava e confirmou na coletiva após o jogo, é a bola que perdemos no ataque. São três jogadores na frente, nem sempre algum dos pontas tem condição de voltar ou acompanhar um lateral, o meia armador idem, a superioridade numérica do time adversário no contra-ataque é quase certa. O time de São Bernardo teve espaço de sobra nesse tipo de jogada e só esbarrou na própria ineficiência. Uma delas, emblemática, foi a do escanteio do Verdão em que os dois zagueiros demoraram para chegar na área. O árbitro mandou voltar a cobrança e os dois ainda não tinham chegado. Quando a cobrança foi feita, curtinha entre Maikon Leite e Ayrton, o time perdeu a posse e tomou contra-ataque. Henrique e Maurício Ramos demoraram a recuar e havia espaço de sobra pela lateral direita. Resumindo, a bola de Fernando Baiano só parou no travessão. Sem falar no camisa 8 (Kléber) que por várias vezes parecia aquela tiazinha procurando vaga no estacionamento do Shopping, rondando a entrada da grande área como queria.

Isso vai se repetir. Contra jogadores mais talentosos? Provavelmente não.

Outra característica do esquema é que ele "lateraliza" as jogadas, coisa que tira um pouco das costas do time a dependência de um armador central. O jogo fica menos "trabalhado", mas ganha em velocidade - a estratégia é mais simples. Com grande parte dos times hoje atuando no 4-2-3-1, com 5 meio-campistas, é boa alternativa. Muitas vezes vi Valdívia até fora da marcação do time adversário que por várias vezes formava um pentágono no meio campo, oco, mesmo quando tínhamos a posse. E isso não nos impediu de criar jogadas ofensivas.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Adeus Tirone!

Pronto. Só queria dizer isso.
Ufa!

***

Boa sorte ao novo presidente.
E que tudo seja diferente.
Foram 2 anos de sofrimento interminável.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Fatos relevantes!

Muitos (?) se devem perguntar porque a gente não escreve sobre a política no clube. Sou direto: leiam o título do blog.

Entretanto, há momentos em que fatos relevantes acontecem e precisamos nos manifestar. Duas ocorrências em especial aconteceram recentemente: a saída de Marcos Assunção e a demora na reapresentação do "Mago", como assim gosta de ser chamado.

Acho que ele tá apontando pro Tirone agora


1. Saída de Marcos Assunção: Perdemos um líder e exímio batedor de faltas. A única coisa que podemos dizer é obrigado. Obrigado por ter sido tão decisivo em tantas ocasiões, em ter livrado o rabo da diretoria em tantos momentos em que o coletivo não era suficiente e precisava brilhar a individualidade. Como dizia Casillas, "Necesito suerte ante Assunção" (aqui e aqui). Engraçado que no site da Fifa tem o adendo "um pouco". Estranho, não?

No curto prazo: perdemos um líder, um cara que motiva o time nos momentos de baixa e que é extremamente importante no vestiário. Mas o time não é apenas um cara e geralmente diversas lideranças coexistem. Henrique, Bruno e outros podem ser esses caras. Perdemos também um cara decisivo, que não amarela, desequilibra jogos equilibrados, clínico nas cobranças de bola parada e que pode nos fazer falta na hora de cobrar uma falta. Irônico, não?

No longo prazo, isso forçará inevitavelmente o desenvolvimento do jogo coletivo da equipe, o que pode ser benéfico sob diversos aspectos, até para a filosofia do time. Uma grande equipe sempre preza pelo trabalho coletivo acima das individualidades, mesmo que em certos momentos ela possa - e deva - aparecer. Messi, por exemplo, poderia pegar a bola e sair driblando meio mundo o tempo todo (coisa que ele até faz e melhor do que ninguém) mas geralmente não é o que acontece. Na temporada 2011-12, pegando uma formação comum do Barça, temos em média 780 (totais, não corretos) passes por partida (utilizando dados do WhoScored.com). Segundo números do Datafolha (clique aqui), o Verdão no Brasileiro de 2012 deu em média 280 passes por partida. Qualquer pessoa que gosta de futebol acharia exagerado comparar qualquer time com o Barça, portanto vamos pegar dois outros times que também tem por característica o jogo de passes: Borussia Dortmund e Manchester City fecharam a temporada passada, em suas principais formações, com aproximadamente 465 e 488 passes em média, por partida. Quem gosta de estatística pode  brincar a vontade.

Outro ponto é que Assunção também era criticado por ser lento, marcar pouco e deixar espaços importantes para os adversários, principalmente quando jogava pela esquerda. O que podemos dizer é que qualquer treinador que o selecionasse estava ciente disso - o que é mais do que óbvio, o homem tem apenas 36 anos! O que podemos ganhar nesse quesito é um pouco de velocidade e marcação no meio-campo. Uma coisa é clara: se o Kid era ou não era um exímio marcador, não podemos reclamar era da entrega dentro de campo, sempre dedicado.

Concluindo, só temos a agradecer, mas a vida continua sem Assunção. Precisamos seguir adiante, olhar adiante e isso não pode nos abalar. Seremos eternamente gratos ao grande profissional que passou pelo clube. Kid Eterno!

2. Reapresentação de Valdívia: é a velha história. Pode ser bom de bola, se desculpar em público, dizer que não quer sair, que gosta do time, mas o fato é que quase nunca está em campo e está sempre se metendo em confusão. Tirem suas próprias conclusões. De novo.