sábado, 26 de novembro de 2011

1957, Final da Copa da Inglaterra: Busby Babes x Aston Villa

Se você é viciado em futebol certamente já ouviu falar dos "Busby Babes". Assim eram chamados os jovens que compunham o elenco daquele Manchester United de 1955 a 1958 treinado pelo escocês Matt Busby e que prometia ser um dos melhores da história. A safra era tão boa que eles levaram os Red Devils à conquista do campeonato com um time que tinha uma média de idade de apenas 22 anos. Conquistaram a vaga para a recém criada Copa Européia (atual UEFA Champions League) e só pararam no Real Madrid de Di Stéfano. No ano seguinte, conquistaram o bicampeonato inglês e classificaram-se novamente para a Copa Européia, mas infelizmente, quando retornavam do segundo jogo já pelas quartas-de-final contra o Estrela Vermelha, o avião que levava o time não conseguiu decolar do Aeroporto de Munique, onde faziam escala. Logo após a decolagem, caiu sobre uma casa deserta, matando diversos jogadores e membros da comissão técnica.

Muitos conhecem a história, mas poucos conhecem o futebol desses garotos tão celebrados. Quando encontrei o vídeo abaixo, fiz questão de vê-lo do início ao fim. Trata-se da final da Copa da Inglaterra de 1957, contra o Aston Villa. O jovem time perde o jogo, mas é notável o que o futebol perdeu com aquele acidente. Nem parecem garotos jogando bola, algo que em muito lembra o time do Barcelona atual. Jogadores que parecem jogar bola há muito mais que a idade permite deduzir.

Se puder, veja pelo menos 10 minutos. Se te falta motivo para vê-lo, saiba que David Pegg, Tommy Taylor e Duncan Edwards, apenas para citar alguns, fazem Bobby Charlton - aquele eleito por Pelé como um dos melhores futebolistas vivos, que é o maior artilheiro da história do Manchester United com 249 gols e que levou o time inglês à conquista da Copa do Mundo de 1966 - parecer coadjuvante.

Aliás, era Duncan, e não Charlton, a estrela do time àquela época.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Verdão 2012

Felipão já entregou uma lista de nomes à direção do Palmeiras para o projeto de 2012. Não adianta ficar aqui discutindo quantos ou quem serão os reforços. A lista de dispensa não será proporcional, até porque Felipão sabe que não pode ter tantos jogadores quanto quiser. De qualquer forma, alguns deverão sair para viabilizar os negócios, desonerando a folha salarial. Mesmo com a entrada dos valores das cotas de televisão, o clube deve aproveitar a receita extra para quitar algumas dívidas.

Vou analisar agora pontos que, na minha modestíssima opinião, poderiam seguidos nesse novo projeto.

1. Jogadores com a qualidade que o Palmeiras merece
Que a qualidade dos reforços é imprescindível, isso é claro. Precisamos de jogadores que pratiquem futebol do nível da série que disputam. Não quero menosprezar a série B, longe disso. Alguns argumentarão que a maior parte dos jogadores da série A passaram - não necessariamente - pela série B, e com razão. Existem sim jogadores da série B que exibem futebol no limite ou até mesmo além do nível praticado na segunda divisão, é verdade. Analogamente, existem jogadores da série A que jogam futebol de segundona. Que o diga nosso time, que está cheio deles. E é aí que reside o cerne da questão. O limite - técnico - entre uma divisão e outra não é delimitado apenas pelos times que jogam nessa ou naquela. Mas a chance de encontrarmos um jogador tecnicamente credenciado para disputar bem o campeonato é maior na primeira divisão que na segunda.

2. "Medalhão", hoje não
Outro ponto é quanto à questão da contratação dos chamados "medalhões". Primeiro, vamos definir exatamente do que se trata.

"Medalhão" é um atleta que se encontra na parte descendente da curva de rendimento de sua vida profissional. Decadente? Não necessariamente. Todos tendemos à decadência, isso é claro. Mas que eles estão mais perto do fim de carreira, isso é ainda mais claro.

Por que os "medalhões" são caros? Porque a curva de rendimento desses jogadores foi excepcional. O patamar, mesmo que em tendência de queda, é elevado.

Apesar disso, contratar um destes não significa que ele irá render dentro de campo. A vida dos "medalhões" geralmente é marcada por lesões, indisciplina, falta de comprometimento e amor à camisa. Uma conjunção perigosa de fatores capaz de afetar consideravelmente o tão sonhado rendimento que muitas vezes só existe na memória dos torcedores mais inocentes.

O futebol, porém, não vive só do espetáculo. O "medalhão" traz uma compensação financeira ao time que consegue comprá-lo, melhorando o marketing do clube. Portanto, fica claro aqui que o clube tem interesse em contratar o jogador não somente pelo desempenho dentro de campo, mas também extra-campo. Você pode pensar que isso é muito óbvio, eu sei, mas há uma diferença sutil aqui e me preocupo em não desperdiçar seu tempo com obviedades. O que é melhor para o clube não é, a curto prazo, o melhor para o time. E quando um "medalhão" vem para o seu time, que está precisando de resultados naquele longo campeonato, ou naquele jogo decisivo, resumindo, de bom futebol, você sabe que um jogador contratado não apenas pelo nível do futebol apresentado recentemente, pouco irá resolver.

3. Prudência financeira
A receita extra do começo de 2012, receita essa que os outros times também terão, pode inflacionar o passe geral dos jogadores. Os "medalhões" estarão ainda mais caros, portanto espero que o clube não torre esse dinheiro à toa. O Palmeiras deve usá-lo com prudência, e paralelamente vender alguns jogadores para reforçar o caixa, pagar dívidas, enfim, colocar a casa em ordem. Foi às custas da filosofia de trazer "medalhões" para o time que pagamos, por exemplo, parte do salário de Lincoln enquanto ele joga no Avaí. Valdívia quase não jogou este ano, entre lesões e serviços prestados à seleção chilena (que geralmente colocavam na bagagem do mago mais lesões de brinde). Toda semana sai uma estimativa de quantos milhões custa um gol do meia. Cada vez mais alta.

Da mesma forma, não é hora de realizar "pechinchas". Também aprendemos - duramente - essa lição. Não é preciso citar nomes, certo?

4. A Espinha Dorsal
O ponto principal desse longo post.

Independente de quais forem os reforços, ou da qualidade destes, Felipão precisa antes de tudo ter uma idéia básica de como será o time. Como irá atacar, como irá defender, como será o fluxo de jogo. Somente a partir dessa idéia básica é que ele buscará no mercado as engrenagens capazes de exercer cada função para que a máquina-time funcione. A diretoria correrá atrás de suas solicitações, sim, irá. Provavelmente não conseguirá trazer exatamente as mesmas peças que pediu, fazendo o técnico trabalhar para realizar as adaptações necessárias e, em último caso, alterar o esquema formulado anteriormente.

Concluindo, todo bom time tem uma Espinha Dorsal, e de qualidade. Ela é a estrutura básica da equipe, do goleiro ao centroavante, a base a partir da qual tudo é erguido. É o alicerce do time. E Felipão precisa encontrar a espinha dorsal do próximo Palmeiras. Precisa montá-la bem.

Há uns dois anos atrás, se você perguntasse a uma pessoa qualquer, ou até mesmo quem não fosse torcedor do time, como era formado o Palmeiras, ela saberia ao menos dizer um nome de cada linha que compunha a equipe: Marcão, Danilo, Pierre, Diego Souza, Cleiton, Keirrison. Até Obina seria lembrado. Façam um teste. Qual a espinha dorsal do Flamengo atual? Felipe, Angelim, Airton, Willians, Ronaldinho, Thiago Neves, Deivid. Do Corinthians? Júlio César, Alessandro, Paulo André, a dupla sertaneja Ralf & Paulinho, Alex, Danilo, Liedson. A questão é que o nosso time atual não tem isso. A espinha não é completa. Até a linha de volantes, temos uma defesa sólida e respeitável. Dali em diante, um time acéfalo, sem agressividade e principalmente sem união. Sem referências nas linhas de meia e ataque, o time se perde. E desse jeito não adianta falar em jogo coletivo, coisa que o time também não tem dali pra frente.

5. Mudança de atitude
Venha quem vier, todo time é um reflexo de como pensa o treinador. Felipão poderia ser mais ousado, usar dois meias ao invés de um, não ficar improvisando volante na lateral, dado mais chance a alguns jogadores, fazer algumas alterações que apesar de não serem "garantidas", poderiam ter dado certo. Sei que criticar é fácil. Somos dezenas de milhões de torcedores que, quando as coisas não vão bem, do conforto de nossas poltronas e motivados pelos nossos míseros salários, é o mais conveniente a fazer. Porém, não estamos de todo errados. Felipão poderia sim, ter arriscado mais. Perderíamos mais nesse processo de tentativa e erro, obviamente, mas 1 vitória e 1 derrota valem mais que 3 empates. Nos restaria ainda uma bala.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Felipão sinaliza Verdão no 4-4-1-1

Felipão sinalizou mais uma mudança tática. Não resolve mas é a postura mais precavida, marca do Felipão diante do elenco que tem e alimento garantido para os que o chamam de "retranqueiro".

Diante das ausências de Maikon Leite, Luan e Ricardo Bueno (questões contratuais), e com as más atuações recentes de Gabriel Silva e Márcio Araújo, algumas atitudes foram - corretamente - tomadas.

Sem Luan pela esquerda, o jeito era colocar alguém para marcar, só marcar. A melhor opção, por incrível que pareça, era Rivaldo. Só que Gabriel Silva também não tem atuado bem. Então Rivaldo começou na lateral e Patrik na frente. Depois, Gerley entrou na vaga do Patrik e Rivaldo avançou. Na minha opinião, essa deveria ser a formação titular. Ficamos então com uma linha repleta de volantes à frente da zaga, Valdívia isolado na criação de jogadas e Fernandão à frente.

O time sinalizado no 4-4-1-1 me faz pensar algumas coisas.

É certo que a linha de quatro jogadores não fará estrago algum ao time adversário. Tecnicamente, são todos volantes, jogadores de meio-campo cuja principal característica é a marcação, não a criação, muito menos a finalização. Já viu algum deles acertar um chute? Arriscar de fora da área? Dar uma assistência? Pois é.

Um time que atua bem no 4-4-1-1 é o Tottenham. Os Spurs atuam com dois volantes, um de contenção e outro com mais saída para "empurrar" o jogo pra frente, e nas alas, jogadores extremamente rápidos e com qualidade no cruzamento, Gareth Bale e Aaron Lennon. Mesmo que conte com apenas um desses jogadores,  é crucial para o fluxo do jogo a presença de pelo menos um deles.

O problema do Verdão é que não temos nenhum jogador com essas características.Temos, geralmente, Luan e Maikon Leite caindo pelos lados do campo e se no quesito finalização as coisas não vão bem, no quesito cruzamento a coisa nunca existiu.

Com os volantes na próxima partida, o panorama é fácil de analisar:

  • perdemos as finalizações, o que é pior, porque antes nós tinhamos, mesmo que em pouca quantidade devido à qualidade técnica com que vinham sendo executadas.
  • nada ganhamos em termos de assistências, o que não é pior, dado que nunca tivemos bons jogadores nesse quesito.
  • ganhamos na marcação. Na teoria, claro.

Valdívia deve, portanto, ficar isolado na criação de jogadas. Fernandão se virando como pode na pequena área. Se o Mago pode jogar centralizado, porque não pode atuar pela direita? Isso abriria espaço para a entrada de Carmona. Mesmo que não tenha atuado bem com a bola correndo, é uma referência nas bolas paradas. Os cruzamentos que perdemos com a lesão do Kid, poderíamos ganhar novamente com o jogador. O problema é que Luan saiu. E se o Luan sai, alguém tem que ficar pra marcar na esquerda. Rivaldo poderia ficar na lateral esquerda, mas não rende. E deixar isso tudo acontecer é arriscado demais para o coração do Felipão, que já tá véio. Por isso, Carmona e Valdívia não atuam juntos.

Com isso ficamos à mercê dos lampejos de magia do chileno e de alguns corre-corres com o Cicinho pela direita. Nada mais que isso. Ligação direta, chutão de longe para a arquibancada, cruzamentos ruins. Isso vamos ver bastante.

Moral da história: outro jogo feio, sem criatividade, sem agressividade, com queda de qualidade técnica.


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

30ª rodada que promete mudanças

Depois do jogo contra o Flamengo, só se fala na ausência garantida de Kléber, que não joga mais pelo Palmeiras. Nem Felipão, nem Frizzo querem que ele jogue pelo Palmeiras. Não tô nem aí. Se ele jogará ou não, meu time é maior que tudo isso. Por isso, me preocupo acima de tudo com a próxima rodada. E a ausência que mais será sentida não será a do já "ex-atacante" do Verdão, mas sim a do nosso volante-sósia, Kid. A saída do principal batedor de faltas vai dar uma sacudida no esquema tático do alviverde imponente.

A mudança é forte porque:

1. Bola parada: o volante se destaca no campeonato. Cobra todos os escanteios do time, faltas de pequena e média distância. Tem um número impressionante de assistências, 25 no total, além de ter marcado 5 gols. É de longe a peça mais importante no elenco alviverde e os números refletem mais do que a qualidade - indiscutível, diga-se de passagem - do jogador. Refletem, acima de tudo, um time que tem jogado completamente em função desse jogador. Daí surgem duas opções: ou o time continua com o padrão de jogo atual, ou muda tudo. Caso Felipão escolha pelo "Palmeiras de sempre", poderá motivar a entrada de Pedro Carmona no meio campo, já que um dos pontos fortes do jogador é a bola parada. Caso isso não ocorra, podemos ter que nos virar com a bola no chão. E com a bola ao chão, é melhor colocar o Valdívia em campo, mesmo que sem ritmo. Cabe ao Felipão escolher.

2. Marcação pelo lado esquerdo: do ponto de vista da marcação, mesmo não sendo dos mais aclamados, fará falta ao time. Olhando os números, o argumento de que a entrada do Luan é importante para cobrir os "buracos" na marcação deixados pelo Kid não procede. Além disso, nosso lateral esquerdo titular sobe demais e é extremamente fraco na marcação. Apesar do número de desarmes ficar na média, o volante aparenta ser lento em campo. Entretanto, nunca comprometeu o time. Não é habilidoso, mas tem bom passe.

Sonho meu
Se eu fosse o treinador, seria simples e direto. Se mantermos o padrão de jogo, é 70/30. 70% de chance de empate, 30% de chance de derrota. Precisamos jogar bem com a bola no chão, e o time é capaz disso. A imprensa sempre pende para o time com maior torcida, e vi um Palmeiras diferente ontem, que foi melhor que o Flamengo, que agrediu mais. Precisamos potencializar isso. A mudança de padrão de jogo poderá forçar os atacantes - e não os altos zagueiros - a fazer o serviço para o qual foram contratados, marcar gols. Mas como?

Com Marcos Assunção em tratamento, a linha de volantes seria formada por Chico e Márcio Araújo. Henrique e Thiago Heleno na zaga, Cicinho na lateral direita. Gabriel Silva na lateral esquerda. Luan será importantíssimo contra o Fluminense, por dificultar a saída de Mariano que, contra o Coxa, infernizou e deu duas assistências por aquele lado. No jogo de ida, os jogadores praticamente se anularam. Luan quase não apareceu no jogo, e a maior parte das chances de gol do Fluminense saíram pela esquerda, com o lateral Carlinhos ou com a troca de passes entre Deco e Marquinhos, resumindo, acharam - e rápido - que o caminho para derrotar o alviverde era pela esquerda, o lado direito do Palmeiras.

Marquinhos também infernizará o meio-campo, assim como na partida de ida. Cicinho não foi bem naquela partida, e a dinâmica entre o meia-esquerda do Fluminense com Deco praticamente selou o resultado. Deco, por sua vez, não tem atuado bem, mas é o Deco. No jogo de ida, sairam dos seus pés dois lançamentos que, por extrema infelicidade de Fred, não se converteram em gols. Não podemos vacilar, e torço para que Chico e Márcio Araújo anulem o jogador. Terão trabalho, assim como o próprio Kid que voltou do Rio com uma caneta de brinde do ex-Chelsea e Barcelona.

Patrik fez boa partida contra o Flamengo (dando lugar a Valdívia no segundo tempo) e poderia continuar, mas ainda acho que o meio-campo ficaria pouco criativo e dinâmico dessa forma. Com Valdívia sem ritmo, se colocássemos Carmona na criação, ficaria sobrecarregado. Ele tem que jogar com outro meia, outro criador. Carmona jogaria bem com Patrik caindo pela direita, mas isso não é possível porque Luan tem vaga cativa e Maikon Leite terá a titularidade garantida após a saída de Kléber. Fernandão é a referência, então, no esquema proposto por Felipão, com dois atacantes, não há espaço no meio campo para o novato, que atua como Valdívia, mas não é o Valdívia. Acho que fica no banco.

Para o próximo jogo, o Palmeiras tem que agredir pelo lado esquerdo, ou melhor, o lado direito do Flu. Esse é o caminho. Com Luan na marcação, o meia tem que ter um passe preciso para sairmos em velocidade no contra-ataque nas costas do Mariano. Carmona e Valdívia possuem essa característica, por terem velocidade e boa saída. Patrik é um jogador mais estático. Caso Luan esteja muito recuado no momento da saída, o ideal era ter um atacante pela esquerda com movimentação e velocidade. Esse é outro fator, aliado ao fato de que devemos jogar (necessariamente) mais com a bola ao chão, para que Fernandão não comece como titular. Apesar de habilidoso, Fernandão é lento, sendo mais um homem de referência do que um atacante. Não queremos um novo Kléber. Em seu lugar, optaria por um jogador mais veloz, no caso, Ricardo Bueno. Acho difícil Felipão armar o time assim.

Por fim, cuidado redobrado com Fred, que está jogando demais. Um especialista em bola aérea que encontrará a defesa que mais vacila nesse tipo de jogada. As chances de tomarmos gol nesse tipo de bola é grande, desde que a bola saia dos pés de um armador ou lateral para a cabeça dele. Por isso, repito, a caça de Luan por Mariano deve ser implacável. Quanto às qualidades defensivas de Gabriel Silva, oremos.

Minha escalação! Deola; Gabriel Silva, Henrique, Thiago Heleno, Cicinho; Chico e Márcio Araújo; Luan e Valdívia; Ricardo Bueno e Maikon Leite.

Felipada! Deola; Gabriel Silva, Henrique, Thiago Heleno, Cicinho; Chico e Márcio Araújo; Luan e Patrik; Fernandão e Maikon Leite.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

28ª rodada: Palmeiras 0 x 1 Santos

Também imaginava que o 3-5-2 poderia ter uma boa dinâmica na ausência do Cicinho. O problema é que, diante de um time com um lateral esquerdo como Léo, do Santos, a inoperância do lado direito é quase certa. O lateral santista levou a melhor sobre Márcio Araújo, que apesar de não estar escalado como lateral, teve de atuar como tal. Com o volante "obrigado" a recuar durante todo o jogo, a necessidade de três zagueiros foi nula.  Gabriel Silva pouco fez pelo lado esquerdo, o único lado que funcionava no jogo. Ainda assim, nada foi criado. Carmona pouco se apresentou e Fernandão estava muito enfiado na área. Geralmente as jogadas terminavam com um passe errado ou uma bola perdida.

Felipão deveria ter observado isso, mas depois do primeiro gol, não fez nenhuma alteração tática. Novamente, trocou seis por meia dúzia. Tirou Maikon Leite e colocou Ricardo Bueno, depois tirou Pedro Carmona e colocou Patrik. Os três zagueiros não eram necessários, e a prova maior disso é que o próprio Felipão, vejam bem, mandou Henrique avançar quando o time tomou 1 a 0.

Não seria mais fácil tirar, por exemplo, o alto Maurício Ramos, que vacilou no primeiro gol e nem pulou no cruzamento baixinho do baixinho Léo para o baixinho Borges, e colocar Patrik em seu lugar? Pedro Carmona não precisava sair. Tinha feito partida razoável, apesar das faltas e alguns passes errados, era o primeiro jogo como titular e estava sobrecarregado na armação das jogadas, precisava de outro jogador acompanhando. Seria mais fácil deixa-lo em campo e colocar Patrik para atuar pela direita, ou até mesmo Tinga. Novamente, foi o conservadorismo de Felipão, o excesso de cautela, de pessimismo, que ditou o resultado. Quando o time tomou o gol, já se sabia que este seria o placar até o fim do jogo. Só não foi mais porque Deola, aos poucos, está descobrindo o porquê de Marcos ser chamado "santo". Vai ter que fazer pelo menos três milagres por jogo até encerrar a carreira.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

28ª rodada: Palmeiras x Santos: atualizado!

Estamos sem Cicinho (atualizando: treinou hoje), Valdívia (seleção), Kléber ainda é dúvida. A situação tá feia no Palmeiras... novidade. Palmeirense é uma raça ruim. Não desiste nunca. Nem com gambá buzinando na orelha todo dia, bambi enchendo o saco... eu continuo acreditando no Verdão e foda-se o resto!

Bom, me resta sonhar - como todo bom palmeirense - ser o bigode por pelo menos uma noite (mais uma...) e tentar reverter a situação.

Felipada! (4-3-1-2) Deola; Gabriel Silva, Maurício Ramos e Henrique, Márcio Araújo; Kid, Chico e Tinga; Carmona ou Patrik; Fernandão e Milk.

Felipão já se pronunciou sobre os impactos de jogarmos sem o Luanel. Em alto e bom tom, disse que o time volta para o esquema com três volantes, ou seja, 4-3-1-2. O bigode deve ir de Gabriel Silva na lateral esquerda.  Na armação, a briga é entre Patrik e Carmona. Patrik já está acostumado a atuar na posição de armador, mesmo não sendo um. Carmona, talvez só no final do segundo tempo. Acho difícil começar como titular. Não vejo o Felipão colocando o rapaz no clássico, ainda mais depois de ficar "queimado" naquele fatídico encontro com o Atlético-GO, em que empatamos com dois a mais graças a um vacilo de marcação dele no finalzinho do jogo. Tinga, como sempre, entra pela direita e na linha de volantes. Fernandão isolado à frente e Maikon correndo que nem louco pelo canto, já que Márcio Araújo como lateral é nulo no apoio, Chico não faz milagre e Tinga... bem, vamos mudar de assunto.

Minha escalação! (4-2-2-2) Deola; Gerley (Rivaldo não, por favor), Maurício Ramos e Henrique, Márcio Araújo;
Kid e Chico; Carmona e Patrik; Fernandão e Milk. Mantendo Gerley quietinho no campo de defesa, Carmona na posição que costumava jogar pelo Criciúma, Maikon acelerando a bola pela direita e Fernandão na referência. Patrik no lugar de Tinga, que não vem jogando bem.

Carmona entraria novamente, pra pegar ritmo de jogo. Não sei se tem treinado como titular, apenas sei que vem treinando firme (assim como muitos outros que apesar disso não recebem a oportunidade de atuar sob o comando do Felipão...) e que tem recebido elogios dos companheiros de time (Kléber elogiando Carmona). Pelo que vi nos vídeos disponíveis no Youtube, pode render, mas ainda é preciso calma com o rapaz. Patrik atuando pela direita poderia auxiliar Maikon com a habilidade que tem, mesmo ficando esse lado do time à meia-bomba.. O problema sobre Patrik é que ele tem mais características de um atacante do que de um meia. Se ele atuar muito avançado, a bomba pode estourar em cima do Chico. Por isso a atuação defensiva de Márcio Araújo é importante, mesmo se Tinga "jogar" no lugar do Patrik.

Minha prancheta... triste prancheta

Atualização 1! Cicinho está treinando firme, jogou 30 minutos no último treino e pode ocupar a lateral direita. Desta forma, Márcio Araújo seria deslocado para o meio, onde entraria (possivelmente) ao lado de Marcos Assunção, o Kid. Estou em dúvida quanto a Chico, que tem atuado como volante titular. Não acredito que Felipão entre com três volantes, já que o meio-campo do Santos já não assusta tanto. Porém, como o estilo de jogo do Santos é o de um jogo aberto, com muita movimentação, pode ser que essa história mude, já que o Kid já não é mais um garotinho com "dois pulmões" como diria o comentarista Neto.

Atualização 2! Nem Cicinho, Nem Kléber viajaram com o time para a baixada. Agora seja o que Deus quiser.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Por um Felipão mais "ousado"

Observação importante (27ª rodada): empatamos mais uma. E contra o lanterna do campeonato... 

Agora vamos ao post!

Além de treinar e concentrar, o treinador é pago principalmente pela forma como arma o time antes do jogo e realiza as substituições para alterar a situação durante o jogo. Até o momento, Felipão tem patinado feio nessas atividades.

Erra antes...
Lembro o jogo contra o Botafogo no Engenhão em que colocou nada menos que 5 volantes. Adiantou? Tomamos 3 a 1. Em muitos outros jogos, entram 4 volantes, raramente 3. Como ele pensa em marcar gols com tantos volantes em campo? Esse é o problema na hora de armar o time, ou seja, antes do jogo começar. Questão estratégica.

... e erra depois.
Depois, quando o time está precisando do resultado, fica trocando peças iguais, o famoso 'seis por meia dúzia', sem alterar o estilo de jogo do time, sem deixa-lo mais agressivo. Troca Tinga por João Vítor, Gabriel Silva por Gerley, Fernandão por Ricardo Bueno. Esse é o erro durante o jogo. Escalações e mudanças que em nada alteram o padrão de jogo e, consequentemente, em nada alteram o resultado.

Considerações
Felipão de fato "acerta" jogadores. É um trabalho duro, traduzir idéias complexas sobre tática para jogadores certamente não é nada fácil. Porém, dentro de campo, as condições são variáveis e a flexibilidade do treinador é primordial para lidar com as adversidades. Durante as partidas do Palmeiras, entretanto, não vemos essa flexibilidade. O estilo de jogo do time é inflexível, invariável, e com isso, previsível. Isso é uma fragilidade.

Alguns - poucos, no momento - podem defender Felipão, argumentando que os volantes ajudam a prender a bola no campo de defesa adversário, que custa a voltar, encontrando o paredão no meio campo. Com a bola sempre no ataque, pelo menos na teoria, nos bastaria apenas ter atacantes na frente para finalizar ou realizar uma jogada ofensiva, combinado com bastante ligação direta.



Balela. Se por um lado, isso deu certo defensivamente - somos o time menos vazado do campeonato -, por outro lado, nos prejudicou quanto ao poderio ofensivo. Por quê? Porque mesmo um esquema básico armado no 4-4-2, com dois volantes e dois zagueiros, parece uma barreira intransponível para o Palmeiras, pois o time não conta com meia-armadores de qualidade desde a saída de Valdívia. O meia é fundamental para "furar" as linhas defensivas, seja por uma jogada de habilidade ou por um passe em profundidade, deixando os atacantes em melhores condições de finalização e conseqüentemente, aumentando as chances de marcar. E não é o que ocorre no Palmeiras.

Além de armar mal o time, Felipão escorrega nas alterações. Falta ao treinador do Palmeiras, um "baita dum treinador", diga-se de passagem, ousadia. O time é limitado sim, mas pode render muito mais. Precisamos de novas jogadas, mais trabalho coletivo, mais variações táticas. Isso melhora o entrosamento, e não o contrário. Se um time fica bitolado demais no esquema feijão-com-arroz, só saberá fazer o feijão-com-arroz e não saberá improvisar. Basta encarar um adversário que impõe mudanças no padrão de jogo que a partida fica complicada.

Muitos são os exemplos em que o time teve o controle do jogo durante quase toda a partida, mas não evoluiu além de um empate. Em uma reportagem recente do LANCE! (vacilos que custam a liderança), foram mostrados os pontos que estavam na nossa mão e que foram desperdiçados, podendo ter deixado o time na ponta, no melhor dos cenários, claro. Mas não há dúvidas que, se pelo menos parte destes pontos fossem recuperados, estaríamos na briga por uma vaga na Libertadores.

Em quase todas essas oportunidades, a situação era a mesma: tínhamos o domínio do jogo, ou seja, o padrão tático e as peças, naquele momento, quase davam conta do recado. Sem alterações, nada mudaria. Continuaríamos com o controle do jogo, porém sem o resultado. O que devia ser feito, afinal? Uma alteração efetiva, a saída de um volante por um meia ou atacante, uma mudança tática, uma nova jogada, algo que sacudisse o jogo, que deixasse o time mais ofensivo, que pegasse o time adversário desprevenido, uma mudança, não simplesmente uma substituição, mera reposição de peças. Coisa que Felipão não fez.

Resumindo, se o panorama é ruim, o excesso de conservadorismo do bigode deixa as previsões sobre futuro ainda piores. E por isso eu digo...

- Muda, Felipão!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

27ª rodada: Palmeiras x América-MG

Saiu a lista de relacionados para a partida de sábado:

Goleiros: Deola e Fábio
Laterais: Gerley e Gabriel Silva
Zagueiros: Thiago Heleno, Henrique e Maurício Ramos
Volantes: Chico, João Vitor, Marcos Assunção e Márcio Araújo
Meias: Tinga, Patrik, Pedro Carmona, Valdivia e Luan
Atacantes: Fernandão, Vinícius, Maikon Leite, Ricardo Bueno

Minha escalação:
Deola; Gabriel Silva, M. Ramos, Henrique, Márcio Araújo; Kid e Chico; Luan, Carmona e Maikon Leite; Fernandão. 4-2-3-1.

Felipada:
Deola; Gabriel Silva, M. Ramos, Henrique, Márcio Araújo; Kid e Chico; Luan e Tinga; Fernandão e Maikon Leite. 4-2-2-2 sem a bola, alteranando para 4-2-1-3 no ataque com o avanço de Luanel.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

São as assistências, Felipão!

Quando a fase é ruim, é preciso mudar. Se não há mudanças, o jeito é insistir no erro.

Não tenho nada contra o Kléber. Ainda acho que ele é o melhor jogador, tecnicamente, do nosso time. Só que nesse esquema não funciona. Está no time porque o resto consegue ser pior que o resto do elenco. Apesar de dar mais volume de jogo na frente, atuando mais como meia do que como um atacante propriamente dito, prende muito a bola, enrosca a dinâmica do time. Caso o Carmona (ou o Valdívia, retornando de lesão. Sinceramente, prefiro que o Carmona jogasse, porque a fase técnica do Valdívia está deixando - e muito - a desejar. Se contarmos a relação custo/ benefício então...), com uma sequência de jogos, consiga entrosar e dar qualidade ao centro, na minha opinião, é justamente ele - Kléber - quem deveria sair.

Com o meia atuando regularmente, poderíamos entrar de cabeça no 4-2-3-1 propriamente dito. Luan já atua aberto pela esquerda, meio volante, meio atacante, meio ala, o nosso exclusivíssimo LFB, left-forward-back. Com ele e Maikon Leite atuando bem abertos pelas pontas, o meia, no caso Carmona, ficaria incumbido da distribuição das jogadas para as laterais do campo ou diretamente com Fernandão. Para que Fernandão fosse acionado constantemente, seria necessário que Carmona atuasse muito avançado, que é a posição original do jogador. Na minha opinião, isso só é possível com um  segundo volante com boa saída para o ataque. Márcio Araújo tem boa saída, mas ainda é pouco para o Palmeiras, mesmo sendo "homem de confiança" do Felipão.

A presença dos pontas faz com que essa pressão criativa possa ser distribuída para os lados do campo, e o meia atacante poderia atuar com mais liberdade. Márcio Araújo saindo pela direita, Kid fixo pelo centro, Carmona caindo mais pela esquerda, que é onde costuma jogar. Fernandão fazendo o pivô e, quando a bola cair por uma das laterais, seja com Luan ou Maikon, posicionando-se na pequena área para receber um cruzamento. O ideal, nesse caso, seria a adaptação dos jogadores para essa função de realizar assistências pelas laterais. Luan cruza muito mal e tanto ele quanto Maikon são melhores na finalização do que nesse quesito. Resumindo, continuarão fazendo o corre-corre em direção à grande área e chutando, independente da qualidade da finalização, ao invés de realizar uma assistência. E nessa reta final de Campeonato, acho difícil que Felipão os coloque para treinar esse tipo de jogada.

Em quantidade de assistências, comparando jogadores que atuam pelos lados do campo de outros times com os nossos jogadores, a diferença é gritante. Vamos pegar os dois meias do Botafogo, Maicosuel (esquerda) e Elkeson (direita). Maicosuel tem até o momento 10 assistências. Luan tem 4. Elkeson, pela direita, 17. Tinga, 0. Nosso "garçom", Valdívia, tem 4. Pela quantidade de vezes que Felipão escala Tinga, não tenho certeza de que ele olha os números.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Esse é o time

O Palmeiras empata, empata, empata, empata, perde, empata, empata, empata, ganha, empata... Por quê?

Olhando as estatísticas de Vasco e América-Mg, primeiro e último colocados até a 24ª rodada do campeonato, impressiona a quantidade de quesitos em que os valores são quase idênticos. Mesmo número de cruzamentos, desarmes, passes certos e até escanteios conquistados. Finalizações? Igual. Seria então a qualidade individual o vilão do time mineiro? Ou melhor, quantas dessas finalizações (certas) viram gol? Até a 24ª rodada, 37 gols do Vasco contra 30 do Atlético. Analisando o total de finalizações certas no campeonato, temos 34% de acerto contra 29% de acerto. Quase a mesma coisa. Onde está o defeito então? Onde está o número diferente entre os dois times?

Se olharmos o número de gols sofridos, veremos que o Vasco tomou, até a 25ª rodada, 28 gols. O Atlético, 46. Então, a razão para o sucesso está no setor defensivo, certo? Errado. No setor ofensivo? Também errado. E é aí que entram dois novos personagens na história: Palmeiras e Coritiba.

Primeiro, olhemos para o número que mais difere entre os dois, o de gols sofridos. Para ilustrar o porquê de não ser o sistema defensivo, vejamos o caso do Verdão. O Palmeiras tem, até a presente rodada, 24 gols contra. É o menor valor entre os 20 times que disputam o campeonato. Resolveu? Estamos em sétimo. É lógico que para estar entre os primeiros, esse número não pode ser tão grande quanto... digamos ,46 gols? Sim, mas ter o melhor sistema defensivo não ajuda tanto quanto se imagina.

Então fazer gols é o caminho? Não. O Coritiba tem o melhor ataque do campeonato, assusta qualquer time. São 42 gols em 25 jogos, média de 1,68 por partida. Jogo do Coxa é bom porque a chance de sair mais de um gol é quase certa. Mas resolveu? Estão em 9º na tabela.

Então a diferença é buscar o equilíbrio entre sistema ofensivo e defensivo? Não, também! Novamente, o Coxa entra na jogada. O saldo de gols do time é de 11 gols, o mesmo número do São Paulo, atual segundo colocado e melhor, isso mesmo, melhor que os 10 gols do Vasco, que está 10 pontos acima na tabela.

O problema do Coxa, analisando friamente a tabela, é a irregularidade. Ganha de goleada de um e acaba perdendo de outro. Depois, nova goleada, e em seguida, nova derrota. Se distribuísse esses gols marcados quase que, se me permitem o pecado de dizer, "desnecessariamente", para os jogos que perdeu, certamente estaria no topo da tabela. O problema do América é ainda mais claro, porque se tivesse um sistema defensivo forte, como por exemplo, o do Palmeiras, estaria em qual posição?

Aí entra o nosso Verdão de novo. Por quê? Porque o Palmeiras tem o MESMO número de gols marcados que o lanterna até a 25ª rodada.

Incrível? Nem tanto.

O fato do Palmeiras não marcar tantos gols está umbilicalmente ligado ao sistema defensivo forte armado pelo Felipão. Não tomamos gols porque nosso time está saturado de defensores, por assim dizer. Nenhum time joga com tantos volantes quanto o Palmeiras, e os exemplos são muitos. Contra o mesmo Ceará, que enfrentamos na última rodada, fomos de 4-3-1-2, com Rivaldo na lateral esquerda e Chico na linha de volantes propriamente dita. Quatro volantes em jogo. O exemplo mais absurdo do uso de volantes foi o jogo de volta contra o Botafogo. Nada menos que cinco volantes em campo, em um 4-3-2-1 que só existia no papel, pois na prática era um 4-5-1, acéfalo, medroso, uma Muralha da China no meio campo que em nada impediu a goleada por 3 a 1.

O problema é que essa muralha, na média, funciona muito bem. Funciona tão bem que fica difícil para o Felipão tirar um volante de campo para colocar, por exemplo, um meia inexperiente e ainda sem entrosamento como o recém chegado Pedro Carmona. Felipão, melhor do que ninguém, sabe que o problema do Palmeiras é fazer mais gols. Só que para isso é necessário mudanças, porque sem elas empataremos até o final do campeonato. Vale a pena arriscar? É complicado. Cabe ao treinador avaliar se, com a saída de um volante e a entrada de um meia, a quantidade de gols que faremos será maior que a quantidade de gols que iremos sofrer.

A entrada do meia vai, inevitavelmente, gerar perda defensiva justamente porque o meia, além de nem sempre marcar, quando o fizer, fará porcamente (fina ironia). Outro ponto, e mais importante, é que ele tentará jogadas mais complexas e arriscadas, e mesmo tendo mais qualidade para realizá-las que um volante, perderá mais bolas por causa da marcação mais acirrada. Se aplicarmos o pensamento a um volante improvisado na meia, ele tenderia a perder muito mais bolas que o meia. O problema é que um volante improvisado dificilmente arrisca jogadas mais complexas ou em profundidade, dando mais passes de lado do que qualquer coisa. Por isso é preciso ter certeza de que vale a pena.

Dito isso, na minha avaliação, o panorama é o seguinte. Temos um time fechado na mão, que se defende bem, está razoavelmente bem na tabela. Caso os concorrentes mais próximos vacilarem, bem próximos mesmo, subiremos na classificação e conquistaremos, se Deus quiser, a vaga na Libertadores, premiados pela regularidade (empata empata empata empata...) que é e sempre será, diga-se de passagem, uma regularidade garantida. O campeonato está próximo do fim e leva tempo para o jogador entrosar com um time que joga o mesmo jogo há 25 rodadas. Logo, Carmona só mais pra frente e entrando no finalzinho do segundo tempo.

Ou seja, a chance é grande dele - Felipão - deixar o time como está, repleto de volantes, e força-los a ganhar até espanar. O que vier é lucro. A entrada do meia fica para os pontos "quase" ganhos, aqueles jogos "fáceis" (que na reta final, convenhamos, nenhum ponto é fácil, a não ser quando o time está matematicamente rebaixado). Valdívia só volta da seleção mais pra frente e retornando de lesão.

Sulamericana na mão. Com sorte, Libertadores. Com mais sorte ainda, o Rinus Michels baixa no Felipão, ele arma um time de forma decente e os jogadores começam a jogar como a Laranja Mecânica de 74. Daí sim a gente ganha o Brasileirão.

25ª rodada: Palmeiras 1 x 0 Ceará


Quando o craque da partida é o Luan já dá pra saber como foi o jogo. Foi feio. Não que Luan tenha feito uma partida ruim, pelo contrário. Foi o autor do gol e responsável pela lance de maior perigo, um chute forte de fora da área, cruzado, no cantinho, que o goleiro do Ceará pegou. A "Felipada" ficou por conta do Tinga, claro.

Atuando no esquema de sempre, o time jogou bem. Como no jogo de ida, dominou a partida. O lateral Boiadeiro, que "montou" na lateral esquerda do Verdão naquele jogo, jogou. Mas não montou, para a nossa sorte. Gabriel Silva até que foi bem defensivamente, coisa que não via há tempos. Falta apoiar mais. Washington, muito marcado, nada fez. E Thiago Humberto, o cara que poderia dar trabalho, entrou no final do jogo, justamente no lugar do lateral-peão. Vicente encontrou Márcio Araújo, Tinga, Chico. Resolveu ficar lá atrás mesmo.

Contra um time desses, o Palmeiras jogou melhor durante, digamos, uns 75'. Dominou a partida, mesmo jogando com um lado só, o esquerdo, claro. Márcio Araújo na direita não funciona, já apontamos. E quando a bola passa adiante, encontra Chico, Tinga. Não dá pra esperar muita coisa. Sem a bola chegar, Kléber atuou mais recuado, a entrada de Carmona ficou para a história. Já esperávamos.

Tinga estava mal na partida, então Felipão surpreendeu novamente aos 24' da segunda etapa tirando o jogador para colocar... João Vitor. Volante por volante. Genial. Na outra substituição, faltando 5 minutos para o final do jogo, trocou Fernandão por Maikon Leite. Com Kléber recuando toda hora, ficamos sem centro-avante. Atuando em um 4-3-3 acéfalo, com três volantes e três atacantes. O único lance real de perigo, em uma jogada em velocidade pela direita, Maikon quase fez. Mas foi só. O Ceará mandou no final do jogo, fazendo chuveirinho de todas as formas possíveis. Um time com tantos defensores em campo fez o que dele se esperava: não tomou gol.

Conclusões, sábias conclusões
Mesmo jogo como sempre. Palmeiras criando pouco, marcando muito, fazendo gols quando dá. Sem jogada coletiva, acéfalo, ligação direta, esperando uma bola premiada do Kid chegar na área para escorar. O gol do Luanel, como se sabe, não foi dele. Foi de um negócio que, em Estatística, chamamos de "erro". Coisa não prevista no modelo, um "ruído" na tendência. Ou sorte, como preferirem chamar.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Palmeiras no 3-5-2?

Sim, poucas são as chances, mas não custa sonhar e bancar, nem que por um instante, o papel do Bigode. Além do mais, são tantas as "Felipadas" que todo palmeirense já teve ao menos aquele palpite do tipo "tira um volante, bota um atacante!", "esse cara é muito ruim, tira ele daí", entre outros.

Para o clássico jogaço entre Palmeiras e Ceará no Marac... Canindé, teremos vários desfalques para as laterais. O retorno de Gabriel Silva não me agrada muito, como lateral, não tem servido nem ofensivamente, nem defensivamente, mas Felipão o utiliza bastante e Gerley conseguiu entrar em campo para ser expulso contra o Avaí. Como Cicinho está lesionado, Felipão pode ter de usar Márcio Araújo como lateral direito novamente. Chico está comendo a bola como volante e o treinador dificilmente o deixará mais recuado.

Como disse no post anterior, o uso de Márcio Araújo na lateral direita é apenas um tapa-buraco e arrebenta com a dinâmica de jogo pela direita. Pra melhorar o entendimento, explico. O time do Felipones é um 4-2-2-2 que alterna para o 4-2-1-3 com a bola. No ataque, com Kid mais fixo, o meia armador apóia mais o lado esquerdo auxiliando Luan enquanto Márcio Araújo, nosso segundo volante, apóia mais pelo lado direito do campo. O problema é que o esquema supõe que os laterais estejam em campo. Concluindo, quem irá fazer o papel de Márcio Araújo é Tinga (joga muito hein... PQP), e o de Cicinho, Márcio Araújo. Entendeu agora porque a direita não vai funcionar? E o pior, acho que Felipão vai pro jogo assim mesmo.

Palpite:

Esquema do Bigode: 4-4-2 (4-2-2-2 variando para o 4-2-1-3, as EVER)
Deola; GS, Maurício Ramos, Henrique e Márcio Araújo; Kid e Chico; Luan e Tinga; Kléber e Fernandão (ou Maikon Leite).

Resultado? A direita não vai funcionar, Fernandão/ Maikon vai ficar isolado novamente porque Tinga vai jogar aquele bolão de sempre. Chico novamente vai ser o destaque da partida (todo mundo o elogiou, e com razão, mas ninguém se pergunta o porquê dele se destacar), Márcio Araújo muito discreto na lateral, subindo pouco ao ataque. Basicamente, pode jogar o lado direito do time fora. Posso queimar a língua amanhã, mas as chances são grandes de termos meio time. Pelo lado esquerdo, as perspectivas não são das melhores. Gabriel Silva não vem jogando porra nenhuma desde o mundial, apóia pouco e marca muito menos. Sem o meia armador caindo por lá, ficaremos no corre-corre desenfreado do Luan mesmo. Kléber, lógico, voltando desesperadamente porque a bola não chega e Fernandão, um dos poucos lúcidos, ficará próximo à área, fazendo o pivô (que faz bem e inteligentemente, pelo que vi nas 4 ou 5 últimas partidas) e aguardando uma bola pelo alto ou em condições de finalizar. O que nos resta? Bola parada, claro. Na sorte, resolve. Chance grande de empate, pequena de ganhar ou perder.

Meu esquema "diferenciado": 3-5-2
Deola; Chico, Maurício Ramos e Henrique; Luan (ala esquerda), Marcos Assunção e Márcio Araujo (volantes), Maikon Leite (ala direita), Carmona (armador); Kléber e Fernandão (atacantes).

Resultado? As dinâmicas de jogo, tanto pela direita quanto pela esquerda não se afetam mesmo com a saída dos laterais. Com três zagueiros, Luan e Maikon podem se posicionar mais adiantados. Com Kid fixo, Carmona faz o apoio pela esquerda e Márcio Araújo o apoio pela direita. Kléber não precisaria recuar tanto com a presença do meia, e com os dois atacantes próximos à meta adversária, melhor para nós palmeirenses, pior para quem estiver no caminho.



Se você acha que o Felipão vai botar o time no 3-5-2, continue sonhando. Todos sabem que o Bigode, na melhor das hipóteses, segue a linha do Heleno Herrera, pai do Catenaccio. A filosofia é menos a de marcar um tento a mais do que a de conceder um gol a menos. Mete volante neles Felipão!

24ª rodada: Palmeiras 1 x 1 Avaí


Quando Rivaldo sobe a campo meu coração de torcedor apaixonado só espera duas coisas: que ele seja rapidamente substituído ou que faça alguma besteira capaz de enfurecer tanto Felipão a ponto de tirá-lo do esquadrão principal definitivamente. Minhas preces foram atendidas e o jogador acabou expulso antes do primeiro tempo acabar. O problema é que Felipão tirou um jogador que estava razoavelmente bem (Fernandão) na partida para dar lugar a Gerley, na lateral esquerda, com o Palmeiras atuando no 4-4-1. E Gerley acabou, por puro conservadorismo do árbitro, também sendo expulso. Resultado? Se você é palmeirense, acertou. Empate, de novo.

Agora, minhas considerações sobre a partida. Luan voltou a ser a nossa enceradeira de duas velocidades, botão "correr pra trás e fazer falta" e botão "correr pra frente e chutar a bola de olhos fechados".  O motivo? Essa é fácil. Quando não marca gols, só pode ser avaliado dessa forma. Em um momento bastante grotesco, chegou a pisar na bola, literalmente. Mas não foi uma "pisadinha" de leve. Foi uma senhora pisada. Lance de Série C. Luan, Luan, a velocidade um dia acaba... se aprimore enquanto é jovem.

Fernandão, regular. Kléber? Acho que não funciona. Não adianta cravar que é técnico, bom jogador, driblador, importantíssimo para o clube. Tenho certeza disso tudo. Mas no Palmeiras, não funciona. Por quê? Porque o time não tem meia.  Patrik é atacante e Tinga volante, sim. Mas um tal de Pedro Carmona não estava sentado no banco de reservas? Quando a bola não chega lá na frente com qualidade, ele volta, faz pivô e o escambau. Por isso ele recua. E quando ele recua, recebe a marcação adversária. E quando recebe a marcação adversária, cai. E quando cai não serve pra p. nenhuma. Por quê? Porque o Kid pega bem na bola de longe, pode até cruzar, mas não tão longe. E então, ele fica lá perto da área, rezando para que uma bola abençoada do Kid - as duas de uma vez nem a Rita Cadillac aguenta - caia macia, delicada, pousando suavemente sobre os seus pés, para que ele possa enfim chutá-la, sem muita marcação, sem estar desequilibrado, cabeça erguida, bola para um lado, goleiro pro outro, dancinha à la João Sorrisão, pose para as câmeras, pose de rebelde, abraço pra família.

Porra, Felipão!

Precisamos de um time que jogue coletivamente. Os times que estão na ponta jogam coletivamente, e muito bem. Agora, torcer para o Palmeiras é como aplicar em um CDB pré: não vai render muito, mas nunca vai deixar de render. Por quê? Porque pro Felipão, volante é volante. Ok. Meia é volante. Como? Lateral é volante. Hein? Atacante é volante. Não é possível! Sim, é possível. Felipão converteu Luan em um volante. Pensaram que isso não era possível, né? Sim, é possível. Luan é volante. Quando o Palmeiras entra em campo com Rivaldo na lateral esquerda, Márcio Araújo na lateral direita e Luan na ponta esquerda, o time está na verdade atuando com cinco volantes. Isso quando não resolve botar o Tinga ou o João Vítor na meia-direita. Daí são seis. E em um time cheio de volantes, é claro que não tomaremos gol, mas a bola não vai chegar no ataque. Contamos então com a sorte para vencer, e na pior das hipóteses, dá empate. Simples assim! Se perguntarem pro bigodudo, porém, ele dirá que o time tem vários meias. Na escalação do Palmeiras para o próximo jogo já saiu a relação com três meias. "Meias: Patrik (atacante), Tinga (volante) e Pedro Carmona (esse sim, meia)". Agora vai!

Por fim, meu palpite para o jogo contra o Ceará. Cicinho está lesionado, ou seja, não adianta colocar o Maikon Leite pela direita. Não vai render tanto, porque o Márcio Araújo vai ficar muito recuado. Rivaldo, graças a Deus, está suspenso. Infelizmente, Gerley também está. O bigode pode então ter que atuar de novo com três zagueiros, deixando o Chico recuado. O mesmo Chico que matou a pau como volante nos últimos jogos. Decisão difícil, mas o Palmeiras é maior.

Se eu fosse o técnico...

3-5-2. Deola; Chico, Maurício Ramos e Henrique; Luan (ala esquerda), Kid e Márcio Araújo de volantes, Maikon Leite (ala direita); Carmona na armação; Kléber e Fernandão no ataque.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Pedro Carmona


A contusão de Valdívia e a saída de Lincoln para o Avaí nos trouxe Pedro Carmona, ex-Criciúma. O Valdívia que voltou do futebol árabe não era o mesmo que nos trouxe alegrias em 2008, apesar da qualidade indiscutível. Lincoln, por sua vez, deixou seu bom futebol na Europa. É nesse panorama que chega Carmona, em boas condições físicas e pronto para atuar. Tem tudo para se firmar no elenco, já que Patrik não serve como meia-armador, tendo características de atacante.

Será interessante ver essa partida de domingo contra o Avaí. Dependendo das características do meia, o padrão de jogo do time pode ser alterado. Se ele é um "Ganso", com boa visão de jogo e excelente passe longo, podemos sofrer alteração no padrão de jogo? Bem sabemos que as características de Valdívia são completamente diferentes das qualidades da "jóia" santista. Carmona, por sua vez, é um pouco de tudo. Cobra faltas bem, é habilidoso, tem boa visão de jogo, tem bom passe longo, finaliza com os dois pés. Quem sabe Fernandão e Kléber brigando por uma vaga no ataque... só o tempo dirá.

Segue alguns lances do jogador:

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

20ª rodada: Palmeiras 1 x 3 Botafogo

4-3-2-1 de Felipão: 5 volantes e Fernandão isolado no ataque


Cinco volantes.
Isso mesmo. Cinco.

Armado no 4-3-2-1, Felipão levou mais do que uma retranca para o Engenhão, na fria noite de 31 de agosto. Levou medo. Que o Botafogo possuia habilidosos meias, já sabíamos. Elkeson e Maicosuel estão voando no campeonato. Que boa parte dos seus gols haviam saído de jogadas pelo meio, também sabíamos. Mas seria mesmo necessário exagerar na marcação do meio-campo ao ponto de levar cinco volantes para o jogo? Qual o propósito de deixar Fernandão na referência, à própria sorte, sem ninguém para apoiá-lo? Talvez Tinga? Quem sabe, Rivaldo... não tenho comentários para descrever tão pífio rendimento dentro de campo deste jogador. Mal marca, comete faltas desnecessárias, chutes de tão longa distância que nem mesmo se o espírito de Marcos Assunção encarnasse conseguiria atingir o alvo. Deprimente. E quando não só os presentes torcedores daquela noite fria, mas também torcedores em suas casas, comentaristas esportivos, radialistas, sabiam apontar para o jogador que devia ser substituído, Felipão tira Tinga de jogo.

Se o intuito era reagir, as mudanças iam na contramão. Solitário, Fernandão, o melhor em campo, mostrou garra e acima de tudo, qualidade. Fez bem o pivô, sabe tabelar com inteligência, levou perigo à defesa do Bota, mesmo sozinho. Ricardo Bueno jogou pouco e pouco jogou.

Frente à um adversário com a proposta clara de que veio apanhar pra depois revidar, o Botafogo fez o que sabe fazer de melhor. Marcou logo no começo com a desatenção do craque Rivaldo. Gabriel Silva, que desde o mundial Sub-20 demonstra grande deficiência no aspecto defensivo, foi uma mão amiga para o time carioca. O fogão sobrou pela direita, com Elkeson e o bom lateral Lucas. Muitas chances vieram por lá no primeiro tempo, e como bem sabemos, água mole, pedra dura... o segundo gol saiu por lá.

Com o resultado garantido, nem foi preciso realizar alterações para endurecer o jogo. Mas ainda assim, o time conseguiu achar um gol com Maicosuel, impossível na noite. Tantos volantes em campo, ninguém percebeu seu oportunismo. Cicinho perdeu a bola na lateral direita e, com o time do Palmeiras todo no ataque, o meia do fogão saiu em disparada, driblou Deola e deixou o dele. Ao final do jogo, Marcos Assunção, de novo, de falta, pra não ficar tão feio.

Não conseguiu.


Considerações
Existe coisa pior que um jogador ruim? Existe! Cada palmeirense que se preze está coçando a cabeça nesse exato momento, pensando como um técnico campeão do mundo que treinou Chelsea, seleção brasileira e seleção portuguesa, pode insistir em um jogador como Rivaldo? Perdido em campo, marcou mal, não criou nada, deixou a ala esquerda às moscas. Algumas questões inexplicáveis sobre este jogo:

  1. A perda defensiva com a saída de Luan já estava garantida com os três volantes. Qual a lógica em utilizar Rivaldo pela ponta esquerda? Verdadeiro desperdício de tempo e oportunidade.
  2. Por que Felipão não colocou Patrik em campo (já que Valdívia estava servido a seleção chilena) para melhorar a criação de jogadas? O time já contava com três volantes e Tinga um pouco mais avançado pela direita.
  3. Por que Gabriel Silva jogou quando Gerley, melhor defensivamente e no apoio, estava disponível? Gabriel estava na seleção sub-20, outro nível, outra competição. Gerley já havia jogado pelo time, tinha ritmo, entrosamento.
  4. Finalmente, por que CINCO volantes? Se para fazer gols é preciso atacar, como o time conseguiria chegar próximo dá pequena área com tantos defensores? Fazendo gols de tiro de meta? É inexplicável essa postura e extremamente decepcionante ver um time da grandeza do Palmeiras com um futebol tão pequeno, beirando ao ridículo. Se vamos depender de bola parada o campeonato inteiro, se a cada jogo a estratégia é congestionar o centro com o máximo de volantes possível, qual a serventia dos serviços de um técnico tão caro quanto Felipão?

domingo, 14 de agosto de 2011

16ª rodada: Palmeiras x Vasco


O Palmeiras veio a campo no esquema habitual, com apenas algumas mudanças no ataque e na defesa. Maurício Ramos, com dores musculares, deu lugar a Henrique. Chico entrou no lugar de Marcos Assunção, suspenso pelo terceiro amarelo e no ataque, Dinei entrou no lugar de Maikon Leite.

Do lado vascaíno, o time veio sem o craque Diego Souza, armado no 4-2-2-2, alternando para o 4-2-3-1 sem a bola. Rômulo e Jumar fizeram as costas de Juninho Pernambucano, centralizado, Felipe caindo na esquerda e Éder Luis pela direita. Elton fixo como centro-avante.

1T: Começo equilibrado, Palmeiras melhor
Os dois times começaram atacando, o Vasco trabalhando mais a posse de bola, o Palmeiras atuando no contra-ataque. Porém, o que o time carioca ganhou em qualidade com os dois meias-trintões, perdeu em velocidade. Os dois jogadores contribuem para deixar o time lento (facilitando o encaixe da marcação) e com a subida dos laterais, o Vasco ficou muito exposto aos contra-ataques. Na base da velocidade, aos poucos o time paulista começou a dominar o jogo, explorando tanto pela direita, com Cicinho, e principalmente pela esquerda, com Luan e Gerley, sobrando por aquele lado. Valdivia se apresentou bem novamente, com preparo físico cada vez melhor e fazendo passes em profundidade com perigo. Aos 20', Luan cruzou rasteiro para o meio, a bola passou por todo mundo e quase entrou. Dinei se posicionou muito bem na área e em outra jogada quase abriu o placar.

2T: Vasco veloz, erros de pontaria
O Palmeiras sentiu o calor no segundo tempo e reduziu a velocidade das jogadas. O excesso de chances perdidas foi fundamental para a reação vascaína. A impaciência dos jogadores aumentou os passes errados do time e facilitou a armação dos contra-ataques adversários. Na ausência de jogadas coletivas, sobrou o que o Palmeiras sabe fazer de melhor, as bolas paradas. O time conquistou muitos escanteios, e em um deles quase chegou ao gol, com Chico acertando o travessão logo aos 2'. Aos 11', Ricardo Gomes começou a fazer as mudanças que mudariam a partida. Colocou o bom meia Bernardo no lugar de Éder Luis, que pouco conseguiu realizar com a marcação pesada em cima dele. Aos 16', Juninho saiu para a entrada de Leandro. O time ficou mais veloz, Felipe melhorou na armação, mas mesmo assim o Vasco não foi capaz de superar a falta de pontaria. Com os dois lados sem conseguir superar suas deficiências de finalização e criação, sobrou para a bola parada decidir. E novamente, o Vasco teve melhor sorte. Bernardo, aos 35', marcou em linda cobrança de falta. 1 a 0, placar final.

Considerações
O time evoluiu em alguns pontos. O entrosamento melhorou, e se hoje não contava com Marcos Assunção, conta com um Valdívia cada vez melhor na ligação do meio para o ataque. O chileno deu passes em profundidade, fisicamente já atende e pode jogar mais. Enquanto o Vasco esteve lento, o Palmeiras pode encaixar a marcação e ofereceu mais perigo ao gol de Fernando Prass com os contra-ataques. Dinei jogou bem, Kléber e Valdívia jogaram com inteligência. Novamente nosso vilão foi o fundamento "finalização".

Com o Vasco mais veloz no segundo tempo, ficou difícil criar já que o time agora gastava mais tempo e energia marcando o adversário. As chances de gol ficaram mais raras. Maikon Leite entrou bem no lugar de Dinei, que fez boa partida, mas pouco adiantou com a péssima atuação de Márcio Araújo. Com ele, a dinâmica pela direita não funcionou em momento algum, exceto nas subidas de Cicinho, que infelizmente não acertou um bom cruzamento durante toda a partida e ainda levou um amarelo por falta em Bernardo.

Luan pode não ter feito boa partida, mas foi dos seus pés que saiu a melhor jogada de ataque no primeiro tempo e o jogador deitou e rolou pela esquerda até as alterações de Ricardo Gomes surtirem efeito. Gerley subiu e marcou bem, jogo excelente do lateral.

Resumindo, de São Januário levamos de bom apenas uma melhora técnica de Valdívia e Gerley, com melhora no entrosamento, como se pode ver nos contra-ataques. O time saiu mais forte do Rio, mesmo sem os três pontos. Que isso sirva de lição para o elenco para a próxima rodada.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

14ª rodada: Palmeiras 1 x 1 Coritiba


O Coxa conseguiu atuar com mais facilidade, empurrado pela torcida, tomando a iniciativa e partindo para cima do Palmeiras. Como já citamos, é um time muito forte dentro de casa. Veio na formação que está acostumado a jogar, com Maranhão no lugar de Jonas, e dois meias, Rafinha e Tcheco, além de Léo Gago, que chuta muito bem a bola. Já o Palmeiras de Felipão armou o time com poucas alterações em relação ao último jogo, apenas colocando Márcio Araújo no lugar de João Vitor e Kléber no lugar de Dinei. Patrik entrou na vaga de Maikon Leite, gripado. 4-2-1-3, variando para o 4-2-2-2 com o recuo de Luan, esquema de sempre.

A zaga falha duas vezes
O Palmeiras começou fechado, porém sem deixar de falhar em alguns momentos na marcação, já nos minutos iniciais. Antes mesmo dos 5 minutos de jogo, Léo Gago aproveitou passe errado de Thiago Heleno, lançou Bill na pequena área, que se livrou de Maurício Ramos e chutou na rede pelo lado de fora. Aos 5', o time reagiu, Valdívia encontrou Kléber pela direita, e mesmo com três marcadores, bateu pro gol, sendo bloqueado. Valdívia, diga-se de passagem, fez boa partida, porém muito aquém do que pode oferecer. Aos 8 minutos de jogo, porém, o Coritiba abriu o placar. Falha de Maurício Ramos no escanteio pela direita, deixando Emerson cabecear forte, Marcos ainda espalmou a bola mas Jéci completou o rebote. 1x0. O time saiu em busca do empate, mas o que mais conseguia eram perigosos contra-ataques do Coxa na sequência. Em um deles, aos 14', Thiago Heleno voltou atrasado, Bill recebeu lançamento livre na ponta, ficou cara a cara com Marcos, que salvou o time do segundo gol.

Velha História, sempre ela
O torcedor palmeirense está careca de saber. Quando nada no time funciona, o que parece comum nessas últimas rodadas, a bola parada resolve. E de novo, Marcos Assunção, aos 19', bateu fechado, de fora da área, a bola desviou na defesa do Coxa e entrou. 1x1.

Palmeiras mais eficiente, chances desperdiçadas
Pouca coisa mudou depois do gol do Verdão. O Coxa pressionou bastante, o Palmeiras também se arriscou, mas o que se viu foi um verdadeiro desperdício de oportunidades, muitos chutes travados, para fora, para o alto. Apesar da pressão, o Palmeiras levou mais perigo ao gol. Aos 35', Gerley cruzou rasteiro pela esquerda, a defesa do Coxa rebateu mal, Luan recebeu a bola e foi claramente derrubado, mas o juiz não marcou o pênalti, em um lance que poderia ter mudado a história do jogo. No finalzinho do primeiro tempo, aos 45', Márcio Araújo rolou para Valdívia pela direita, enganando a linha burra, que bateu cruzado. A bola passou rasteira na frente do gol, mas Luan chegou atrasado e o time perdeu mais uma boa oportunidade de aumentar o placar.

Continuidade. A zaga falha novamente
O segundo tempo continuou com a proposta do primeiro: Coxa partindo para cima, Palmeiras no contra-ataque, Coxa no contra-ataque do contra-ataque, e por aí vai. Os dois times atacavam desordenadamente e  partiam para cima do oponente do jeito que dava. Só que o Coxa se deu melhor com a má atuação dos zagueiros palmeirenses. Cicinho cobrou lateral pela direita, com a marcação avançada, Maurício Ramos deu um péssimo chutão pra frente, dando a bola de presente para Rafinha. O meia rolou a bola para Bill, que obviamente ia ganhar na corrida em cima de Thiago Heleno, que não pensou duas vezes. Derrubou Bill e foi expulso.

Noite fria, Coxa no Couto, um a menos...
A partir daí, foi só pressão. Felipão rapidamente sacou um jogador de linha para colocar o recém-contratado Henrique. Colocou o rapaz numa fria, mas ele conseguiu segurar as pontas pela esquerda. O time mostrou seu potencial defensivo, um dos melhores do Brasileiro, e impediu uma vitória do Coxa, em pleno Couto Pereira, com um jogador a mais.



Considerações
Funciona mais ou menos assim, jogar com o Coxa no Couto Pereira:

1. Todos sabem da recente história de sucesso desse time, sabem do perigo potencial de enfrentá-lo em casa. E sabem que o Coxa vai partir pra cima. Então a estratégia é manter a defensiva, time todo atrás, desarmar e sair rápido contra-ataque.

2. Com o time adversário todo no campo de defesa, o Coxa adianta a marcação, fazendo marcação por pressão.

3. O outro time perde ainda bola no campo de defesa (ou na ligação direta) e o Coxa ataca, bem próximo à meta adversária.

O Coxa não tem bons números de desarmes, mas faz a marcação pressão muito bem, porque tem velocidade. Isso casa perfeitamente com o Palmeiras, que é um dos líderes do Brasileiro em número de bolas perdidas. O lance da expulsão de Thiago Heleno saiu da pressão sobre Maurício Ramos, que errou na ligação direta ao invés de rolar a bola para o companheiro de zaga. Além disso, quando o Coxa pega na bola, não perde. Para o azar de nós, palmeirenses, o Coxa tem um dos melhores números no fundamento "bolas perdidas".

Influência do Couto? Certamente. Fomos melhores? Não. Fomos mais eficientes, apesar de finalizamos mal, isso é verdade. Mas a falta de segurança da zaga, principalmente de Maurício Ramos, contribuiu para o resultado. Ele falhou no primeiro gol, sim. Empatamos em seguida. Mas ele falhou novamente na expulsão de Thiago Heleno. E acabou com nossas chances de reagir.

Bola pra frente e o campeonato segue. 1 ponto no caixa.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Como a mudança na regra do impedimento forçou o 2-3-5 ao WM

O ano era 1925. A FA (Football Association) enfrentava uma média de 2.58 gols por jogo na temporada, algo impensável. Com a baixa média de gols, a média de público despencava. O Futebol havia se transformado em algo tedioso e era preciso fazer algo.

Em novembro, a associação resolveu tomar uma atitude radical. Alterou a regra do impedimento, intocável desde 1866, ou seja, 59 anos. Antes, a regra dizia que para um jogador não estar impedido, era preciso ter pelo menos três defensores à sua frente, ou seja, goleiro e mais dois. A entidade alterou esse número para dois, ou seja, goleiro e mais um defensor, criando o que hoje é chamado "último homem". Antes, o "último homem" de hoje era, na verdade, o penúltimo homem.

Times como o Newcastle United, tão adeptos à armadilha de impedimento, tiveram de se adaptar. O número de gols por partida aumentou consideravelmente na temporada seguinte, 1925-1926, para 3.69 gols. Os times, que até então armavam seus times no 2-3-5, precisavam de uma solução defensiva. Se antes podiam facilmente armar uma armadilha de impedimento, agora eram rapidamente pegos em desvantagem numérica em um ataque pelo centro, em situações de 3 contra 2, 2 contra 1, ou pior.

Os efeitos da alteração da regra de impedimento em 1925:

A solução foi encontrada por Herbert Chapman, que em 1925 assinou com o Arsenal, vindo do Huddersfield. Chapman recuou o jogador que, naquela época era chamado de "centre-half", basicamente, o médio do centro da linha de três jogadores do 2-3-5 para recompor o buraco na defesa, trabalhando agora com três defensores (lembrando que nos dias atuais a maior parte dos times trabalha com quatro defensores, sendo que os laterais também são considerados defensores). 

Partindo de uma série de premissas, entre elas a de que o ataque devia partir de uma boa defesa, com o foco no contra-ataque, e de que um ataque construído pelo centro é muito mais perigoso e objetivo do que simplesmente correr pelas laterais do campo e fazer o cruzamento para a pequena área, Chapman criou ainda o que seria o precursor do esquema que ele próprio aperfeiçoou, o chamado "WM", um 3-4-3 com 4 linhas de jogo (3-2-2-3), com o "quadrado mágico" no centro, o coração da armação de jogadas de ataque. 

Chapman recuou dois atacantes da linha de cinco jogadores à frente, recuou um centro-médio da linha de 3 jogadores anterior para a zaga, com o único intuito de marcar o centroavante adversário. Os dois zagueiros restantes marcavam os wingers do rival, enquanto os "half-backs" (volantes) marcavam os "inside-forwards" (atacantes "por dentro", que ladeavam o centroavante)  da linha de cinco atacantes. Compactava o centro, esperando os times adversários atacar com seus cinco jogadores de bloqueio (3 zagueiros e 2 volantes), abria os "wingers" nas pontas, fazia a ligação direta para o ataque e objetivava a finalização através de cruzamentos ou simplesmente arrematando à gol.  Isso deu início à era do wing-play inglês, que nos contribui até hoje com jogadores excepcionais nessa posição, como Gareth Bale e Ryan Giggs.

O "WM"



O WM instaurou uma hegemonia que durou aproximadamente duas décadas, até cair frente ao 4-2-4 húngaro, chefiado por ninguém menos que Ferenc Puskás Biró, ex-jogador do Real Madrid e o craque que levou o time nacional ao vice campeonato de 1954.

14ª rodada: Palmeiras x Coritiba (Prévia)

Pedreira fora de casa
O Palmeiras pega o Coritiba fora de casa pela 14ª rodada do Brasileirão. Como mandante, a força do Coxa é impressionante. Dos sete jogos que disputou no Couto Pereira, venceu quatro e empatou um, contra o Internacional. Mas foi justamente a derrota para o São Paulo, com um jogador a menos desde o primeiro tempo, em que quase empatou um jogo que saiu perdendo de quatro a zero, é que mostra a verdadeira força do time dentro de casa.

Esquema: 4-2-2-2

Pontos Fortes

O craque
Quem viu os melhores momentos do último jogo do Coritiba pelo Campeonato Brasileiro contra o América-MG deve estar pensando que o melhor jogador do time é Marcos Aurélio. O craque do time, entretanto, pela fase que passa, é Bill, ex-Corinthians. Na última partida, o jogador fez dois lançamentos perigosos, dos quais um resultou em gol de Marcos Aurélio e ainda fez um gol. Tem boa movimentação, tem visão de jogo impressionante e atua como centroavante. Além de tudo isso, é o artilheiro do Coxa até o momento: 5 gols marcados.

Bons chutadores
Léo Gago, Marcos Aurélio, Bill, Rafinha... é extensa a lista de bons chutadores que transforma isso em uma das principais armas do Coritiba. Léo Gago é o destaque nesse quesito e pega bem na bola até de primeira. Atuando como segundo volante, chega sem muito esforço na intermediária e se não marcar, o chute é certeiro. Muita atenção da defesa e dos volantes para fazer o bloqueio.



Boa jogada aérea pela direita
Tanto Jonas quanto Eltinho já deram assistências no Brasileirão. Ambos chegam bem à linha de fundo e podem cruzar com qualidade. Maranhão, quando entrou na lateral direita também deu passe para gol de Marcos Aurélio. Além disso, Tcheco pega bem na bola e cobra os escanteios do time. Bill (principalmente) e Marcos Aurélio são bons finalizadores e o time não pode vacilar na bola parada.

Pontos Fracos

Sempre ela, a bola aérea
Impossível não citar a desorganização nesse quesito. Na 9ª rodada, Gilberto Silva, que não é tão alto, subiu mais que a defesa e marcou para o Grêmio. O time que dominou o Fluminense durante quase todo o jogo na 10ª rodada do Brasileiro não conseguiu segurar a pressão dos cruzamentos nos minutos finais da partida, de onde veio a jogada para o único gol do time carioca. Na 11ª rodada, 3x1 contra o América-MG, gol de Kempes. Adivinha de que jeito? Cabeceio. E só conseguiu balançar as redes após várias tentativas, sempre pouco marcado.

Jogos fora de casa deram a dica
Os mesmos volantes que tanto chutam a gol, e tão bem, também possuem defeitos. No quesito "desarmes", o Coritiba possui uma das piores médias no Campeonato. O Palmeiras é, até a presente rodada, o segundo melhor. Outro número que evidencia isso é a média de faltas cometidas por jogo, "fundamento" em que o Coxa ganha de qualquer time, figurando no topo da lista. Resumindo, o time não sabe marcar. Jogadas pelo meio podem ser uma boa, e com o retorno de Kléber e Márcio Araújo, que estavam suspensos, além da presença de Valdívia em campo, o Palmeiras pode aproveitar para tentar infiltrações pelo meio. O Grêmio fez isso muito bem, mas pecou nas finalizações, principalmente da jovem promessa Leandro. Ainda assim, ganhou a partida por 2x0.

Palpite
Uma estatística que o Coritiba possui de boa é o baixo número de bolas perdidas. Será o casamento entre o que menos bolas perde contra um dos melhores marcadores do campeonato. Apesar do ataque do Coxa finalizar muito, e finalizar bem, temos um dos melhores setores defensivos do país. Se a marcação encaixar, o time pode realizar o desarme e na sequência armar um contra-ataque rápido pelo meio, distribuindo a bola aos pontas. Uma boa atuação de Maikon Leite poderia ajudar muito. Valdívia vem em uma crescente, já quase em condições de aguentar 90' e só precisa reencontrar o bom futebol. Luan, sempre regular e extremamente rápido, caso acerte a pontaria, pode definir de novo. Lembro ainda que o Coxa lidera o número de faltas. Se as fizer na intermediária, temos Marcos Assunção. Toma muitos gols de bola aérea, e para isso temos Maurício Ramos, Thiago Heleno. O Coxa é extremamente forte em casa, isso é verdade. Mas se fizermos o primeiro gol, podemos desestabilizar o time, como fez o São Paulo.

Temos grandes chances de ganhar essa partida, chance pequena de empate e de sairmos derrotados.

Observação "Estatística"

Alguns times são muito fortes dentro de casa. É aquele caso em que a torcida "empurra" o time, alterando a motivação dos jogadores, fazendo diferenças qualitativas visíveis ficarem menos gritantes.

A persistência e a concentração do time aumenta, e com essas qualidades aumenta, consequentemente, o número de ocorrências das suas principais jogadas.

Claro que a qualidade dessas jogadas não se altera, os jogadores são os mesmos, com os mesmos defeitos de antes. Só aumenta a frequência com que ocorrem. Mesmo que percentualmente a chance de alguma delas dar certo seja a mesma, o tempo é limitado.

Se eles acertam 1 em 10 em determinada jogada, e conseguirem fazer as 10 ocorrências acontecer, uma delas vai entrar.

13ª rodada: Palmeiras 3 x 2 Atlético Mineiro

Meramente ilustrativo: Atlético jogou no 3-5-2, Luan atuou pela esquerda, assim como Marcos Assunção


Tático
O Palmeiras entrou em campo trabalhando no 4-2-1-3 habitual, alteranando para o 4-2-2-2 sem a bola com o recuo de Luan. O time veio com duas novidades: João Vítor como segundo volante de saída pela direita, no lugar de Márcio Araújo suspenso por terceiro amarelo e Dinei como centroavante, no lugar de Kléber, também suspenso por terceiro amarelo.

Já o Atlético trouxe o time armado no 3-5-2. Dorival parou de trabalhar com três volantes no 4-3-1-2 do início do campeonato, vinha escalando o time no 4-4-2 (4-2-2-2), colocou o jovem lateral-esquerdo Eron como ala, Patric pela ala direita. É a terceira mudança tática do treinador esse ano. Apesar do resultado ter agradado ao treinador, para quem o Atlético "jogou de igual para igual", a mudança frequente de esquemas afeta o entrosamento da equipe. Nesse aspecto, o Palmeiras leva ampla vantagem, já tendo encontrado seu padrão tático, por assim dizer.

Pressão Alviverde
O time começou o jogo marcando por pressão no campo de defesa do Coxa, com uma postura bastante agressiva. Cicinho apoiou muito no primeiro tempo, e logo aos 9', em um cruzamento seu, a bola bateu na defesa adversária e sobrou para Luan, que chutou forte e rasteiro, passando bem perto da trave. A noite era de sorte. Luan cabeceou uma ligação direta para Dinei, que dominou mas recebeu falta boba de Leonardo Silva esquerda. Aí apareceu a figura de Marcos Assunção, que voltou a decidir nas bolas paradas em um cruzamento à moda de Ronaldinho Gaúcho na semi-final da Copa de 2002, encobrindo o goleiro Giovanni. Uma pintura de gol, 1x0 Verdão.

Gerley falha a primeira
O Atlético não demorou a reagir e apenas 1 minuto depois do gol, Gerley deu a primeira mancada com a camisa alviverde. Normal, jogador jovem, a experiência pesou. Um jogo contra um time próximo da zona de rebaixamento sempre exige o máximo de concentração. Luan interceptou uma bola mal recuada do Atlético, fez o pivô, mas pegou Gerley no contrapé. Em uma rápida tabela pela direita, o time atleticano encontrou Magno Alves pela esquerda, que enganou Cicinho, fez o giro e bateu cruzado. A bola ainda resvalou na defesa palmeirense antes de passar por Deola. Jogo empatado no Canindé.

Dinei aparece de cabeça, Luan marca
Cicinho fez uma jogada que pode e deve evoluir. Aproveitando a desorganização da defesa do Atlético, apareceu algumas vezes pela ponta direita, cruzando para Dinei tentar de cabeça. No primeiro lance de perigo, o lateral tentou cruzar para o atacante, a bola resvalou na defesa e parou nos pés de Luan, que finalizou rente à trave. Nas duas vezes que Cicinho acertou o cruzamento, Dinei conseguiu desviar para o gol, ainda que sem pontaria. O problema é que o esquema com a defesa atleticana armado com três zagueiros (Leonardo Silva, Lima e Werley), mesmo que desorganizado, dificultou bastante a atuação do jogador.

Vale citar também que Dinei fez boa partida, conseguiu alguns cabeceios, movimentou-se bastante, deu trabalho à marcação adversária e foi da falta por ele sofrida que saiu o golaço de Marcos Assunção. No segundo tempo, o time foi superior e consegui muitos lances de perigo. Valdívia arriscou bastante fora da área, enquanto Richarlyson arriscava mais pelo lado do Atlético. Aos 16', outro lance de bola parada. Marcos Assunção cobrou para a pequena área, Lima desviou, porém a bola sobrou para Luan definir: 2x1.

Aos 22', outro lance de bola aérea do Atlético levou perigo ao gol de Deola. Leonardo Silva subiu livre e Deola nem saiu do lugar. A bola passou rente à trave. O Palmeiras pressionou e o time chegou ao terceiro, em um bate rebate na pequena área, Patrik tocou no cantinho aos 33', 3x1. De novo, 1 minuto depois, o Atlético chegou ao segundo. Outra falha de Gerley, que praticamente deixou Neto Berola dar um balão para cruzar para Wesley marcar de cabeça. 3x2 e placar selado.

Considerações
O time foi bem contra o agressivo time do Atlético. Mesmo com 3 zagueiros no campo adversário, conseguimos criar chances e entrar na pequena área. Falhamos um pouco na bola parada, mas não tomamos gol desse tipo de jogada, ponto forte do time mineiro. Além disso, não pudemos contar com Maikon Leite, que além de escorregar muito, não atuou bem. Isso pode ter acontecido pela entrada de João Vitor na vaga de Márcio Araújo, além do desfalque de Kléber, dois jogadores que reforçam o time pela direita e pelo centro, respectivamente. Questionar a atuação de João Vitor não faz sentido, já que o jogador pouco joga. Decidimos a partida com aquilo que já vinhamos fazendo, com boa chegada pela esquerda de Luan, marcação forte e com as boas jogadas de bola parada. Os gols do Atlético saíram, portanto, não por incompetência do time, mas principalmente por falhas do lateral Gerley. Em uma partida contra um time perto da zona de rebaixamento, toda atenção é pouca. Gerley, de resto, fez boa partida, exceto por essas falhas individuais. Conseguiu segurar bem na marcação, apoiou moderadamente o ataque.

Um ponto que chamo a atenção foi a atuação de Valdívia. Chutou bastante a gol, porém, continua lento e foi pouco solidário. Em duas oportunidades, poderia ter rolado a bola para um companheiro melhor posicionado finalizar. O caso mais emblemático foi uma passagem de Patrik, pelo meio, livre, em que Valdívia resolveu cortar para a esquerda e chutar por cima do gol de Giovanni. Concordo que a concorrência pela vaga de titular tem seu lado benéfico para o rendimento do time, mas nesse caso ficou evidente que o jogador não quis passar a bola para o companheiro de ataque.

Chama a atenção o fato de o time estar com dificuldades para quitar uma pesada dívida com o futebol árabe, em um negócio feito em parceria com o banco português Banif na negociação do jogador. O próprio treinador admitiu que Valdívia voltou da Copa América com dois ou três casos de lesão e vem fazendo reforço muscular, sendo intensivamente utilizado para jogar os 90' de partida. Que existe uma pressão muito forte em cima dos resultados que ainda não vieram, isso é fato. O perigo é sobrecarregar o jogador, com o risco de uma nova lesão, por motivos financeiros. A torcida do Corinthians sabe muito bem o que isso significa.

Estatísticas: UOL.com.br

sexta-feira, 29 de julho de 2011

13ª rodada: Palmeiras x Atlético-MG (Prévia)

O time pega o Atlético Mineiro, em casa, pela 13ª rodada do campeonato brasileiro.

Uma idéia do que o Verdão tem pela frente:

Pontos Fortes
  • Bola aérea: o Atlético tem um time muito agressivo, com boa bola aérea. Magno Alves de cabeça é um perigo, se o Palmeiras vacilar é caixa. Outra coisa ruim dele é que o cara se movimenta bem, dribla bem, bate bem com os dois pés. Craque de bola.
  • Lado esquerdo forte: Atuam muito forte pelo lado esquerdo, se o Cicinho não jogar bem, pode ficar perigoso.
  • Imprevisibilidade e chutes de fora da área: Quando saem pro ataque, saem quase todos juntos, sem muita organização, são imprevisíveis. Todos chutam bem de fora da área, volantes, meias, atacantes. São bons inclusive na bola parada. A pontaria não está das melhores, talvez pela situação que o time passa, o nervosismo atrapalha. Mas todas "on target", com dizem os ingleses. Ou seja, por mais erradas que foram, atingiram o alvo. Se ela melhorar amanhã, vamos ter problemas. Qualquer que seja o goleiro, Deola ou Marcos, vai ter trabalho pela frente.

Pontos Fracos

  • Se expõem demais: A parte ruim de ser agressivo. Justamente por essa característica, muitas vezes o time tomou gols em que só os dois zagueiros ficam sozinhos lá atrás, três contra dois, quatro contra dois. E uma das melhores características do Palmeiras é jogar no contra-ataque. De repente, em uma ligação direta ou em um contra-ataque rápido, o Verdão pode definir.
  • Bola Aérea: Os zagueiros são bons em marcar gols de cabeça, como provaram contra o Avaí. Mas não são bons de marcar jogadas de bola aérea. Escanteios, cruzamentos, tudo perigo de gol. Coisa que o Palmeiras faz com maestria, com Marcos Assunção, aquele escanteio fechado na primeira trave, uma bola parada para a pequena área. Como o já ídolo da torcida pega bem na bola, com força, é só escorar.


  • Lado esquerdo vulnerável: Justamente o lado mais forte na frente é o lado mais fraco deles atrás. Na goleada que os caras tomaram do Flamengo, a maior parte dos gols saíram por lá. Contra o Inter também. Encaixe perfeito com nossa dinâmica de ataque por aquele lado, a interação entre o trio Cicinho-Márcio Araújo-Maikon Leite. Mesmo com a suspensão de Márcio Araújo, ficamos ainda com dois grandes jogadores por esse lado.
Considerações
O Palmeiras encaixa três pontos fortes contra o Atlético: bola aérea, lado direito forte, contra-ataque rápido. Com a saída de Kléber, o time pode ganhar mais velocidade pelas pontas. Valdívia vem treinando forte para aguentar 90 minutos em campo e seu desempenho vem em uma crescente, o que é muito positivo para o time. Pela direita, temos a velocidade de Maikon Leite. Pela esquerda, teremos Luan, em uma provável última atuação pelo time. Podemos ainda perder em velocidade e marcação pela esquerda caso Wellington Paulista entre em campo na função de Luan, ainda no 4-2-1-3, mas ganharemos em qualidade de finalização, e muita, se o atacante estiver inspirado. Mesmo que Wellington não volte para marcar, o lado perigoso do Atlético é o canto oposto do campo, que também é o nosso lado mais forte ofensivamente. Podemos atuar no contra-ataque por lá. Nas bolas paradas, uma boa dose de Marcos Assunção e Maurício Ramos neles. 

Resumindo, temos grandes chances de vencer essa partida.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

12ª rodada: Palmeiras 1 x 0 Figueirense

Maikon, Luan por uma noite
O Palmeiras veio a campo no 4-3-3, com Wellington Paulista na ponta direita, como já vinha treinando, e Maikon Leite invertido para a ponta esquerda. Como já tinhamos previsto, o "miolo" do time tem qualidade, mas continua muito lento. Com Valdívia fora de forma e ainda sem ritmo e Kléber voltando ao meio para buscar jogo, o jeito era tentar com os pontas.

Gerley atuou como titular na lateral esquerda, agora sem Luan para fazer o apoio na marcação, e mesmo com o rápido Maikon voltando esporadicamente para ajudar, o jovem jogador apoiou o ataque poucas vezes. Maikon fez boa partida, meteu uma bola na trave e deu bastante trabalho para o goleiro Wilson e para a marcação do time adversário, mas sentiu a dificuldade de atuar como Luan, pela função defensiva que o jogador exerce.

Wellington não serve para a ponta
Cicinho apoiou bastante, uma atitude arriscada, já que o lado forte do Figueirense no ataque é justamente pela esquerda. Wellington Paulista novamente não vingou, exceto por uma bola que mandou na trave de cabeça. É uma questão de característica do jogador. Wellington não atua bem no ataque jogando uma linha atrás, recebendo a bola e ainda ter de passar por dois ou mais marcadores para depois finalizar ou dar assistência. O forte dele é o posicionamento na pequena área, centralizado, recebendo a bola para finalizar em seguida. Seria como recuar o Deivid do Flamengo para jogar na posição do Thiago Neves. Perda de tempo.

Primeiro tempo disputado
Campo molhado, com os dois times arriscando bastante, tivemos um equilíbrio de chances no primeiro tempo. Kléber quase abriu o placar logo ao primeiro minuto com uma bobeada da zaga catarinense, batendo cruzado para fora. O Figueirense, por sua vez, com mais volume de jogo, chegava com perigo ao ataque principalmente com Aloísio pela esquerda, com ótima chance aos 27'. O atacante só parou em Deola, que fez excelente partida, saindo bem quando necessário e realizando importantes defesas.

Segundo tempo, Palmeiras melhor
No segundo tempo, o equilíbrio se desfez, com o Palmeiras dominando claramente o jogo. A defesa foi segura e não vacilou nas bolas aéreas, jogada que o time adversário abusou ao final da partida. O resultado, entretanto, não vinha. Os times pouco criavam, mesmo com Kléber realizando grande partida. Maikon errou na pontaria e por pouco não fez um belíssimo gol em chute cruzado pela esquerda logo aos 9' da etapa final. Aos 12', os catarinenses roubaram a bola na intermediária e em um rápido contra-ataque, 3 contra 2, só não marcaram pela falta de visão de Aloísio. O atacante, de cabeça baixa, não foi solidário com seus companheiros de ataque e chutou nas mãos de Deola. Valdívia estava apático, perdido e facilmente anulado pela marcação de Ygor e Tulio, sendo substituído aos 16' pelo volante João Vítor. No papel, ainda no 4-3-3 (4-2-1-3).

Luan entrou aos 26' no lugar de Wellington Paulista, jogando Maikon de volta para a ponta direita, mantendo o esquema. Aos poucos, o Palmeiras agressivo do começo do segundo tempo esfriou e se transformou naquele velho Palmeiras que conhecemos: lento, pouco criativo e dependente das bolas paradas. Marcos Assunção, de novo, teve que salvar o time. Aos 31' assustou Wilson com um chute forte de longa distância. Aos 37', o gol salvador. Lançamento de Marcos Assunção para a pequena área, o goleiro do Figueirense bateu roupa e a bola rebateu em Maurício Ramos. Para garantir o resultado, Felipão colocou Chico no lugar de Maikon Leite, alternando para o 4-3-1-2 com quatro volantes, forçando o Figueirense a jogar pelas pontas, fazendo chuveirinho. Apesar do sufoco no final, o time não deu brecha e na base do chutão, garantiu o primeiro resultado fora de casa.

Considerações


O meio-campo não funciona tão bem assim
O time não jogou bem. Os jornais ressaltam a "garra" do elenco, do "espírito guerreiro" do time. Isso é positivo, ajuda o time, mas segue na direção oposta do que esse elenco pode render.

É uma grande falácia pensar que o time sempre ficará melhor com Kléber e Valdívia atuando juntos. Sim, o time ganha qualidade técnica. Sim, o meio-campo ganha consistência e posse de bola. Mas muita gente esquece - os mais fanáticos, principalmente - que falamos de dois jogadores habilidosos, dribladores e que, acima de tudo, adoram a posse de bola. A característica dos dois jogadores é a visão de jogo em um pequeno espaço de campo, não amplo, ou seja, carregar a bola até o último passe ao invés de simplesmente realizá-lo a uma longa distância.

Individualismo e falta de ritmo
A função de Kléber, dentro do papel que lhe cabe no elenco, é a de meia-atacante, não centroavante. Kléber não fica plantado na frente. Geralmente, recua até a linha intermediária buscando o jogo, recebe a bola de costas para os defensores e faz o pivô. Quando a recebe de frente, sua função é armar jogadas distribuindo-a aos pontas ou finalizar, quando julgar conveniente.

O problema é que é difícil ver Kléber realizar uma jogada sem terminar deitado ao chão. O mesmo acontece com Valdívia, com menor frequência. A mídia explica: "são muito caçados". Então não é o posicionamento dos outros jogadores do time para receber o passe que está errado? Uma coisa é certa: quanto mais tempo demorar para passar a bola, mais rápido a marcação adversária chegará para o combate até o inevitável momento em que a marcação é tamanha que só derrubando o jogador para que a situação se resolva.

Para complicar a história, o time carece de um meia-armador desde a lesão de Valdívia contra o Corinthians. Lincoln não conseguiu se firmar e Patrik ganhou a posição. Quando o chileno voltou da Copa América, Patrik perdeu a posição novamente mesmo fazendo boas partidas. Valdívia ainda está em fase de recuperação, sem ritmo de jogo e sem entrosamento. A única coisa que justificaria sua entrada no time seria uma possível pressão por parte da diretoria: o caro jogador deve justificar seu investimento.

Coletivo vem por último: bolas paradas, talento individual e (muita) sorte
A combinação de Kléber e Valdívia, portanto, de individualismo e falta de ritmo, congestiona o centro e a criação de jogadas de ataque. Isso empurra o jogo para o lado do campo. Os laterais apoiam bastante, mas só agora as pontas começam a embalar. Luan vem em uma crescente pela esquerda, Maikon transformou o lado direito com qualidade e velocidade, muito melhor que Adriano. São as laterais do time que verticalizam as jogadas e as tornam mais objetivas. E quando as pontas também não funcionam, nos restam três alternativas: bolas paradas, talento individual e, por fim, a sorte.

Desde o início do campeonato, o Palmeiras dependeu do talento individual no primeiro jogo (golaço de fora da área de Kléber) contra o Botafogo, da sorte (gol de fora da área de Luan) contra o Cruzeiro e de uma bola parada (escanteio fechado na primeira trave, com gol de Chico) contra o Atlético-PR. Contra o Internacional, contamos com a sorte novamente, um gol contra deles. A menos que a marcação seja uma verdadeira "mamata", como no jogo contra o Avaí, na presença de Kléber (Valdívia fez o primeiro jogo no campeonato contra o Fluminense), o centro do time fica lento, fácil de marcar, previsível. Isso não significa que o time fica pior. Significa que perde em objetividade. E por isso é difícil ver um gol do Palmeiras saindo de jogadas trabalhadas coletivamente.