quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Nomenclaturas: unificando!

Ultimamente foi ventilado na mídia que o Palmeiras tem utilizado desde a base o esquema utilizado por Felipão no time principal, que pelo menos no papel e na cabeça da comissão técnica, é o 4-2-3-1. No papel, porque o time titular conta com uma assimetria na linha de frente que faz com que o esquema resultante fique um pouco distante da idéia originária de um 4-2-3-1.

Pensando nosso time titular - "esquecidas" as lesões - a linha de frente fica com Valdívia centralizado, João Vítor na ponta direita, Luan na ponta esquerda e Barcos na referência. A grande divergência dessa história é que João Vítor é volante de origem e, de fato, durante os jogos, atua um pouco mais recuado que os ponteiros tradicionais. Não tem como uma de suas principais características a velocidade, não faz muitas jogadas de linha de fundo e além disso é o responsável pela marcação pela direita, fazendo a cobertura de Artur.

Essa divergência com o esquema utilizado na prática é o que faz muitos comentaristas - como por exemplo, o André Rocha do "Olho Tático" e o nosso amigo e colaborador Gabriel Gebara (@gabrielgebar no twitter) - a descrevê-lo como um 4-2-3-1 "torto".

A questão principal é que, se João Vítor é um "ponta recuado" (o que pra mim, sinceramente, soa como a coisa mais esquisita do mundo, um ponta que não é ponta) ou volante com boa chegada na frente (o que já não soa tão estranho assim, uma vez que existe no Brasil o popular "segundo volante"), pouco importa. A questão é que, taticamente, estamos falando da mesma coisa.



No exterior
Lá fora, os meias (todos que atuam na faixa central do gramado, sem exceção, ou seja, incluidos os volantes) são normalmente denominados basicamente como midfielders (abreviatura "M"), sendo acrescidas as palavras Center (C), Right (R) ou Left (L) dependendo de seu posicionamento original. Se ele atua pela direita, portanto, é um Right Midfielder (RM). Se atua pela esquerda, é Left Midfielder (LM). Se atua centralizado, Central Midfielder (CM).

Não apenas horizontalmente é feita essa distinção entre os meio-campistas, o que nos dá uma caracterização mais completa do posicionamento dos jogadores em relação ao usualmente utilizado no Brasil. Verticalmente, também há diferenças.

Se o jogador atua recuado, com principal característica de marcação e desarmes, então é acrescido a denominação defensive (D) à nomenclatura. Por exemplo, o "volante de marcação" ou "volante de contenção" que atua centralizado seria chamado CDM, ou seja, Central Defensive Midfielder. Analogamente, temos RDM e LDM. Se o jogador não tem essa característica, ou se divide essa característica com outra como a de conduzir a bola ao ataque (o famoso "enganche"), armando jogadas, então não é feita adição e são caracterizados basicamente como CM, RM e LM. 

Os meio-campistas que possuem como característica tanto a armação quanto a finalização, ou seja, os meio-campistas que atuam mais próximos à meta adversária, são chamados attacking midfielders. Ou seja, são os "meia-atacantes". Se atua pelo centro, é um CAM (Central Attacking Midfielder), pela direita RAM e pela esquerda LAM.

Geralmente o CAM é chamado "meia-de-ligação", o trequartista no Calcio. O armador mais recuado, aqui chamado de "meia-armador", o regista e que no exterior também é conhecido como deep-lying playmaker - ou enganche como é conhecido na argentina - geralmente coincide com a posição CM.

João Vitor
Tenho utilizado no blog a denominação 4-3-1-2 (uma das variações do 4-4-2 losango), que é como gosto de ver o esquema de facto, ou seja, na prática. No 4-2-3-1, temos três meia-atacantes na linha que antecede o centroavante. João não chega a ser um meia-atacante, mas é meia e atua pela direita. Não tem características apenas defensivas, porque também tem boa chegada na frente. Portanto, estaríamos falando de um RM, ou como preferirem, um "ponta-direita recuado" ou um "volante com boa chegada ao ataque".

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