quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Verdão 2012

Felipão já entregou uma lista de nomes à direção do Palmeiras para o projeto de 2012. Não adianta ficar aqui discutindo quantos ou quem serão os reforços. A lista de dispensa não será proporcional, até porque Felipão sabe que não pode ter tantos jogadores quanto quiser. De qualquer forma, alguns deverão sair para viabilizar os negócios, desonerando a folha salarial. Mesmo com a entrada dos valores das cotas de televisão, o clube deve aproveitar a receita extra para quitar algumas dívidas.

Vou analisar agora pontos que, na minha modestíssima opinião, poderiam seguidos nesse novo projeto.

1. Jogadores com a qualidade que o Palmeiras merece
Que a qualidade dos reforços é imprescindível, isso é claro. Precisamos de jogadores que pratiquem futebol do nível da série que disputam. Não quero menosprezar a série B, longe disso. Alguns argumentarão que a maior parte dos jogadores da série A passaram - não necessariamente - pela série B, e com razão. Existem sim jogadores da série B que exibem futebol no limite ou até mesmo além do nível praticado na segunda divisão, é verdade. Analogamente, existem jogadores da série A que jogam futebol de segundona. Que o diga nosso time, que está cheio deles. E é aí que reside o cerne da questão. O limite - técnico - entre uma divisão e outra não é delimitado apenas pelos times que jogam nessa ou naquela. Mas a chance de encontrarmos um jogador tecnicamente credenciado para disputar bem o campeonato é maior na primeira divisão que na segunda.

2. "Medalhão", hoje não
Outro ponto é quanto à questão da contratação dos chamados "medalhões". Primeiro, vamos definir exatamente do que se trata.

"Medalhão" é um atleta que se encontra na parte descendente da curva de rendimento de sua vida profissional. Decadente? Não necessariamente. Todos tendemos à decadência, isso é claro. Mas que eles estão mais perto do fim de carreira, isso é ainda mais claro.

Por que os "medalhões" são caros? Porque a curva de rendimento desses jogadores foi excepcional. O patamar, mesmo que em tendência de queda, é elevado.

Apesar disso, contratar um destes não significa que ele irá render dentro de campo. A vida dos "medalhões" geralmente é marcada por lesões, indisciplina, falta de comprometimento e amor à camisa. Uma conjunção perigosa de fatores capaz de afetar consideravelmente o tão sonhado rendimento que muitas vezes só existe na memória dos torcedores mais inocentes.

O futebol, porém, não vive só do espetáculo. O "medalhão" traz uma compensação financeira ao time que consegue comprá-lo, melhorando o marketing do clube. Portanto, fica claro aqui que o clube tem interesse em contratar o jogador não somente pelo desempenho dentro de campo, mas também extra-campo. Você pode pensar que isso é muito óbvio, eu sei, mas há uma diferença sutil aqui e me preocupo em não desperdiçar seu tempo com obviedades. O que é melhor para o clube não é, a curto prazo, o melhor para o time. E quando um "medalhão" vem para o seu time, que está precisando de resultados naquele longo campeonato, ou naquele jogo decisivo, resumindo, de bom futebol, você sabe que um jogador contratado não apenas pelo nível do futebol apresentado recentemente, pouco irá resolver.

3. Prudência financeira
A receita extra do começo de 2012, receita essa que os outros times também terão, pode inflacionar o passe geral dos jogadores. Os "medalhões" estarão ainda mais caros, portanto espero que o clube não torre esse dinheiro à toa. O Palmeiras deve usá-lo com prudência, e paralelamente vender alguns jogadores para reforçar o caixa, pagar dívidas, enfim, colocar a casa em ordem. Foi às custas da filosofia de trazer "medalhões" para o time que pagamos, por exemplo, parte do salário de Lincoln enquanto ele joga no Avaí. Valdívia quase não jogou este ano, entre lesões e serviços prestados à seleção chilena (que geralmente colocavam na bagagem do mago mais lesões de brinde). Toda semana sai uma estimativa de quantos milhões custa um gol do meia. Cada vez mais alta.

Da mesma forma, não é hora de realizar "pechinchas". Também aprendemos - duramente - essa lição. Não é preciso citar nomes, certo?

4. A Espinha Dorsal
O ponto principal desse longo post.

Independente de quais forem os reforços, ou da qualidade destes, Felipão precisa antes de tudo ter uma idéia básica de como será o time. Como irá atacar, como irá defender, como será o fluxo de jogo. Somente a partir dessa idéia básica é que ele buscará no mercado as engrenagens capazes de exercer cada função para que a máquina-time funcione. A diretoria correrá atrás de suas solicitações, sim, irá. Provavelmente não conseguirá trazer exatamente as mesmas peças que pediu, fazendo o técnico trabalhar para realizar as adaptações necessárias e, em último caso, alterar o esquema formulado anteriormente.

Concluindo, todo bom time tem uma Espinha Dorsal, e de qualidade. Ela é a estrutura básica da equipe, do goleiro ao centroavante, a base a partir da qual tudo é erguido. É o alicerce do time. E Felipão precisa encontrar a espinha dorsal do próximo Palmeiras. Precisa montá-la bem.

Há uns dois anos atrás, se você perguntasse a uma pessoa qualquer, ou até mesmo quem não fosse torcedor do time, como era formado o Palmeiras, ela saberia ao menos dizer um nome de cada linha que compunha a equipe: Marcão, Danilo, Pierre, Diego Souza, Cleiton, Keirrison. Até Obina seria lembrado. Façam um teste. Qual a espinha dorsal do Flamengo atual? Felipe, Angelim, Airton, Willians, Ronaldinho, Thiago Neves, Deivid. Do Corinthians? Júlio César, Alessandro, Paulo André, a dupla sertaneja Ralf & Paulinho, Alex, Danilo, Liedson. A questão é que o nosso time atual não tem isso. A espinha não é completa. Até a linha de volantes, temos uma defesa sólida e respeitável. Dali em diante, um time acéfalo, sem agressividade e principalmente sem união. Sem referências nas linhas de meia e ataque, o time se perde. E desse jeito não adianta falar em jogo coletivo, coisa que o time também não tem dali pra frente.

5. Mudança de atitude
Venha quem vier, todo time é um reflexo de como pensa o treinador. Felipão poderia ser mais ousado, usar dois meias ao invés de um, não ficar improvisando volante na lateral, dado mais chance a alguns jogadores, fazer algumas alterações que apesar de não serem "garantidas", poderiam ter dado certo. Sei que criticar é fácil. Somos dezenas de milhões de torcedores que, quando as coisas não vão bem, do conforto de nossas poltronas e motivados pelos nossos míseros salários, é o mais conveniente a fazer. Porém, não estamos de todo errados. Felipão poderia sim, ter arriscado mais. Perderíamos mais nesse processo de tentativa e erro, obviamente, mas 1 vitória e 1 derrota valem mais que 3 empates. Nos restaria ainda uma bala.

2 comentários: