domingo, 24 de julho de 2011

11ª rodada: Palmeiras 0 x 1 Fluminense

Estatísticas: UOL.com.br




Como era esperado
O Palmeiras veio a campo como já era esperado, naquela que seria a sua melhor formação no campeonato, talvez não a melhor por Valdívia estar sem ritmo de jogo e pela presença de Rivaldo na lateral esquerda. Armado no 4-2-1-3 e com o quarteto ofensivo - tão esperado - formado por Valdívia na armação, Luan na ponta esquerda, Maikon Leite na ponta direita e Kléber na referência, a impressão seria que o time daria bastante trabalho ao ex-palmeirense Diego Cavalieri. Isso não aconteceu.

O Mago voltou, mas com a cartola vazia
Trazer um jogador de volta a campo após um longo período sem jogar com o time principal é sempre complicado. A razão para um jogador não jogar pode ser, basicamente, técnica, física ou mercadológica. Caso Valdívia não jogasse hoje, por exemplo, a causa seria técnica, e não física. O jogador pouco atuou pelo Chile na Copa América nos últimos três jogos de sua seleção, jogando 30, 35 e 45 minutos finais de cada partida, respectivamente. Chegou ao Palmeiras em boa forma física, mas não jogava com o time desde 1º de maio, naquela derrota para o Corinthians nas semifinais do Paulistão, ou seja, quase dois meses sem jogar. Imagine o impacto desse período ausente sobre o entrosamento e posicionamento do jogador. Quem poderia dizer que, nessas condições, ele atuaria bem? A questão é: você colocaria um cara desses para jogar, mesmo tratando-se do "Mago"? O mesmo aplica-se à Rivaldo, ainda mais decisivo para a derrota desse domingo.

Centro jogado às traças
O esquema proposto (4-2-1-3) já colocava o chileno, ao menos na teoria, isolado na criação. Bastante marcado e sem ritmo de jogo, posicionou-se mal, movimentou-se pouco e não teve entrosamento, Valdívia foi presa fácil para o Fluminense dos volantes Diguinho e Edinho, armado no 4-2-3-1. Pouco apareceu, foi apático e não fez valer nem a décima parte do que recebe.

Outro problema foi Luan, muito avançado. Com a entrada de Rivaldo na lateral esquerda, a marcação do time alviverde estaria, pelo menos no papel, reforçada, sem a necessidade do atacante recuar tanto para auxiliar na marcação. Luan à frente, Rivaldo recuado. Isso deixou Valdívia ainda mais isolado. Márcio Araújo e Marcos Assunção tinham a difícil tarefa de marcar os habilidosos meias do Fluminense, principalmente Deco e Marquinho. Essa dinâmica abriu um buraco pela esquerda e geraria ainda mais problemas para o Palmeiras no decorrer do jogo.

O fantasma da Bola aérea está de volta
Um dos principais papéis do centroavante é buscar o elo fraco da defesa para receber bem a bola, flutuando uma linha à frente da linha dos meias, que no caso do Fluminense eram três. E foi ali, entre Maurício Ramos e Rivaldo, que Fred encontrou seu pedacinho de terra.

Logo aos 2' do primeiro tempo, Maurício Ramos e Thiago Heleno bateram cabeça com a marcação. Deco bateu cobrança perto da grande área, a bola passou pelos dois zagueiros e sobrou livre na cabeça de Fred. Por "livre", entenda-se "marcado pelo Rivaldo".

Em seguida, aos 19', Carlinho lançou Fred na direita (a esquerda do time paulista), o atacante dominou, rolou a bola pra trás entre Maurício Ramos e Rivaldo, Deco deu lindo passe encobrindo Márcio Araújo para Diguinho, que naturalmente não conseguiu fazer o gol.

No segundo tempo, já no primeiro minuto, Fred sobrou novamente pela esquerda do Palestra, com Luan em cima do jogador. Novamente, falha de marcação. Apesar dos zagueiros do Flu terem boa jogada aérea, principalmente com Gum, não dá pra entender o porquê do Luan marcar o jogador naquele lance. Se era para recuar para marcar, o Rivaldo deveria estar mais próximo da pequena área.

Maikon fez o que pode. Já Luan...
Aos 31' e aos 37', foi a vez do Palmeiras perder oportunidades. Maikon Leite desperdiçou duas chances claras de gol, lances que revelaram novamente o oportunismo e a elevada qualidade técnica do jogador, finalizando as duas em direção ao gol, uma por cima rente à trave e outra para defesa de Diego Cavalieri, ou seja, as duas no alvo. Kléber esteve, como sempre, muito marcado, realizando sua função tática de trazer a marcação para liberar espaço para os pontas.

Luan atuou muito avançado, com Rivaldo na lateral esquerda. Pouco fez, além de salvar o gol de Fred no primeiro minuto da etapa final e se atrapalhar com Kléber. Com a atuação apagada de Valdívia, que atua mais pelo lado esquerdo do campo, recebeu poucas bolas e finalizou pouco.

Não era o dia dos laterais
Com o jogo truncado pelo centro, que só teve destaque com alguns lances geniais de Deco e algumas boas jogadas de Maikon Leite, os laterais tiveram de trabalhar. Os alas do Fluminense levaram a melhor. Rivaldo pouco saiu ao ataque, pouco apoiou Luan e Valdívia, pouco marcou. Enfim, fez o que já se esperava dele, porém com um adendo: estava retornando ao time principal depois de perder a posição para Gabriel Silva, que só não jogou por estar defendendo a seleção Sub-20.

E é justamente por isso que o time contratou Gerley, do Caxias, ainda verde para jogar. Não dá pra ficar crucificando um volante de origem, mas acho agora que a situação para o jogador, caso Gerley se firme, será complicada. Só para constar, o gol do Fluminense surgiu em uma falha de marcação do jogador. Mariano pediu a bola nas costas do jogador, recebeu livre de Marquinho, cruzou na medida para o próprio Marquinho completar e finalmente fazer o gol que havia sido mal anulado anteriormente.

Já Cicinho fez péssima partida. Não conseguiu apoiar no ataque com o Fluminense pressionando a posse de bola já no campo de defesa. Suas subidas eram rapidamente neutralizadas e o meio-campo do time adversário aproveitava com grande facilidade os espaços que elas deixavam já que Márcio Araújo estava muito ocupado marcando Deco e não conseguia fazer a cobertura. Bons lançamentos saíram por lá, como os cruzamentos para Fred aos 19' do 1T e o gol mal anulado de Marquinho aos 26' do 2T.

Considerações
O time só tem a ganhar com a presença de Valdívia, mas é certo que para que o jogador consiga conquistar ritmo de jogo, é preciso tempo. Começar jogando foi um grande erro e o time pagou por isso, pagou não pelo que o jogador fez, mas pelo que deixou de fazer. Já o caso de Rivaldo, Felipão errou novamente, Gerley foi eleito o melhor lateral do campeonato gaúcho, ou seja, tinha ritmo de jogo, treinou normalmente e poderia ser testado. A simples presença do lateral com mais qualidade na frente poderia ajudar o time a viabilizar jogadas com Luan, mas isso não funcionaria sem Valdívia jogando bem. Rivaldo falhou ainda na jogada do segundo gol, deixando Mariano livre. Se fosse culpar alguém pela derrota, entretanto, não culparia nenhum dos dois. O único culpado aqui foi Felipão.

Do lado direito, Marcos Assunção fez boa partida. Márcio Araújo, nosso segundo volante, não conseguiu jogar, ocupado com a presença de Marquinho e Deco. Sem ele, e com Cicinho jogando mal, Maikon Leite não recebeu a bola.

Com as pontas e o centro do time inativos, é a velha história: restam as jogadas de bola parada (cobranças de falta a média e longa distância, escanteios fechados no primeiro pau) e a ligação direta da zaga para o ataque (em uma delas, Maikon quase marcou). Se nada mais funcionar, resta ao palmeirense rezar pela individualidade brilhar, talvez a de Kléber, com muita sorte, a de Valdívia.

Mas o futebol, hoje, é tão desenvolvido tecnicamente e taticamente, que é muito pouco para um time de grande porte como é o Palmeiras sonhar sequer sonhar com uma jogada de efeito capaz de definir o resultado de um jogo. Pelo contrário. O resultado estava definido muito antes da partida começar.

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