quarta-feira, 28 de março de 2012

Palmeiras 1 x 0 Paulista

Palmeiras 1 x 0 Paulista
28/03/2012
Jundiaí

O time veio no 4-3-1-2 habitual, cheio de desfalques. Se perdemos Henrique para a partida pelo terceiro amarelo, Leandro Amaro e Maikon foram cortados por virose. A zaga veio, portanto, com Román e Maurício Ramos. A surpresa ficou mesmo com Wesley começando como titular e João Vítor no banco.

Time com Wesley no lugar de JV, dando espaços pela direita

O time começou pressionando o Paulista no ataque logo nos primeiros minutos. Um pouco desorganizado e com pouco entrosamento, deixou o Paulista dominar as jogadas ofensivas de início. Aos poucos, porém, a marcação forte do time retomou o domínio. Vinícius fez bom começo de jogo e, atuando pela direita, fez boa jogada aos 8', driblando o marcador e batendo forte para defesa do goleiro Vagner.

Wesley teve permissão para avançar e, no começo, subia principalmente fazendo uma diagonal que ia da meia direita à ponta esquerda. Isso nos deixava com dois problemas: inibia a chegada do Juninho à linha de fundo e deixava um buraco na direita que foi bem explorado pelo Paulista na primeira parte do jogo. Foi por lá que saíram as principais chances do adversário no primeiro tempo. Aos 12', o lateral esquerdo Reinaldo subiu, recebeu livre, cortou Cicinho e bateu para defesa de Deola.

Valdívia, muito marcado por Madson, não conseguia criar. Essa incumbência ficou, pelo menos nos primeiros instantes, a cargo de Wesley, que trabalhou praticamente como meia. Apesar da boa participação, o jogador não é armador. E com o armador anulado, o time pouco criava, mesmo tendo posse. Acabava por depender de jogadas de bola parada. Aos 31', Valdívia cobrou falta na cabeça da área, tocando na barreira. Aos 36', Kid cobrou para cabeceio de Maurício Ramos para fora.

O jogo se arrastou com muitos passes errados e faltas até o segundo tempo, sem lances de efeito.

Segundo tempo
O time voltou à campo no 4-3-2-1, com Daniel Carvalho entrando no lugar de Vinícius e Wesley fixo como volante pela direita. Logo no começo, o time deu uma encorpada, criando muitas chances com os dois meias. Daniel é muito criativo e habilidoso, sua entrada aumentou a agressividade do time consideravelmente. Já aos 2', pela esquerda, driblou vários jogadores e sofreu falta de Madson, que levou o amarelo. Aos 5', driblou o marcador e chutou forte para defesa do goleiro do Paulista. Estava inspirado.

No 4-3-2-1, mais criatividade e lances de perigo

O time manteve melhor posse de bola no ataque e infernizou a defesa inimiga. Porém, não conseguia infiltrar na área do Paulista, todo recuado em seu campo de defesa. Aos 16', Wesley saiu para a entrada de João Vítor, talvez com Felipão poupando o jogador para os próximos jogos. No minuto seguinte, porém, Valdívia sentiu dores e acabou saindo para a entrada de Ricardo Bueno. Isso foi realmente preocupante e levanta suspeitas sobre uma lesão mais séria.

Com Ricardo Bueno, Barcos apareceu mais

De volta ao esquema anterior, o time ficou mais objetivo e começou a levar mais perigo. Com Ricardo Bueno em campo, a zaga adversária tem mais trabalho, deixando mais espaço para o Barcos atuar, que enfim apareceu com perigo. Aos 24', em boa jogada pela esquerda, o argentino colocou o marcador para dançar e chutou forte. Mas era noite de Vagner, e na base da cagada (isso mesmo), conseguiu desviar a bola com o braço.

O time seguiu dominando as ações no campo adversário. O bombardeio alviverde seguiu e o Paulista se contentava com a estratégia de jogar no nosso erro. Algumas vezes, quase deu certo, com Deola vacilando na saída de bola. Mas era muito pouco para um time que não podia perder.

Enquanto a jogada definitiva não acontecia, o time passou a apostar em jogadas de bola parada ou jogadas individuais. Aos 32', Daniel Carvalho cobrou falta pela direita, lançando a bola na grande área, mas Barcos não conseguiu cabecear. Apenas 5 minutos depois, foi a vez de Marcos Assunção, cobrança de falta do meio da rua, do jeito que ele gosta. Mas parou na barreira.

Depois de muito insistir, o time chegou ao objetivo. Assunção encontrou João Vítor quase na cabeça da área. Ele passou por dois marcadores e chutou, com categoria, colocado, no canto esquerdo de Vagner. A bola ainda bateu na trave antes de entrar. Golaço. Verdão, 1x0.

Atrás no marcador, o Paulista avançou a marcação e saiu para o ataque. Mesmo o time passando por apuros, era tarde. Na última chance de perigo, Deola espalmou por cima do gol. Vitória verde em Jundiaí.

Considerações
Wesley fez boa partida, mostrou que possui muita técnica, prende bem a bola e sabe sair para o ataque. Porém, pelo menos no primeiro tempo, seu posicionamento em campo foi algo totalmente diferente do que estamos acostumados a ver. Carregando a bola da ala direita até a ponta esquerda, impediu maiores avanços de Juninho além de deixar um rombo para cobertura de Cicinho cobrir no mano a mano, já que Márcio Araújo não acompanhava o lateral esquerdo Reinaldo.

No segundo tempo, Felipão corrigiu o posicionamento do time, colocou dois meias em campo e sobrecarregou os volantes adversários, principalmente Madson, que marcava individualmente Valdívia. Isso deu espaço para atuarem. Porém, a retranca do Paulista seguia forte, com todo o time recuado no campo de defesa, apostando no erro do Verdão. Com a saída de Valdívia e a entrada de Ricardo Bueno, que atuava um pouco mais distante da grande área, trazendo com ele o marcador, espaços se abriram. Só a partir desse momento que Barcos apareceu mais pro jogo, quase marcando aos 24'.

Mesmo o time melhor em jogo e com total domínio depois das alterações, não conseguimos furar o "ferrolho" armado pelo Paulista. Quando as jogadas trabalhadas não saem, só nos restam as bolas paradas e os lances onde a individualidade do jogador aparece, que foi o caso de hoje com João Vítor.

Para a partida de hoje, fiquei ainda com boa impressão dos zagueiros, que apesar de não serem de extrema confiança, não comprometeram. Tá bom, só um pouquinho, na bola aérea. Mas chega de cornetagem, saímos com a vitória e é isso o que importa.

Força, Verdão!

terça-feira, 27 de março de 2012

Wesley no Verdão. E agora?

Com a chegada de Wesley, paira na cabeça de todos os torcedores palmeirenses a dúvida sobre o lugar onde Felipão irá escalá-lo. Esse post é apenas uma reflexão de como isso poderia ser feito. É muito provável que Felipão faça o que a maioria já suspeita: sacar João Vítor para a entrada do jogador.

Entretanto, com João Vítor (JV) se encontrando na posição de segundo volante pela direita, mostrando bom futebol e se apresentando regularmente, sem oscilar, Felipão tem uma árdua tarefa na escalação do time. Como futebol é momento, talvez essa situação com o jogador pudesse ser "contornada". Logicamente, se o jogador não sai e o Wesley entra, alguém teria que ser sacado. Pelo critério técnico, escolhi Márcio Araújo.

Esbocei três formações possíveis, sem tirar JV do time, apenas remanejando-o de lado, mudando para a esquerda. São, basicamente, as formações titulares utilizadas por Felipão no momento.

1) 4-3-1-2 (ou 4-4-2 losango, como preferirem)
Deola; Cicinho, Leandro Amaro, Henrique e Juninho; Wesley, Kid e João Vítor; Daniel Carvalho; Maikon Leite e Barcos.

Time no 4-3-1-2, nossa formação "padrão"

Já conhecemos as virtudes dessa formação. Posse de bola no meio, apoio forte dos laterais, Maikon "flutuando" em volta de Barcos, Daniel comandando as jogadas de ataque. 

A vantagem ofensiva de termos apenas um armador nesse esquema é que ganhamos em objetividade. Defensivamente, duas virtudes: o risco de perdermos a posse no ataque é menor (meias são jogadores que atuam no campo de defesa adversário, onde a marcação é mais acirrada e tendem a perder mais a bola) e além disso ganhamos um jogador de marcação. Aliás, meias dificilmente marcam. Quando tentam algo nesse sentido, acabam fazendo mal e muitas vezes cometem faltas por não ser sua especialidade.

Embora Márcio Araújo seja um pouco melhor no aspecto defensivo que JV, no apoio é bastante inferior ao volante. Mesmo que o time fique mais exposto pela esquerda, balanceamos no ataque. Com Wesley na direita, teremos um apoio ainda mais forte pela direita. Resumindo, os dois lados do time atacariam continuamente.

2) 4-3-2-1
Deola; Cicinho, Leandro Amaro, Henrique e Juninho; Wesley, Kid e João Vítor; Daniel Carvalho e Valdívia; Barcos.

4-3-2-1, nossa formação ofensiva

É a nossa formação ofensiva atual. Combina o melhor do 4-3-1-2, com a posse no meio e a subida de laterais, mais os dois meias infernizando a zaga adversária e municiando o pirata. Felipão usou essa formação contra a Ponte Preta, e apesar do placar não ter sido "elástico" (acabou em 2 a 1 para o Verdão), o time mostrou um futebol vistoso que encheu os olhos do torcedor com as jogadas em profundidade e tabelas dos dois magos, levando muito perigo à defesa da macaca (veja análise do blog ).

É uma formação a ser utilizada com cautela, em determinados momentos, por exemplo, quando estamos precisando de resultado, quando estamos atrás no placar, etc. Essa formação expõe consideravelmente o time aos contra-ataques e, além disso, se os titulares nessa formação são jogadores de alto nível, o mesmo não se pode dizer dos reservas. Carmona é o melhorzinho. Se um deles machucar, f*deu.

3) 4-2-1-3 (4-3-3), nossa formação antiga
Deola; Cicinho, Leandro Amaro, Henrique e Juninho; Wesley e Kid; Daniel Carvalho; Maikon Leite, Barcos e Luan.
4-2-1-3 (4-3-3), nossa formação antiga

Por essa, aposto que você não esperava. Com tantos reforços dando certo, é compreensível. Em pouco tempo, um certo atacante que atuava pela esquerda voltará do período de recuperação. Foi um jogador que custou caro ao time, ou seja, provavelmente voltará a ser utilizado pelo Bigode, caso sua recuperação seja bem sucedida. Foi pedido do técnico.

A formação com o time no 4-2-1-3, quando perde a bola e força o recuo de Luan pela esquerda para recompor o meio, é praticamente idêntica à formação atual no 4-3-1-2. Luan faria o papel de Márcio Araújo pela esquerda e Wesley o de João Vítor pela direita.

É uma formação forte, por dois motivos. É bem sabido que se Luan não finaliza bem, o mesmo não se pode dizer do seu papel defensivo. Ou seja, a recomposição do meio acontecerá tranquilamente, fato. O outro motivo é que se Luan apoia o ataque, ficaríamos em tese mais fortes que as formações atuais com 2 atacantes, tendo 3 na frente. Vantagem numérica clara.

É uma formação a ser testada e apesar da rejeição ao jogador ser grande, acho muito possível que Felipão escale o time dessa forma.

domingo, 25 de março de 2012

Palmeiras 1 x 2 Apagão

Palmeiras 1 x 2 Corinthians
25/03/2012
São Paulo

O time armado por Felipão foi o mesmo que vem rendendo bem nas últimas partidas. 4-3-1-2, com Valdívia armando e Maikon Leite e Barcos na referência. Tite veio no 4-3-3, Danilo como único armador, Liedson na referência, Jorge Henrique e Emerson pelas pontas.

Onze iniciais no 4-3-1-2

Curintia no 4-2-1-3 (4-3-3)

Como era de se esperar, o time do Corinthians ia forçar pelo lado de Juninho, que normalmente atua muito avançado. Logo de início, Edenílson avançou bem ao ataque, trabalhando com os recuos de Liedson e com as tabelas de Emerson. Por algum momento eles conseguiram manter a posse no ataque, mas com três atacantes, a exposição no meio-campo é inevitável.

Quando a bola do Palmeiras conseguiu chegar à linha de volantes, era muito bem trabalhada e dificilmente recuava. Tocando inteligentemente a bola, o time pressionava bem e chegava com qualidade. Barcos, aos 9', recebendo lançamento de João Vítor livre na grande área, cabeceou para fora. Apesar de alguns avanços do adversário, o time de Tite seguia previsível e sem muita criatividade. Sem que as jogadas de Danilo conseguissem passar pela marcação forte no meio, o time apelava para os lados do campo. Ou o time arriscava a correria pela nossa ala esquerda, ou fazia o chuveirinho com cobranças de Chicão. É claro que a estratégia do chuveirinho só seria viável cavando muitas faltas na intermediária. E foram muitas.

Porém, era dia de Valdívia. Jogando muito e conduzindo bem o jogo pelo meio, mesmo com uma marcação acirrada, conseguiu traduzir a boa forma aos 17', quando se livrou de vários marcadores e deixou Assunção livre para disparar um chutaço do meio da rua, que desviou em Castán antes de entrar no gol do mão de alface Júlio Cesar. Verdão, 1x0!

O jogo esquentou depois do gol do Verdão e o time adversário logo abriu a caixa de ferramentas. Em uma jogada maldosa aos 25', já paralisada por impedimento, Liédson não dominou bem o lançamento e deixou o pé no peito de Deola. Cartão amarelo para o jogador. 

Aos poucos, a qualidade sobressaía. Aos 32', Barcos, pela direita, enfiou a bola para Valdívia que, endiabrado, driblou Júlio César. Desequilibrado, chutou na rede pelo lado de fora. Mantendo a coerência, outra falta maldosa para cada jogada perigosa do Verdão. Chicão foi com a sola na canela de Barcos aos 35'. Amarelo para ele.

Depois de muita catimba do Verdão e faltas para os dois lados, além de inversões táticas de Tite que em nada funcionaram, como inverter Emerson e Jorge Henrique, e de Felipão, com João Vítor invertendo de lado com Márcio Araújo, o jogo se arrastou aos 48' sem muitas jogadas de efeito.

Segundo tempo
Os gambás marcaram logo de início, em lançamento de Jorge Henrique para dentro da área aos 3'. A bola tocou no braço de Márcio Araújo e sobrou para Paulinho completar. Aos 6', mesma jogada, nova falha de Márcio Araújo, que desta vez marcou contra. Verdão, 1x2.

Em um clássico disputado como esse, tomar a virada em apenas 6 minutos abala o emocional do time. Aproveitando-se disso, o Corinthians avançou a marcação e deu sufoco. Felipão, em uma decisão difícil, decidiu colocar Ricardo Bueno em campo para pressionar o ataque. Entre os dois jogadores que não estavam bem na partida, Maikon e Márcio Araújo, decidiu sacar o atacante. Maikon deixou o campo sem cumprimentar Felipão, indo direto aos vestiários.

O time seguiu pressionado pelo Corinthians, que atuava em cima do nervosismo do time. Sem o mesmo domínio que caracterizou o primeiro tempo, levamos várias oportunidades de gol. Aos 15', Emerson em boa jogada pela esquerda, passou facilmente por Leandro Amaro e tocou para dentro da área. Liédson chutou mas Juninho salvou o time do terceiro gol, em cima da linha. Aos 19', Edenilson fintou Kid em boa subida ao ataque e chutou forte. Deola, em outra defesa espetacular, salvou o time. Aos 23' quase empatamos em boa subida de Cicinho, que bateu cruzado, a bola desviou na defesa corinthiana e Valdívia ficou com a sobra, finalizando por cima do gol.

Aos 24', Felipão tirou Cicinho, com dores, para colocar Carmona no jogo. Com isso, recuou João Vítor para a lateral direita enquanto o meio ganhava em criatividade. Sem um jogador de velocidade e o jogo afunilado, o ritmo caiu e o Verdão cresceu na partida. Os corinthianos preocupavam-se mais em catimbar e administrar o resultado, cavando faltas e isolando passes errados do time. Até o gandula ajudava.


Mesmo com João Vítor na lateral, o Corinthians continuava conseguindo trabalhar nas costas do lateral improvisado. Com isso, Felipão fez a última alteração que restava aos 36', trocando João Vítor por Artur. Apesar da entrada de Carmona ter sido produtiva, gerando algumas oportunidades de gol, a de Ricardo Bueno não. Sem trazer grande perigo, atuou longe da meta, congestionou o ataque, segurou muito a bola em alguns momentos, errou passes e ainda levou amarelo. 

Com o adversário recuado, o time não conseguiu aproveitar as poucas chances que sobraram no ataque. Restou ao Verdão apostar nas bolas paradas de Marcos Assunção, mas a estratégia não vingou. Final de jogo no Pacaembu, com o Corinthians vencendo o clássico.

Considerações
Se você comparar o time do primeiro tempo contra o time do segundo tempo, verá dois Palmeiras, idênticos em formação e tática (até porque, para o segundo tempo, não houveram alterações), porém completamente diferentes. No primeiro tempo, um time com passe cadenciado, inteligente e com domínio da posse de bola. Uma atuação de gala de Valdívia (o que não mudou durante os 90'). Depois dos gols, o time perdeu o emocional e o jogo. Como um time que joga melhor por 45 minutos pode passar a jogar pior de uma hora para a outra?

No 4-3-3 com Emerson e Jorge Henrique, a proposta de Tite era clara. Abrir pelas laterais, explorando principalmente as costas de Juninho, inicialmente, e depois as de Cicinho, dois laterais que sobem muito ao ataque. Em geral, a estratégia funciona bem no contra ataque, porque é o momento em que a defesa adversária está vendida e há vantagem numérica. Com três na frente, é claro que o time vai dar sufoco quando estiver com a posse no ataque. Com a virada logo no começo do segundo tempo, uma combinação nefasta aconteceu: o apagão do Palmeiras somado ao empolgamento do Corinthians, vulgo "marcação adiantada". Com a marcação na frente, explorando o emocional abatido do nosso time, forçando o erro, o time adversário conseguiu segurar a bola no ataque, pressionando pelo terceiro gol.

Agora, se me questionarem se isso foi decisivo para o jogo, certamente responderei que não. Em geral, nosso time foi superior no meio-campo, a peça chave para qualquer jogo. Foram as subidas de Edenilson, as jogadas de Danilo (teve alguma?), algum dos três atacantes, o fator que decidiu o jogo? Não. Foram falhas individuais, nossas, que decidiram a partida. Se não tivéssemos tomado os gols, todo o resto constante, seríamos superiores no segundo tempo. Então a vitória não foi mérito de Tite.

Márcio Araújo falhou nos dois lances de gol. Isso é claro. Mas o time inteiro "apagou" depois dos gols. As falhas individuais deram espaço à falha emocional coletiva, muito mais grave. Com a bola no campo de defesa e a marcação avançada do Corinthians depois dos gols, devíamos chutar a bola para o campo de defesa deles e não tentar sair jogando. Quando acordamos, já era tarde.

As alterações de Felipão pouco alteraram o panorama do jogo. Com o cansaço - o time alvinegro funciona na base da correria - veio o domínio. Porém, tirar Maikon (ou qualquer outro jogador) para a entrada de Ricardo Bueno é sempre um erro, ainda mais quando Maikon, mesmo que errando muito, estivesse com disposição para jogar, o que foi evidenciado pela clara insatisfação ao ser substituído. Isso reduziu nossa velocidade na frente. A saída de Cicinho foi natural, estava lesionado. A entrada de Carmona foi sim um acerto, já que o Corinthians parou de pressionar e ficou recuado, o que configura um motivo a mais para atuar com um volante a menos.

Uma nota negativa fica para o ataque do time, que amarelou no clássico. Barcos levou pouco perigo à meta adversária, mesmo dando toques perigosos, como a enfiada para Valdívia, foi nulo no quesito finalização. Isso evidencia o que todos já sabiam. Nosso time não tem reservas à altura. Precisamos de mais um atacante. E dos bons.

De resto, segue a vida. Fomos superiores, mas perdemos no emocional. No mata-mata, não podemos vacilar desse jeito. Ainda há tempo para recuperarmos.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Copa do Brasil: Palmeiras 3 x 0 Coruripe

Palmeiras 3 x 0 Coruripe
21/03/2012
Jundiaí

Onze iniciais no 4-3-1-2
Primeiro tempo
Logo nos minutos iniciais o time dominou a posse de bola com o trio de volantes funcionando bem. Aos 3', em boa jogada com Juninho pela esquerda, a bola sobrou com Maikon dentro da grande área, mas o atacante foi bloqueado no chute. O time continuou pressionando e a bola não saiu do campo de defesa do Coruripe. Cruzamento após cruzamento, com Marcos Assunção, o time tentava marcar logo no começo para matar a partida, com muito perigo. Porém, com o Coruripe muito fechado, o time esbarrava no nervosismo. Marcava muitas faltas e o jogo esfriava, como queria o time alagoano. Até os 15', 0 a 0.

O time seguiu pressionando o Coruripe, mas sem a qualidade de um Valdívia ou um Daniel Carvalho, as jogadas realmente perigosas pelo meio eram escassas. Patrik não tem a mesma eficiência que os talentosos meias, e as jogadas por aquele setor sumiram. Sem alternativas por alí, o jeito era tentar os flancos, por onde Maikon e Barcos se esguelavam para tentar alguma tabela ou finalizar. A estratégia alagoano, entretanto, seguia firme e forte no contra-ataque, e com sucesso. Aos 33', falta na intermediária para o Coruripe. Na cobrança, Cleiton cobrou forte, e Deola, ligado na partida mesmo com poucas emoções, desviou. A bola ainda resvalou na trave antes de sair para escanteio. 

Depois do lance, o time seguiu pressionando e cedendo poucos espaços ao visitante, mas quando o cansaço batia acabava levando pressão por contra-ataques e lances de bola parada. Aos 45', no finalzinho, em boa jogada pela esquerda na base da velocidade, Maikon Leite se livrou do marcador e deixou a bola para Patrik finalizar. Entretanto, o jogador não pegou bem na bola e isolou. Patrik continuou omisso em todo o primeiro tempo, sumindo por muitos momentos. Quando apareceu, a jogada terminou nele.

Segundo tempo
Felipão aproveitou a virada de tempo para fazer alterações. Tirou Maikon Leite para a entrada de Ricardo Bueno e colocou Pedro Carmona na vaga de Patrik. A mudança de armador faz sentido, mas a saída de Maikon foi injusta. O atacante saía bem da área e todas as jogadas de ataque nasciam de suas jogadas. De qualquer forma, as substituições deram nova cara ao ataque do time com maior posse na frente e Carmona, mais objetivo e eficiente que Patrik, trabalhando com Ricardo Bueno, levou mais perigo ao gol de Juninho.

Time continua no 4-3-1-2 com as alterações. Finalizações caem em qualidade

Aos 9', falta na entrada da área para o Verdão. Dalí, para o Assunção é pênalti. E o ex-Betis guardou com uma facilidade inacreditável. Verdão, 1x0! Não demorou muito para que Assunção aparecesse novamente. Aos 12', em boa jogada pela direita, Ricardo Bueno encontrou Assunção pela direita. O pé direito privilegiado do jogador foi decisivo novamente, que praticamente colocou a bola na cabeça de Barcos. Sem pular, o argentino colocou a bola no contrapé do goleiro. Verdão, 2x0!

O jogo continuou com o Palmeiras levando muito perigo ao gol de Juninho, com muitos lançamentos no campo de defesa do Coruripe, que se lançava ao ataque deixando a defesa desprotegida. Aos 17', com o placar a favor do Verdão, Marcos Assunção deixou Pedro Carmona cobrar falta pela direita. O gaúcho quase colocou a bola no ângulo, mas o goleiro Juninho conseguiu defender. Apesar de algumas boas chances, quando a bola chegou ao campo de defesa do Palmeiras, o Coruripe, com a marcação avançada, buscando reverter o placar após o segundo gol, conseguiu manter a bola no campo de defesa do Verdão por tempo considerável entre os 20' e 30', mesmo sem levar perigo ao gol de Deola.

Uma hora, entretanto, o time tinha que chegar na frente. Mesmo com Carmona explorando bem os lados do campo, apesar da qualidade no meio, faltava o passe final. O time arriscava chutes de dentro e fora da área, sem levar muito perigo à meta adversária. Felipão tirou Barcos aos 34' e colocou Vinícius para dar mais velocidade ao ataque, poupando o argentino para o clássico de domingo.

Com a entrada de Vinícius, Bueno se deslocou para a esquerda

O time seguiu mantendo a posse na frente, com jogadas trabalhadas principalmente pela esquerda, com Carmona, Juninho e Bueno infernizando a defesa do time alagoano. Na insistência, aos 39', em bela jogada do trio, a bola sobrou com Juninho, livre. Seguindo as instruções de Felipão, que o orientou para chutar no gol caso chegasse à linha de fundo, arriscou e conseguiu com o desvio da defesa adversária marcar o dele. Verdão, 3x0!

A partir daí o time administrou a vitória, arriscando poucos lances de perigo na frente, a maior parte desperdiçada. Bueno, no finalzinho, livre, selou todas as chances do time ampliar o placar, chutando para fora cara a cara com goleiro. Fim de partida.

Considerações
O time jogou bem como um todo no primeiro tempo, exceto Patrik, muito apagado. Quando o meia apareceu, a jogada acabava nele. Isso forçou a mudança para o segundo tempo. Já a saída de Maikon preocupa, porque o jogador estava muito bem na partida e todas as jogadas de perigo do primeiro tempo saíram de seus pés. A entrada de Carmona e Bueno deu qualidade no passe na frente, mesmo com poucas finalizações. No entanto, foi talento decisivo de Marcos Assunção - que abriu o placar e ainda deu uma assistência - que forçou o Coruripe a sair para o ataque. Marcando no campo de defesa palmeirense, quando a bola passou do nosso trio de volantes, conseguiu segurar a posse na frente. Mas quando ela voltou para o campo de defesa deles, sofreram diversos ataques. E em um deles, Juninho selou o resultado.

Outro ponto a se destacar é, além da bela partida de João Vítor e Márcio Araújo, a volta de Marcos Assunção ao que sabe fazer de melhor. Com tranquilidade, coloca a bola onde quiser. Felipão parece ter dado a ele liberdade para armação pela direita quando a posse no ataque era recuperada. E vejam como são as coisas: em uma cobrança de falta, ele forçou o Coruripe a atacar, expondo a defesa adversária. Mesmo com nossos atacantes substitutos não rendendo o que deles se esperava, nossos laterais aprontaram com os alagoanos. Juninho, em uma de suas incansáveis subidas, marcou. Cicinho, quando tentou, quase entrou com bola e tudo.

Agora é esperar domingo, aproveitar essa boa vitória para motivar o time e trabalhar nas finalizações.

Ei, gambá... TUA HORA VAI CHEGAR!!!

terça-feira, 20 de março de 2012

10 ANOS DE UMA PINTURA

Torneio Rio-São Paulo, 20 de março de 2002
Palmeiras 4 x 2 SPFC


Há exatos 20 anos, Alex marcava um gol de placa em cima de Rogério Ceni em partida válida pelo Torneio Rio-São Paulo, para deleite de quase 50 mil torcedores presentes no estádio do Morumbi, fossem eles palmeirenses ou bamb... são paulinos.

Não vou ficar babando ovo em cima do gol. É uma obra de arte, permite inúmeras interpretações. E todas elas chegam à mesma conclusão: merece uma placa.

Apenas contemplem:

segunda-feira, 19 de março de 2012

Neymar e o futebol europeu


Recentemente, o presidente do Santos, LAOR, resolveu se posicionar diante da declaração do ex-jogador e agora empresário Ronaldo de que Neymar precisaria jogar no exterior caso quisesse disputar o título de melhor jogador do mundo. No caso, LAOR disse que Ronaldo só declara isso porque existe a possibilidade de receber comissão caso o jogador se transfira para fora.

Mesmo que Ronaldo leve alguma comissão na transação, LAOR é tão parcial quanto o ex-jogador. Defende a sua parte, e esse é seu papel como presidente do clube. Está corretíssimo em sua atitude.

Analisando a questão excluindo quem ganha e quem perde, olhando apenas o aspecto técnico do problema, fica claro que a declaração de Ronaldo é correta. Se nos perguntarmos onde estão os melhores defensores da atualidade, os melhores goleiros, zagueiros e volantes, certamente não os encontraremos aqui. Por quê?

É uma questão de mercado. Não estou dizendo que os campeonatos europeus são mais disputados que os daqui, mas que definitivamente possuem uma safra melhor de jogadores em suas ligas principais.

Se você quer comprar um carro e tem pouco dinheiro no bolso, não poderá comprar algo muito sofisticado. Se tiver muito dinheiro, poderá comprar algo melhor. Não é diferente no futebol. Para ilustrar a diferença entre os dois mercados, vou citar o caso conhecido de um jogador famoso que atua no Brasil e um não tão famoso que atua em um time da Europa.

O torcedor brasileiro já achava um absurdo o que o atacante Adriano ganhava por mês no SCCP, segundo especulações da mídia. O que intriga é que a maior parte deles jamais ouviu falar o nome de Luka Modric, meia do Tottenham. O salário oferecido ao jogador recentemente pela diretoria do clube londrino para segurá-lo, segundo jornais ingleses, foi de módicos R$ 277 mil... semanais. Dá mais que o dobro do que se especulava pelo ex-atacante de Roma e Inter de Milão mensalmente.

Se Adriano estivesse melhor que Modric (já foi muito melhor), receberia mais. Ou seja, muito provavelmente estaria atuando em alguma liga européia (ou árabe, para onde vão jogadores apagados nos grandes centros do futebol, mas com um passado de alto rendimento), já que seria improvável que algum time daqui pagasse algo a mais do que a soma astronômica pedida pelo jogador. Mas as leis de oferta e demanda ditam o preço justo do jogador. E hoje ele é menor que o do croata. Adriano, aliás, recebia o maior salário do time do SCCP, atual campeão nacional.

E quando ouvem dizer que o nível do futebol praticado lá é melhor, se revoltam, acham um absurdo.

De onde vem toda essa grana é tema para uma discussão muito mais profunda e abrangente à respeito da receita dos clubes e da forma como é feita a gestão do futebol no país. Se você assistir à um jogo qualquer de uma divisão qualquer do campeonato inglês, alemão, espanhol ou até mesmo português, verá que a casa está sempre cheia, os estádios são de primeira linha, todos sentam-se em cadeiras e há muitos seguranças. Tudo isso não sai de graça, os ingressos são mais caros que os daqui. Porém, se o espetáculo não for bom, a casa não enche e não adianta ter estádio bom. Basta olharmos para o Engenhão, certamente uma vitrine do que virarão os estádios que a Copa no Brasil deixará como legado.

Para finalizar, uma informação relevante: o campeonato alemão teve média de público de 42 mil pessoas na temporada 2010/2011. A última edição do Brasileirão teve média de 14.6 mil pessoas por partida, sendo que uma destas, a de Atlético Mineiro 1 x 3 Coritiba, foi vista por incríveis 732 pagantes.

Portanto, mesmo que Neymar resolva ficar, ficará por outro motivo que não o aspecto técnico da questão. Talvez a qualidade de vida melhor, claro, se a diretoria do Santos resolver - e com muito sacrifício - bancar. Se ele possui essa meta - na minha opinião, atingível - de ser eleito o melhor jogador do mundo, deverá passar por esse batismo de fogo europeu.

Manterá ele o mesmo desempenho que possui no Santos nos campeonatos da Europa? Com juízes que não apitam qualquer falta, com uma marcação mais forte e muito mais técnica que a praticada aqui? Contra jogadores taticamente mais disciplinados e mais experientes? Não posso dizer, ele não atua lá. Se lá estão os melhores defensores e ele não provar seus números diante deles, não posso afirmar que é o melhor do mundo. O melhor do Brasil, posso afirmar que sim.

Infelizmente, isso não depende da vontade que todos nós temos de ver o futebol nacional ser valorizado com a permanência dos craques, algo que LAOR está fazendo bravamente, assim como a diretoria de outros clubes. 

É conjuntural.

sábado, 17 de março de 2012

Pressão na Macaca!

Palmeiras 2 x 1 Ponte Preta
17/03/2012
Pacaembu

Felipão armou um time ofensivo diante da Ponte Preta, que não é um excelente time mas estava razoavelmente bem na tabela e vinha de 3 vitórias seguidas. Armado no 4-3-2-1, Felipão fez uma mescla do que vinha dando resultado do meio campo para trás no 4-3-1-2 e botou os dois meias para infernizar a defesa da Ponta e municiar Barcos. No começo do jogo, assim como em outras partidas, deu certo a estratégia de garantir o resultado no começo.

Time no 4-3-2-1

Logo aos 2' do primeiro tempo, Juninho abriu o placar após linda tabela de Daniel Carvalho e Valdívia, deixando o lateral livre para tocar com categoria por cima do goleiro Lauro. Era um sinal de que o jogo ia ser bom. Verdão, 1x0.

Aos 11', falta na intermediária, de muito longe. Assunção, que nas últimas rodadas apresentava uma queda do rendimento nesse tipo de jogada, nos presenteou com uma pintura, colocando a bola no ângulo do gol da Ponte. É aquele tipo de gol que não cabe discutir se foi cruzamento ou chute. Foi perfeito e fim de papo. Verdão, 2x0.

Depois do segundo gol, o time continuou a fornecer aos visitantes uma pressão infernal. Daniel e Valdívia, a subida dos laterais e, principalmente, Barcos, deram muito trabalho à defesa do time adversário, sem deixá-los sequer respirar. Todas as tentativas de ataque da Ponte esbarravam na marcação implacável do Palmeiras. Sobrou - e como sobrou - chuveirinho para dentro da grande área, além de alguns chutes perigosos à longa distância, como o de Renato Cajá aos 17'.

O time esfriou e começou a sentir dificuldade na criação de jogadas com a marcação mais forte da Ponte. Muitas tentativas de fora da área - como aquela em que João Vítor deu uma caneta e fuzilou pelo lado de fora - começaram a surgir do lado alviverde. A macaca sentiu que precisava tomar alguma atitude. Pressionando pelo lado esquerdo do nosso time , conseguiu um escanteio aos 37'. No lance, Leandro Amaro não conseguiu segurar Ferron, que se projetou à frente dele e macou. Verdão, 2x1.

Segundo tempo
Se Felipão tinha receio de colocar dois meias em campo e acabou nos surpreendendo, nos surpreendeu mais ainda deixando os dois jogadores no segundo tempo, sem substituição. O time que forneceu grande pressão ao time da Ponte no primeiro tempo voltou intacto para fechar a conta. Era preciso pressionar até que o cansaço abatesse um dos meias, forçando o técnico a substituí-lo e fazer alguma alteração tática. Foi o que fizemos.

Ao que tudo indica, a orientação de Felipão deve ter sido clara para que os dois meias servissem Barcos com assistências, incessantemente. O argentino, além de recuar diversas vezes para ajudar na defesa, foi bem servido no ataque, mas não conseguiu deixar o dele. Sem infiltrar na grande área, deu diversos chutes, sempre fintando um ou dois jogadores antes de finalizar. Se o argentino, que fez excelente partida mesmo sem o gol, estivesse melhor posicionado, ou seja, dentro da grande área, ou da pequena, com certeza teríamos marcado o terceiro. Basta comparar os chutes de longa distância com as duas chances contundentes de dentro da grande área. 

Nos primeiro lance, aos 18', depois de receber um belo lançamento de Daniel Carvalho na esquerda, limpou o único marcador e chutou com força. Lauro fez defesa dificílima, mérito dele. No segundo lance, já aos 34', Valdívia encontrou Márcio Araújo livre pela direita. O volante fez um cruzamento na medida para Barcos, que não aproveitou. O jogador já disse que cabeceio não é o forte, mas se ele conseguisse melhorar no fundamento com Felipão, seria um centroavante completo.

A Ponte reagiu e Gilson Kleina colocou o "ursinho" Pimpão (que meigo!) pra jogar, no lugar de Enrico. O atacante deu maior mobilidade ao ataque da macaca, aparecendo ora na direita, ora na esquerda. Apesar disso, a única (e perigosíssima) jogada de ataque surgiu em uma das poucas falhas de Adalberto Román, que tentou cortar sem sucesso um lançamento para o atacante. Na sequência, ele bateu em cima de Deola, a bola deu rebote e mesmo com o gol livre e a desorganização da defesa do Verdão, a Ponte não conseguiu empatar. Deola ficou com aquela cara de "me borrei todo" depois da jogada, foi engraçado.

Com a sorte do nosso lado e com Daniel Carvalho cansado, Felipão só administrou o resultado. Tirou Daniel para a entrada de Tinga, reforçando a esquerda onde Pimpão (que coisa mais meiga!) atuava, botando o time no 4-4-1-1. 



Cessaram os ataques, o time administrou o resultado e apesar de alguns sufocos, venceu e dormiu na liderança mais uma vez. Chupa, gambazada!

Considerações
Gostei da formação com dois meias. O único problema dela é que quando um deles é substituído, dá-lhe volante. E quando há volantes demais, o ataque cessa, mesmo com Barcos, Valdívia. Podia até ter um Messi lá na frente, se a bola não chegar, não vai sair gol. Por isso é preciso pelo menos um Xavi e um Iniesta por perto (como no golaço que ele marcou hoje contra o Sevilla).

O time nessa formação dá muita pressão no adversário. Primeiro, porque não são dois meias comunzinhos, é o Daniel Carvalho comendo a bola de um lado e o Valdívia do outro. O segundo é que a marcação no meio campo, com três volantes de qualidade, garante a posse do meio pra frente. Se os laterais estiverem inspirados (como Juninho normalmente está), o time vira uma máquina de atacar. O problema dela é esse prazo de validade curto. Faltam peças de reposição para jogar com essa formação e, por enquanto, Carmona não é essa peça, pelo que dá a entender as substituições feitas pelo Bigode.

Torço para que joguemos com dois meias mais vezes, mas quando Maikon voltar, é preciso pensar no momento certo de utilizá-la. O time conta, esse ano, com muitas variações táticas (4-2-3-1, 4-3-1-2, 4-3-2-1, 4-2-2-2, 4-4-1-1...) e usá-las com sabedoria será de excelente proveito. Até mesmo porque haverá momentos em que condições excepcionais como esta (os dois magos com preparo e inspiração) não ocorrerão novamente.

Quanto ao Barcos, partida excepcional, mesmo mal posicionado em alguns momentos. O jogador rende mais dentro da grande área, e não o contrário. Talvez seja o excesso de vontade na hora de marcar o dele. Disposto, deu motivos para os ponte-pretanos nao dormirem nessa noite.

quinta-feira, 15 de março de 2012

quarta-feira, 14 de março de 2012

Palmeiras 1 x 0 Coruripe

Palmeiras 1 x 0 Coruripe
14/03/2012
Copa do Brasil, 1ª fase

O Verdão veio no 4-2-3-1, já que não contaríamos com João Vítor e Valdívia. Daniel Carvalho começou na armação, com Patrik pela esquerda, Maikon pela direita e Barcos na referência.

Onze iniciais no 4-2-3-1


Primeiro tempo
O time começou pressionando, dominando a posse de bola logo nos primeiros minutos. Aos 2 minutos, uma pintura de jogada. Henrique subiu ao ataque, deixou a bola para Daniel Carvalho que deu uma belíssima assistência para Barcos, pelo meio, livre, que dominou e tocou por baixo do goleiro do Coruripe. Verdão, 1x0.

Após o gol, o time da casa pressionou a saída de bola. O time começou a ter dificuldades na criação de jogadas e só conseguíamos empurrar a posse de bola para o campo de defesa adversário. Com isso, sobraram as bolas paradas de Assunção para o Palmeiras levar perigo à meta do Coruripe. Escanteios no primeiro pau e cobranças de falta viraram rotina.

O time tirou o pé do acelerador deixando o Coruripe levar certa pressão à defesa, mas ainda assim dominava a posse. Sentindo o calor, os jogadores trabalharam excessivamente jogadas pelo meio, errando muitos passes. Sem explorar as laterais, iam em ritmo de treino. Com o meio campo inoperante, até Henrique tentava subidas ao ataque.

Fraco tecnicamente, o Coruripe partia para cima desordenadamente. Sem conseguir passar pelo meio, onde encontrava forte marcação, arriscava suas chances em chutes de fora da área, sem risco para Deola. Em banho-maria e precisando de apenas um gol para liquidar a partida de volta, o Verdão arrastou o jogo até final do primeiro tempo.

Segundo tempo
O time veio a campo sem alterações e seguiu sem velocidade. Já o Coruripe explorava os espaços da marcação deixados por Juninho, conseguindo um escanteio. Em seguida, aos 5', Artur conseguiu boa jogada na direita em um contra-ataque coordenado por Daniel Carvalho, passou pelo marcador devolveu a bola para o meia, que finalizou no meio do gol.

Aos 9', novamente em escanteio pela esquerda alviverde, o Coruripe quase chegou ao empate. O time acordou e, utilizando os laterais, pressionou o time adversário conseguindo boas jogadas. Ainda assim, os lances de perigo dependiam de Assunção. Daniel voltou a ser participativo quanto no começo do primeiro tempo, criando jogadas principalmente com Barcos. Maikon, porém, seguia apagado no início da etapa final. Jogando mais pelo meio que pelos lados, pouco rendia.

Aos 18', Felipão tirou Daniel para a entrada de Pedro Carmona, mantendo o time no 4-2-3-1. Talvez mais pelo cansaço do que pelo rendimento em campo, já que o jogador, quando tinha liberdade, distribuía bem o jogo na frente. O Palmeiras continuou sem conseguir infiltrar na grande área. Sem criar, perdia com frequência a posse no meio-campo.

Aos 26', Maikon saiu para a entrada de Ricardo Bueno, que faria dupla de ataque com Barcos pela esquerda. Com dois centroavantes, o time entrou no 4-2-2-2. A alteração melhorou o padrão de jogo do time, já que tentava mais jogadas pelo meio que pelos lados do campo. Aos 32', Chico entrou no lugar de Artur, com Márcio Araújo indo para a lateral direita. Com a alteração, Chico jogou como volante pela direita e Assunção pela esquerda.

Time no 4-2-2-2, forte pela esquerda

O jogo do time seguiu em uma crescente, pressionando principalmente pela ala esquerda, com Carmona e Ricardo Bueno tabelando perigosamente para o time da casa, aproveitando as subidas de Juninho. Aos 42', Bueno sobrou livre, rolou para Henrique que chutou cruzado na trave esquerda do gol do Coruripe. Mas foi só. À medida em que o tempo encurtava, o time atacava de forma cada vez mais desorganizada e cometendo erros bobos de passe. A percepção de uma inevitável segunda partida começou a afetar a concentração do time, que já não fazia questão de alcançar o objetivo traçado inicialmente.

Fim de jogo e vamos à Jundiaí.

Considerações
O time parecia ter sido bem armado inicialmente. Melhor começo, impossível. Marcamos o primeiro logo aos 2 minutos de jogo, em bela jogada pelo meio. Só não imaginávamos que seria o único tento da partida.

Infelizmente, Maikon não estava inspirado. Foi mal, em parte, pelo posicionamento, insistindo pelo centro, que não é o seu forte. Sua jogada boa é aquela nas costas do lateral esquerdo do time adversário. E foi mal também pela subida tardia dos laterais. O time não soube utilizar as alas, insistia em jogadas pelo meio que era onde se encontrava o miolo da retranca do Coruripe, sobrecarregando Daniel Carvalho, que depois do primeiro gol errou muitos passes e desapareceu em campo, pelo menos no primeiro tempo. Parecia consumido pelo calor. Patrik, que também insistia pelo centro, funcionou razoavelmente bem, porém sem ser decisivo. Sem a bola chegar, Barcos também ficou apagado. Quando recebia, porém, quase sempre levava perigo.

No segundo tempo, Felipão fez alterações que melhoraram a agressividade do time. Sacou Daniel, exausto, para a entrada de Carmona. Na sequência, tirou Maikon para a entrada de Ricardo Bueno. Por último, sacou Artur para a entrada de Chico. Com Patrik enfiado pela direita, o time passou a jogar mais afunilado, no 4-2-2-2, furando o ferrolho do time da casa nos minutos finais. Ricardo Bueno e Carmona criavam jogadas perigosas pela esquerda, mas era tarde para reagir.

A sequência de erros de posicionamento somados à atitude do "uma hora a gente marca" levaram a decisão do jogo para os últimos minutos. E perdemos a chance de matar a partida. Certamente, foi uma vitória com sabor de derrota para um time que vinha em uma crescente tão forte. O calor impacta o rendimento em campo, com certeza. Mas não é desculpa para não se empenhar ao máximo.

O empenho não foi bom, mas o rendimento em campo não deve ser impactado por essa vitória amarga. O time é composto por 11 jogadores, e se de um lado alguns vão bem na partida, outros vão mal. E no outro jogo, tudo muda. Paciência. Agora é esperar pra ver o Verdão em Jundiaí (e uma melhora de rendimento do time). Força, Verdão!

segunda-feira, 12 de março de 2012

Saca só, Mano.

Muita gente no Brasil, por puro desconhecimento do que se passa no futebol europeu acaba subestimando seleções estrangeiras, em particular as que se encontram à frente da seleção brasileira no ranking da FIFA. Uma forma de criticar o ranking é dizer que o selecionado nacional é ruim. Tão ruim que alguns "pernas de pau" se encontram à frente do time de Mano Menezes.

A Espanha é a atual líder do ranking. Como é bem sabido, há uma comunidade autônoma dentro da Espanha chamada Catalunha, uma espécie de país dentro de outro país, que conta até com uma língua própria, o catalão. A capital é Barcelona, ou seja, é uma região apaixonada pelo futebol. De lá surgiram diversos jogadores que compõe o atual elenco da seleção.

Vez ou outra os caras inventam de fazer amistoso. Pra quem está se acostumando (mal) a ver Ronaldinho ser escalado, saca só a possível escalação de um imaginário confronto entre Espanha e Catalunha feito pelo diário Marca, da Espanha.

Reprodução: Marca.com (só perna de pau)
Segundo a enquete feita no site do diário, a Espanha ganharia da Catalunha. Não sei quanto a vocês, mas se fosse Brasil contra Catalunha, ficaria na dúvida.

domingo, 11 de março de 2012

A confirmação de um time forte

Palmeiras 6 x 2 São Caetano
11/03/2012
Santa Cruz, Ribeirão Preto

O Palmeiras iniciou o jogo no 4-3-1-2 habitual. Pegando um Botafogo na zona do rebaixamento, o time fez um primeiro tempo excepcional no dia em que Felipão se tornou o segundo técnico com mais partidas pelo Palmeiras, com 368 jogos disputados, um à frente do Luxa.

Onze iniciais no 4-3-1-2

Primeiro tempo
O time começou errando muitos passes e pressionado pelo Botafogo, mas em pouco tempo impôs seu jogo pela qualidade. O centro continua jogando bem e mostrando entrosamento. João Vítor e Márcio Araújo seguem em ascendente, driblando e chegando mais à frente, levando a posse ao campo adversário. No caso de Assunção, dois eventos ocorrem simultaneamente. O primeiro é a queda de rendimento nas bolas paradas, particularmente, nas cobranças de falta. As cobranças de escanteio continuam venenosas e bem calibradas, em especial as fechadas no primeiro pau. O segundo evento é a ascenção do elenco, que como um todo vem melhorando no entrosamento e em suas qualidades individuais. Ou seja, há uma transferência do protagonismo de Assunção em nome de um jogo coletivo forte.

O goleiro Juninho, do Bota, até tentou segurar o resultado. No primeiro lance de perigo do Verdão aos 7', Maikon ganhou a disputa com Leandro Carvalho pela esquerda e chutou em cima do goleiro, que espalmou para escanteio. Aos 11', a bola sobrou nos pés de Assunção perto da grande área, que fuzilou o goleiro. No rebote, Juninho ainda fez uma defesa espetacular em chute de Maikon Leite, milagrosamente. Aos 14', foi a vez de Barcos criar chances. O argentino recebeu bom passe de Márcio Araújo, passou por dois marcadores mas chutou em cima de Juninho. Aos 18', recebeu passe de Maikon e, livre de marcação, limpou o goleiro e tentou driblar ao invés de finalizar. Perdeu para a marcação.

Os "milagres" de Juninho uma hora acabariam. Aos 23', Marcos Assunção cruzou para a área. Marquinhos, e não Valdívia como queria a arbitragem, desviou para dentro do próprio gol. Verdão, 1x0. A arbitragem, diga-se de passagem, mal no jogo, ainda deixaria de creditar um pênalti para o Palmeiras em bom lance de João Vítor e expulsaria injustamente Marquinhos, do Botafogo, no segundo tempo.

O time de Ribeirão pouco criou, parou no forte meio-campo alviverde e só se arriscava no contra-ataque, esperando alguma bobeada da zaga. Nosso laterais subiam bem ao ataque, principalmente pela esquerda com Juninho. Artur teve papel mais defensivo, mais ainda assim levando perigo nas bolas paradas. Aos 36', no contra-ataque, Juninho fez lançamento longo para Maikon Leite, que na velocidade, dominou, driblou o marcador e bateu na saída de Juninho. Golaço, 2x0.

Após o gol de Maikon, o adversário cresceu na partida. Avançou a marcação e saiu mais para o jogo, encontrando mais espaços na nossa defesa, apesar de oferecer espaços também. Pressionado, a produção do time caiu. Barcos, sem receber a bola, sumiu em campo. O jogo se arrastou assim até o segundo tempo.

Segundo tempo
O Bota veio com alteração para o segundo tempo, mas foi o Palmeiras que apareceu melhor em campo, marcando logo aos 9' em ótima jogada do mago. Valdívia recebeu a bola na grande área, driblou o goleiro, passou pela marcação e entregou na boca do gol para Barcos concluir. Verdão, 3x0.

O time, com o placar favorável, tirou o pé do acelerador. Apenas 2 minutos depois, o Palmeiras ficou com um jogador a mais. Marquinhos cometeu falta boba em Barcos e, em uma decisão contestável, tomou o segundo amarelo e deixou o campo. Aos  21', veio a alteração que todos pediam, Daniel Carvalho entrou na vaga de Maikon, que saiu aplaudido. Eram dois meias criativos, Daniel e Valdívia, pela primeira vez jogando um do lado do outro.

O 4-3-2-1 durou pouco e não surpreendeu tanto. Pelo contrário. Se o time tinha pisado no freio, ainda deu mais espaços com dois jogadores que, a rigor, não são marcadores. Aos 28', Marcos Assunção daria lugar para Patrik, botando o time no 4-2-3-1. Aos 32', o Botafogo conseguiu jogada pela esquerda um cruzamento de Álvaro, que caiu certeiro na cabeça de Alessandro, ganhando fácil em cima de Juninho. Verdão, 3x1.

Na sequência, Felipão trocou Valdívia por Ricardo Bueno, aos 34'. Tivemos apenas 13' com dois meias criativos em campo. O que não foi de todo ruim. 15 segundos depois de ter entrado, Bueno faria o quarto gol do Verdão, em um cruzamento de Daniel Carvalho. Verdão, 4x1.

Verdão no 4-2-2-2, R. Bueno na frente e Patrik cobrindo Juninho

Com o resultado mais do que garantido, o time tinha apenas de administrar o placar, mas preferiu atacar até o último momento. O Botafogo conseguiu levar a posse até a linha de fundo, aos 42', conquistando lateral. O time todo recuou para marcar, mas não foi suficiente. Em uma jogada rápida na entrada da grande área, Talles era marcado por Henrique. O lateral tabelou com Clebinho, e Henrique não acompanhou. Ele entrou livre na área e cruzou rasteiro para a pequena área. Artur dividiu a bola com Marco Aurélio e fez contra. Verdão. 4x2.

A postura ofensiva continuou e Daniel Carvalho, em boa jogada individual aos 46', entrou livre na grande área e fuzilou o goleiro. No rebote, Juninho completou. Verdão, 5x2. O jogo seguiria até os 49' e o time aproveitou bem o pouco tempo que restava. Juninho rolou para Ricardo Bueno, que arriscou chutar e devolveu a bola para o lateral. Ele driblou o goleiro e depois de passar a bola, levou um chute fora de lance. O goleiro foi expulso e não haviam mais substituições a fazer. Alessandro entrou no gol e viu de camarote Barcos fechar a conta para o Verdão, 6x2.

Considerações
A vitória serve para confirmar um time que possui elenco forte, não mais dependente de Assunção. A postura ofensiva merece destaque, mas a mesma empolgação para o ataque deve ser a empolgação para a defesa. O primeiro gol foi fruto de uma exposição excessiva ao ataque e o segundo em uma desatenção de Henrique, que não acompanhou o lateral adversário.

A dupla de ataque foi muito bem. Maikon se movimentou excepcionalmente bem, deu bons passes e ainda fez um golaço. Quanto à partida de Barcos, os gols foram um prêmio pela insistência. O jogador, apesar de perigoso, não fez um excelente primeiro tempo, desperdiçando chances preciosas. Seu primeiro gol veio fácil e o segundo, de pênalti. Ainda assim, tem seu mérito pela frieza nas finalizações. O grande destaque da partida foi mesmo Juninho. Suas subidas pela esquerda levaram perigo sempre que ocorreram. O lateral deu assistência no gol de Maikon Leite, foi decisivo no lance do terceiro gol (após belíssimo passe de Márcio Araújo), marcou o quinto e sofreu o pênalti para o sexto. Ou seja, dos seis gols, quatro tiveram sua participação. Que partida!

Quanto aos dois meias...
Palmeirense, não se empolgue. Felipão certamente aproveitou o momento - a pressão da torcida para que Daniel e Valdívia jogassem juntos e o jogo praticamente decidido - para testar a entrada de Daniel enquanto o chileno estivesse em campo. A questão é que quando Felipão tirou Marcos Assunção para a entrada de Patrik, aos 28', a saída de Valdívia já estava selada.

Daniel é útil principalmente na criação e joga na entrada da área, não como atacante. Com dois meias que não marcam, era preciso que as próximas alterações, na cabeça de Felipão, ajudassem nesse papel. Patrik auxiliaria ainda na cobertura das subidas de Juninho. Com apenas um atacante (Barcos) e o jogo em 3 a 1 para o Palmeiras, era conveniente que a última alteração trouxesse um jogador de ataque para atuar ao lado de Hernán Barcos, neste caso, Ricardo Bueno. As mudanças surtiram efeito. Daniel Carvalho, além de dar assistência, foi quem fuzilou o goleiro no gol de Juninho. Ricardo Bueno deu ainda mais sorte, marcando apenas 15 segundos após entrar em jogo.

Mérito do treinador, que mexeu bem no time, mérito das contratações, que entraram e cumpriram seu papel. Reflexos de um começo de ano bem planejado. Aguardemos cenas dos próximos capítulos!

Até a próxima!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Novos padrões?

É, amigos. Estamos vendo a história sendo feita. 7 a 1 no Bayer Leverkusen pelas oitavas de final da Champions não é pra qualquer um. O mesmo Bayer que bateu o Bayern por 2 a 0 na última rodada do Campeonato Alemão.

O Barça atual não só tem o jogador que pode (e muito) ser o melhor da história, como deixará muitos legados para o futebol no futuro. Entre tantos legados, chamo a atenção para um em especial que pode (preste atenção à esta palavra) virar tendência - e talvez padrão - para os times do futuro: a média de altura dos jogadores de meio-campo e ataque.

Tabelinha que fala por si só

Altura e velocidade estão inversamente relacionadas. Jogadores mais baixos tem centro de gravidade mais baixo, possuindo assim condições de mudar a direção mais rapidamente e em menor tempo.

Tendemos a pensar que, por serem baixos, os jogadores do Barcelona passariam a conduzir mais a bola, como ocorre normalmente com esse tipo de jogador (baixo e consequentemente veloz). Pelo contrário, no jogo contra o Leverkusen, foram realizadas 988 tentativas de passe, com 88% (865) completados, segundo dados da UEFA. Quase mil. Ou seja, os jogadores correm, mas não com a bola. O jogador se desloca em dois momentos principais: para retornar ao posicionamento "correto" e para fazer a marcação por pressão. Qual o jogador ideal para fazer esse deslocamento todo em tempo e espaço tão reduzidos? Seria ele alto ou baixo? A questão não é tanto a velocidade final. Jogadores mais altos podem atingir a mesma velocidade de jogadores mais baixos. O problema todo reside na aceleração, e nesse aspecto é incontestável a vantagem que os menores exercem sobre os maiores.

Outra vantagem de se ter um jogador assim é a velocidade com que ele gira sobre a marcação. Isso é importante quando o jogador não encontra alternativas para o passe, tendo de recuar a bola ou passá-la de lado para algum companheiro de time melhor posicionado para realizar o passe que adiantará a posse para o campo de defesa adversário. Cito como exemplo de Xavi , que apesar de não possuir muita técnica no drible, faz o giro quase o jogo inteiro, eficientemente, claro que combinado à uma visão de jogo excepcional. No jogo de hoje, ele teve média de acerto de 92% dos passes. Pouco, não?

A influência da altura é tamanha sobre o "padrão Barça" que os jogadores simplesmente não cobram escanteios de tão baixo o elenco. Preferem manter a posse de bola. Desvantagem? De forma alguma. Isso mantém o padrão de jogo intacto, sem rifar a posse da bola, ou seja, zerando o risco de perdê-la. Não há prejuízo para o nível de pressão exercido pelo time.

Há quem diga que é besteira, respeito, até porque tudo depende do modelo de jogo de cada time. Quase todo time que se preza possui a "referência" no ataque, aquele jogador finalizador, "de área", fixo, geralmente grandalhão, muitas vezes trombador. Mas o padrão de jogo é muito influenciado pelos que estão no topo e, no momento, o Barça dita um padrão desafiador para que jogadores de meio campo e ataque sejam menores, mais rápidos, que acelerem para dentro da grande área para receber um passe em profundidade, uma enfiada entre zagueiro e lateral, ou entre os dois zagueiros. Isso acontece porque os jogadores de ataque do Barça atuam todos do lado de fora desse setor, a grande área.

O padrão de jogo do Barça é único também por causa desse fator - possuir um jogador atrás da última linha de ataque, obtendo vantagem numérica no meio campo. Em um esporte cada dia mais competitivo, é uma vantagem importante. Muitos times têm armado esquemas para "frear" o Barça, como colocando um jogador a mais à frente da linha dos zagueiros. Porém, isso tira um jogador do meio pra frente. Não seria mais fácil retornar um jogador do ataque, ou seja, jogar como o Barcelona joga? Teoricamente, sim. Mas seria suficiente? E a velocidade?

Existem muitas evidências sobre exigências físicas impostas por padrões de jogo específicos. Basta olhar para os alas e laterais de hoje. Difícil encontrar um com altura superior a 1,75m, 1,80m. O mesmo aconteceu com os jogadores de defesa e goleiros. Zagueiros normalmente possuem grande força física e têm altura acima de 1,80m, assim como goleiros. Não estou dizendo que os melhores são assim. O futebol é que faz uma "seleção natural" dos jogadores, posição por posição, de acordo com as exigências de seu tempo. Se o cara for bom, não importa se é alto, baixo, maneta ou perneta. Ele vai vingar na posição, vide Puyol (um zagueiro baixo para os padrões, com 1,78m de altura), Maicon (um lateral alto para os padrões, com 1,84m de altura) ou Falcão García (um centroavante matador baixo para os padrões, com 1,78m de altura. E como cabeceia bem esse jogador...). Quem não lembra do caso emblemático do goleiro Jorge Campos que defendeu o México na Copa de 94, do alto dos seus 1,75m?

Se o padrão imposto por esse time (que é o time a ser batido) influenciará os demais times, é complicado dizer. Guardiola pode sair a qualquer final de temporada, como tem ameaçado ano após ano. Difícil mudar treinador sem impacto para a filosofia de jogo. Entretanto, se influenciar, estaria decretado o fim do centroavante clássico, do camisa 9 matador? É algo a se pensar.

A Hungria de Puskás já tentou isso com Hidegkuti recuado. Não deu certo. Ou quase. Está aí o Barça para provar o contrário.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Felipão bate o martelo: só um meia.

"Provavelmente é o que vai acontecer mais seguidamente (um substituir o outro), mas não impossibilita que os dois joguem juntos. Se o adversário tiver laterais que não passem muito ao ataque, aí dá para jogar com os dois. Vocês sabem que nem o Daniel nem o Valdivia voltam para marcar o lateral. E aí vamos abrir todos os lados para os adversários. Se eu achar que isso vai causar prejuízo, não coloco os dois" - Felipão


No 4-2-3-1 habitual, quando o  lateral esquerdo do time adversário sobe ao ataque, além do lateral direito do Verdão (Cicinho ou Artur), poderam marcá-lo o volante pela direita (Kid) e também o meia-atacante pela direita (Maikon). Esse último, no caso da ala direita, raramente marca para dar bote, mas é comum vê-lo fechando espaços no campo de defesa. O mesmo ocorre pelo lado esquerdo, com Juninho, Márcio Araújo e Patrik dando cobertura.

Quando alternamos para o 4-3-1-2 com João Vítor (JV) pela direita, Kid centralizado e Márcio Araújo (MA) na esquerda, essa cobertura é feita no campo de defesa, apenas com o deslocamento de um jogador - no caso JV ou MA - e Kid na cobertura desse deslocamento, seja ele pela direta ou pela esquerda. Além do lateral, claro.

Atuando com dois meias, o time fica exposto contra laterais que sobem muito ao ataque. Com nosso dois volantes ocupados com os meias do time adversário, em um eventual contra-ataque do outro time com a subida de um lateral, o nosso lateral fica "vendido", sem cobertura, passando o time adversário a jogar nas costas desse jogador.

Concordo com a análise do Felipão. Se o risco de realizar uma jogada for menor que as chances que surgirão com tal atitude, não seria de todo mal ver dois caras extremamente habilidosos em campo. Pelo contrário, seria muito divertido. Outro ponto, este não observado por Felipão: com Daniel e Valdívia em campo, poderíamos reter a posse de bola não apenas no meio-campo, mas no ataque. Essa é uma maneira de não tomar contra-ataques com frequência, o que parece ser o fator decisivo para Felipão manter apenas um armador.

domingo, 4 de março de 2012

Jogo dos goleiros

Palmeiras 0 x 0 São Caetano
04/03/2012
Pacaembu, São Paulo

O Palmeiras veio a campo no esquema da partida passada, no 4-3-1-2, com Maikon inicialmente pela esquerda e depois voltando para a direita. O time dominou as ações no primeiro tempo, mostrando um entrosamento de dar gosto ao torcedor palmeirense, muitas chances foram criadas. O São Caetano seguiu um padrão de jogo, embora superior, muito semelhante ao time do Linense. Sem conseguir penetrar na grande área pelo meio, deu muitos chutes de longa distância. Cicinho fez boa partida, comparado ao últimos jogos, assim como João Vítor, que vem melhorando a cada jogo. Daniel Carvalho deu passes, diga-se de passagem, fenomenais enquanto esteve inspirado e ainda meteu uma bola na trave. O que não funcionou tão bem? Por incrível que pareça, nossa dupla de ataque: Barcos e Maikon Leite.
Onze iniciais no 4-3-1-2

Apesar de disputado, o time começou pressionando o São Caetano, chegando com perigo com Barcos logo aos 5', após lançamento de Assunção. O jogador dominou a bola na entrada da grande área, rolou para a perna esquerda e chutou, batendo para fora. A dificuldade na armação de jogadas do outro time era tanta que a primeira chance do São Caetano viria somente aos 12' de jogo. Dando uma prévia do que seria o jogo adversário, o ex-gambá Moradei recebeu passe pela esquerda e chutou de longe para Deola espalmar. O time visitante não conseguia jogar pelo meio, tentava explorar as linhas de fundo sem sucesso, restando chutes de longa distância.

Dois minutos depois, Juninho subiu ao ataque, rolou para Barcos na entrada da grande área, que girou sobre o marcador e chutou, em uma jogada semelhante àquela contra o Oeste em que o goleiro deu rebote para Maikon marcar. Só que desta vez Barcos chutou pra fora. E o argentino normalmente não falha duas vezes seguidas. Acostumado com tão boas atuações em tão pouco tempo, o torcedor terá que entender: o cara é humano. Algum dia ele vai jogar mal, como hoje.

Aos 24', Ailton deu bom passe para Misael, que passava nas costas de Henrique. Ele rolou para Moradei dar outro susto de fora da área para o gol de Deola. Aliás, a facilidade com que Moradei chegava para chutar era impressionante.

Apenas dois minutos se passaram quando a oportunidade de ouro surgiu para o Verdão: bola parada. Era o retorno de Marcos Assunção, o time não conseguia infiltrar na área do São Caetano, jogo empatado... um roteiro já conhecido para o torcedor do Palmeiras. Kid e Daniel Carvalho se posicionaram para o chute, mas quem foi para a bola foi o ex-barril. Naquele momento, a confirmação de que havia algo errado, muito errado com Barcos. O argentino não falha duas vezes seguidas. E falhou pela terceira vez. A bola carimbou o travessão e Barcos, no rebote, chutou. O goleiro Luiz, inspirado (leia-se "muito rabudo"), defendeu de pé esquerdo, já caindo. 

Com o time perdendo chances, o São Caetano cresceu na partida, mudando a estratégia de atuar no contra-ataque. Aos 45', pouco antes de irmos para o intervalo, Kid e Henrique bateram cabeça pela lateral esquerda, a bola sobrou para Marcelo Costa, que chutou cruzado. Maurício Ramos tentou cortar no carrinho, mas como ele é o zagueiro do Verdão mais cagado das últimas temporadas, a bola sobrou nos pés do próprio Marcelo Costa, que bateu livre e carimbou a trave. 

Tem dias que a bola não entra, é verdade. Melhor que seja para os dois lados.

Segundo tempo
O padrão de jogo do São Caetano voltou ao que era no primeiro tempo. As boas oportunidades continuaram em contra-ataques, geralmente terminando em chutes de fora da área, aproveitando bobeadas da zaga, alguns com muito perigo para a meta de Deola como o de Marcelo Costa perto dos 20'. Quanto ao Palmeiras, é inquestionável que o time pisou o pé no freio. Com muito mais dificuldades em encontrar espaços na defesa adversária, o time demorava muito na tomada de decisão e ainda errava passes no campo de defesa do adversário, gerando contra-ataques perigosos. 

A queda de rendimento de Barcos também veio acompanhada de uma queda de rendimento de Maikon, que sumiu até a primeira metade do segundo tempo. Apesar de Felipão ter retirado Daniel Carvalho para a entrada de Valdívia, dando "novo sangue" ao time, foi somente aos 12', com a saída de João Vítor para a entrada de Patrik, colocando o time no 4-2-3-1, que o time começou a levar perigo ao gol de Luiz. 

Time no 4-2-3-1: mais movimentação no ataque, porém sem efetividade

Ainda assim, mesmo com Patrik e Valdívia com fôlego novo para dar trabalho à defesa adversária e com uma melhor movimentação no ataque, sem Maikon e Barcos inspirados a mudança não foi completamente bem sucedida. Aos 22' veio a melhor chance. Juninho subiu ao ataque, rolou a bola para Barcos que fez um lindo corta-luz para Valdívia. O chileno tocou novamente para o argentino, enganando a zaga e deixando o matador livre. No quique da bola, infelizmente, chutou para a arquibancada. Isso é o que acontece quando se mistura a vontade de fazer gol do Barcos com a improvável chance da bola não chegar em condições para finalização: uma lambança inacreditável. O jogador não tinha mais a frieza de antes, se ajoelhou, deu tapa no chão, como quem não acreditava no que acontecia. Nada daria certo nesta tarde.

Poucos minutos depois, foi a vez de Maikon mostrar que nada dava certo do outro lado da fronteira também. Em uma cobrança venenosa de Marcos Assunção de quase do meio do campo, aos 24', Luiz deu rebote. A bola sobrou aos pés de Maikon, que chutou forte por cima do gol.

A partida seguiu sem muita criatividade dos dois lados, só que ainda corríamos riscos perdendo as bolas no ataque para tomar sufoco depois. Em um dos contra-ataques, aos 34', Deola fez dois milagres seguidos. Giovane cortou Maurício Ramos pela lateral direita e chutou forte. Deola espalmou para a lateral esquerda, nos pés do lateral direito deles, Marcone, que fuzilou novamente. Deola, milagrosamente, também defendeu. Chama a atenção a desorganização da defesa no momento desse ataque. No momento em que o chute de Marcone acontece, somente os dois zagueiros e Juninho estão presentes contra quatro jogadores do São Caetano. Cicinho e os volantes chegaram muito depois.

O jogo esfriou dos dois lados. Felipão trocou seis por meia-dúzia tirando um fraquíssimo Barcos por um Ricardo Bueno cheio de vontade. Convenhamos, é quase a mesma coisa. O time ainda tentou pressionar com uma bola parada de Assunção, que mandou para fora, e com finalizações de Patrik e Ricardo Bueno.

Já era tarde: estava selado o empate.

Considerações: além da sorte, faltou concentação
É fácil constatar a pouca inspiração do ataque do Palmeiras. Time que mais criou, não foi por falta de assistência que a bola não entrou. Elas chegaram sim. Quanto ao caso de Barcos, vejo que o argentino teve 4 chances de finalização. Tanto aos 5' quanto aos 14', chutou a bola para fora de fora da área. Não podem ser consideradas falta de qualidade pela chance de acerto ser consideravelmente menor nessas empreitadas. Talvez possam ser qualificadas como falta de concentração. Até passaram perto do gol. A chance aos 26', depois da cobrança de Daniel na trave, foi uma combinação de falta de sorte com mérito do goleiro. O chute foi certo, de cima para baixo, para evitar a possibilidade da bola sair por cima do gol. Além disso, quicando, a bola é mais difícil de defender. Mas o goleiro, rabudo que é, mesmo caído, conseguiu interromper a trajetória da bola com a perna esquerda. Se ele não tivesse uma, ela teria entrado. Mas ele tinha. 

Aos 22' do 2T, o lance derradeiro: se existe o "morrinho artilheiro", tinha um "morrinho zagueiro" antes da bola chegar aos pés do argentino finalizar. Chutou na lua, isolou. Mesmo assim, não acho justo crucificá-lo por esse ou aquele lance. A impressão que tenho é que a expectativa gerada em torno do jogador é tão grande que afetou-lhe a concentração. No lance da falta do Daniel que cobrou na trave, não foi por falta de concentração. Mas nos dois primeiros, sim. Sem contar que Barcos também errou muitos passes.

Se o argentino não teve sorte ou concentração, o mesmo não se pode dizer de Maikon. Esse sim fez uma partida ruim por mérito próprio. Pouco se movimentou e quando tentou cruzar, não achou seus companheiros. Quando teve condições de finalizar, desperdiçou. Futebol é feito de oportunidades, se você não as aproveita, outros irão. 

O resto do elenco em geral foi bem na partida. Os laterais subiram bem ao ataque, nossos volantes jogaram uma partida razoável, sem comprometer muito a zaga, que atuou com disposição. Felipão, na minha opinião,  foi ótimo. Percebendo o "esfriamento" do Verdão no segundo tempo, tratou de mudar a tática do time para continuar oferecendo ao adversário o mesmo nível de pressão do primeiro tempo. É isso o que deve fazer um treinador, manter o time estimulado para que exerça pressão constante sobre o oponente. As oportunidades de gol vão surgindo naturalmente. Buscar a vitória o tempo todo, mesmo se o placar for favorável.

Quanto aos goleiros, que destruíram na partida, mérito maior de Deola. Saiu bem do gol, fez defesas extremamente difíceis, tem qualidade pra isso. Quanto ao tal do Luiz, melhor continuar treinando forte. A sorte não costuma bater duas vezes à mesma porta.