domingo, 14 de agosto de 2011

16ª rodada: Palmeiras x Vasco


O Palmeiras veio a campo no esquema habitual, com apenas algumas mudanças no ataque e na defesa. Maurício Ramos, com dores musculares, deu lugar a Henrique. Chico entrou no lugar de Marcos Assunção, suspenso pelo terceiro amarelo e no ataque, Dinei entrou no lugar de Maikon Leite.

Do lado vascaíno, o time veio sem o craque Diego Souza, armado no 4-2-2-2, alternando para o 4-2-3-1 sem a bola. Rômulo e Jumar fizeram as costas de Juninho Pernambucano, centralizado, Felipe caindo na esquerda e Éder Luis pela direita. Elton fixo como centro-avante.

1T: Começo equilibrado, Palmeiras melhor
Os dois times começaram atacando, o Vasco trabalhando mais a posse de bola, o Palmeiras atuando no contra-ataque. Porém, o que o time carioca ganhou em qualidade com os dois meias-trintões, perdeu em velocidade. Os dois jogadores contribuem para deixar o time lento (facilitando o encaixe da marcação) e com a subida dos laterais, o Vasco ficou muito exposto aos contra-ataques. Na base da velocidade, aos poucos o time paulista começou a dominar o jogo, explorando tanto pela direita, com Cicinho, e principalmente pela esquerda, com Luan e Gerley, sobrando por aquele lado. Valdivia se apresentou bem novamente, com preparo físico cada vez melhor e fazendo passes em profundidade com perigo. Aos 20', Luan cruzou rasteiro para o meio, a bola passou por todo mundo e quase entrou. Dinei se posicionou muito bem na área e em outra jogada quase abriu o placar.

2T: Vasco veloz, erros de pontaria
O Palmeiras sentiu o calor no segundo tempo e reduziu a velocidade das jogadas. O excesso de chances perdidas foi fundamental para a reação vascaína. A impaciência dos jogadores aumentou os passes errados do time e facilitou a armação dos contra-ataques adversários. Na ausência de jogadas coletivas, sobrou o que o Palmeiras sabe fazer de melhor, as bolas paradas. O time conquistou muitos escanteios, e em um deles quase chegou ao gol, com Chico acertando o travessão logo aos 2'. Aos 11', Ricardo Gomes começou a fazer as mudanças que mudariam a partida. Colocou o bom meia Bernardo no lugar de Éder Luis, que pouco conseguiu realizar com a marcação pesada em cima dele. Aos 16', Juninho saiu para a entrada de Leandro. O time ficou mais veloz, Felipe melhorou na armação, mas mesmo assim o Vasco não foi capaz de superar a falta de pontaria. Com os dois lados sem conseguir superar suas deficiências de finalização e criação, sobrou para a bola parada decidir. E novamente, o Vasco teve melhor sorte. Bernardo, aos 35', marcou em linda cobrança de falta. 1 a 0, placar final.

Considerações
O time evoluiu em alguns pontos. O entrosamento melhorou, e se hoje não contava com Marcos Assunção, conta com um Valdívia cada vez melhor na ligação do meio para o ataque. O chileno deu passes em profundidade, fisicamente já atende e pode jogar mais. Enquanto o Vasco esteve lento, o Palmeiras pode encaixar a marcação e ofereceu mais perigo ao gol de Fernando Prass com os contra-ataques. Dinei jogou bem, Kléber e Valdívia jogaram com inteligência. Novamente nosso vilão foi o fundamento "finalização".

Com o Vasco mais veloz no segundo tempo, ficou difícil criar já que o time agora gastava mais tempo e energia marcando o adversário. As chances de gol ficaram mais raras. Maikon Leite entrou bem no lugar de Dinei, que fez boa partida, mas pouco adiantou com a péssima atuação de Márcio Araújo. Com ele, a dinâmica pela direita não funcionou em momento algum, exceto nas subidas de Cicinho, que infelizmente não acertou um bom cruzamento durante toda a partida e ainda levou um amarelo por falta em Bernardo.

Luan pode não ter feito boa partida, mas foi dos seus pés que saiu a melhor jogada de ataque no primeiro tempo e o jogador deitou e rolou pela esquerda até as alterações de Ricardo Gomes surtirem efeito. Gerley subiu e marcou bem, jogo excelente do lateral.

Resumindo, de São Januário levamos de bom apenas uma melhora técnica de Valdívia e Gerley, com melhora no entrosamento, como se pode ver nos contra-ataques. O time saiu mais forte do Rio, mesmo sem os três pontos. Que isso sirva de lição para o elenco para a próxima rodada.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

14ª rodada: Palmeiras 1 x 1 Coritiba


O Coxa conseguiu atuar com mais facilidade, empurrado pela torcida, tomando a iniciativa e partindo para cima do Palmeiras. Como já citamos, é um time muito forte dentro de casa. Veio na formação que está acostumado a jogar, com Maranhão no lugar de Jonas, e dois meias, Rafinha e Tcheco, além de Léo Gago, que chuta muito bem a bola. Já o Palmeiras de Felipão armou o time com poucas alterações em relação ao último jogo, apenas colocando Márcio Araújo no lugar de João Vitor e Kléber no lugar de Dinei. Patrik entrou na vaga de Maikon Leite, gripado. 4-2-1-3, variando para o 4-2-2-2 com o recuo de Luan, esquema de sempre.

A zaga falha duas vezes
O Palmeiras começou fechado, porém sem deixar de falhar em alguns momentos na marcação, já nos minutos iniciais. Antes mesmo dos 5 minutos de jogo, Léo Gago aproveitou passe errado de Thiago Heleno, lançou Bill na pequena área, que se livrou de Maurício Ramos e chutou na rede pelo lado de fora. Aos 5', o time reagiu, Valdívia encontrou Kléber pela direita, e mesmo com três marcadores, bateu pro gol, sendo bloqueado. Valdívia, diga-se de passagem, fez boa partida, porém muito aquém do que pode oferecer. Aos 8 minutos de jogo, porém, o Coritiba abriu o placar. Falha de Maurício Ramos no escanteio pela direita, deixando Emerson cabecear forte, Marcos ainda espalmou a bola mas Jéci completou o rebote. 1x0. O time saiu em busca do empate, mas o que mais conseguia eram perigosos contra-ataques do Coxa na sequência. Em um deles, aos 14', Thiago Heleno voltou atrasado, Bill recebeu lançamento livre na ponta, ficou cara a cara com Marcos, que salvou o time do segundo gol.

Velha História, sempre ela
O torcedor palmeirense está careca de saber. Quando nada no time funciona, o que parece comum nessas últimas rodadas, a bola parada resolve. E de novo, Marcos Assunção, aos 19', bateu fechado, de fora da área, a bola desviou na defesa do Coxa e entrou. 1x1.

Palmeiras mais eficiente, chances desperdiçadas
Pouca coisa mudou depois do gol do Verdão. O Coxa pressionou bastante, o Palmeiras também se arriscou, mas o que se viu foi um verdadeiro desperdício de oportunidades, muitos chutes travados, para fora, para o alto. Apesar da pressão, o Palmeiras levou mais perigo ao gol. Aos 35', Gerley cruzou rasteiro pela esquerda, a defesa do Coxa rebateu mal, Luan recebeu a bola e foi claramente derrubado, mas o juiz não marcou o pênalti, em um lance que poderia ter mudado a história do jogo. No finalzinho do primeiro tempo, aos 45', Márcio Araújo rolou para Valdívia pela direita, enganando a linha burra, que bateu cruzado. A bola passou rasteira na frente do gol, mas Luan chegou atrasado e o time perdeu mais uma boa oportunidade de aumentar o placar.

Continuidade. A zaga falha novamente
O segundo tempo continuou com a proposta do primeiro: Coxa partindo para cima, Palmeiras no contra-ataque, Coxa no contra-ataque do contra-ataque, e por aí vai. Os dois times atacavam desordenadamente e  partiam para cima do oponente do jeito que dava. Só que o Coxa se deu melhor com a má atuação dos zagueiros palmeirenses. Cicinho cobrou lateral pela direita, com a marcação avançada, Maurício Ramos deu um péssimo chutão pra frente, dando a bola de presente para Rafinha. O meia rolou a bola para Bill, que obviamente ia ganhar na corrida em cima de Thiago Heleno, que não pensou duas vezes. Derrubou Bill e foi expulso.

Noite fria, Coxa no Couto, um a menos...
A partir daí, foi só pressão. Felipão rapidamente sacou um jogador de linha para colocar o recém-contratado Henrique. Colocou o rapaz numa fria, mas ele conseguiu segurar as pontas pela esquerda. O time mostrou seu potencial defensivo, um dos melhores do Brasileiro, e impediu uma vitória do Coxa, em pleno Couto Pereira, com um jogador a mais.



Considerações
Funciona mais ou menos assim, jogar com o Coxa no Couto Pereira:

1. Todos sabem da recente história de sucesso desse time, sabem do perigo potencial de enfrentá-lo em casa. E sabem que o Coxa vai partir pra cima. Então a estratégia é manter a defensiva, time todo atrás, desarmar e sair rápido contra-ataque.

2. Com o time adversário todo no campo de defesa, o Coxa adianta a marcação, fazendo marcação por pressão.

3. O outro time perde ainda bola no campo de defesa (ou na ligação direta) e o Coxa ataca, bem próximo à meta adversária.

O Coxa não tem bons números de desarmes, mas faz a marcação pressão muito bem, porque tem velocidade. Isso casa perfeitamente com o Palmeiras, que é um dos líderes do Brasileiro em número de bolas perdidas. O lance da expulsão de Thiago Heleno saiu da pressão sobre Maurício Ramos, que errou na ligação direta ao invés de rolar a bola para o companheiro de zaga. Além disso, quando o Coxa pega na bola, não perde. Para o azar de nós, palmeirenses, o Coxa tem um dos melhores números no fundamento "bolas perdidas".

Influência do Couto? Certamente. Fomos melhores? Não. Fomos mais eficientes, apesar de finalizamos mal, isso é verdade. Mas a falta de segurança da zaga, principalmente de Maurício Ramos, contribuiu para o resultado. Ele falhou no primeiro gol, sim. Empatamos em seguida. Mas ele falhou novamente na expulsão de Thiago Heleno. E acabou com nossas chances de reagir.

Bola pra frente e o campeonato segue. 1 ponto no caixa.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Como a mudança na regra do impedimento forçou o 2-3-5 ao WM

O ano era 1925. A FA (Football Association) enfrentava uma média de 2.58 gols por jogo na temporada, algo impensável. Com a baixa média de gols, a média de público despencava. O Futebol havia se transformado em algo tedioso e era preciso fazer algo.

Em novembro, a associação resolveu tomar uma atitude radical. Alterou a regra do impedimento, intocável desde 1866, ou seja, 59 anos. Antes, a regra dizia que para um jogador não estar impedido, era preciso ter pelo menos três defensores à sua frente, ou seja, goleiro e mais dois. A entidade alterou esse número para dois, ou seja, goleiro e mais um defensor, criando o que hoje é chamado "último homem". Antes, o "último homem" de hoje era, na verdade, o penúltimo homem.

Times como o Newcastle United, tão adeptos à armadilha de impedimento, tiveram de se adaptar. O número de gols por partida aumentou consideravelmente na temporada seguinte, 1925-1926, para 3.69 gols. Os times, que até então armavam seus times no 2-3-5, precisavam de uma solução defensiva. Se antes podiam facilmente armar uma armadilha de impedimento, agora eram rapidamente pegos em desvantagem numérica em um ataque pelo centro, em situações de 3 contra 2, 2 contra 1, ou pior.

Os efeitos da alteração da regra de impedimento em 1925:

A solução foi encontrada por Herbert Chapman, que em 1925 assinou com o Arsenal, vindo do Huddersfield. Chapman recuou o jogador que, naquela época era chamado de "centre-half", basicamente, o médio do centro da linha de três jogadores do 2-3-5 para recompor o buraco na defesa, trabalhando agora com três defensores (lembrando que nos dias atuais a maior parte dos times trabalha com quatro defensores, sendo que os laterais também são considerados defensores). 

Partindo de uma série de premissas, entre elas a de que o ataque devia partir de uma boa defesa, com o foco no contra-ataque, e de que um ataque construído pelo centro é muito mais perigoso e objetivo do que simplesmente correr pelas laterais do campo e fazer o cruzamento para a pequena área, Chapman criou ainda o que seria o precursor do esquema que ele próprio aperfeiçoou, o chamado "WM", um 3-4-3 com 4 linhas de jogo (3-2-2-3), com o "quadrado mágico" no centro, o coração da armação de jogadas de ataque. 

Chapman recuou dois atacantes da linha de cinco jogadores à frente, recuou um centro-médio da linha de 3 jogadores anterior para a zaga, com o único intuito de marcar o centroavante adversário. Os dois zagueiros restantes marcavam os wingers do rival, enquanto os "half-backs" (volantes) marcavam os "inside-forwards" (atacantes "por dentro", que ladeavam o centroavante)  da linha de cinco atacantes. Compactava o centro, esperando os times adversários atacar com seus cinco jogadores de bloqueio (3 zagueiros e 2 volantes), abria os "wingers" nas pontas, fazia a ligação direta para o ataque e objetivava a finalização através de cruzamentos ou simplesmente arrematando à gol.  Isso deu início à era do wing-play inglês, que nos contribui até hoje com jogadores excepcionais nessa posição, como Gareth Bale e Ryan Giggs.

O "WM"



O WM instaurou uma hegemonia que durou aproximadamente duas décadas, até cair frente ao 4-2-4 húngaro, chefiado por ninguém menos que Ferenc Puskás Biró, ex-jogador do Real Madrid e o craque que levou o time nacional ao vice campeonato de 1954.

14ª rodada: Palmeiras x Coritiba (Prévia)

Pedreira fora de casa
O Palmeiras pega o Coritiba fora de casa pela 14ª rodada do Brasileirão. Como mandante, a força do Coxa é impressionante. Dos sete jogos que disputou no Couto Pereira, venceu quatro e empatou um, contra o Internacional. Mas foi justamente a derrota para o São Paulo, com um jogador a menos desde o primeiro tempo, em que quase empatou um jogo que saiu perdendo de quatro a zero, é que mostra a verdadeira força do time dentro de casa.

Esquema: 4-2-2-2

Pontos Fortes

O craque
Quem viu os melhores momentos do último jogo do Coritiba pelo Campeonato Brasileiro contra o América-MG deve estar pensando que o melhor jogador do time é Marcos Aurélio. O craque do time, entretanto, pela fase que passa, é Bill, ex-Corinthians. Na última partida, o jogador fez dois lançamentos perigosos, dos quais um resultou em gol de Marcos Aurélio e ainda fez um gol. Tem boa movimentação, tem visão de jogo impressionante e atua como centroavante. Além de tudo isso, é o artilheiro do Coxa até o momento: 5 gols marcados.

Bons chutadores
Léo Gago, Marcos Aurélio, Bill, Rafinha... é extensa a lista de bons chutadores que transforma isso em uma das principais armas do Coritiba. Léo Gago é o destaque nesse quesito e pega bem na bola até de primeira. Atuando como segundo volante, chega sem muito esforço na intermediária e se não marcar, o chute é certeiro. Muita atenção da defesa e dos volantes para fazer o bloqueio.



Boa jogada aérea pela direita
Tanto Jonas quanto Eltinho já deram assistências no Brasileirão. Ambos chegam bem à linha de fundo e podem cruzar com qualidade. Maranhão, quando entrou na lateral direita também deu passe para gol de Marcos Aurélio. Além disso, Tcheco pega bem na bola e cobra os escanteios do time. Bill (principalmente) e Marcos Aurélio são bons finalizadores e o time não pode vacilar na bola parada.

Pontos Fracos

Sempre ela, a bola aérea
Impossível não citar a desorganização nesse quesito. Na 9ª rodada, Gilberto Silva, que não é tão alto, subiu mais que a defesa e marcou para o Grêmio. O time que dominou o Fluminense durante quase todo o jogo na 10ª rodada do Brasileiro não conseguiu segurar a pressão dos cruzamentos nos minutos finais da partida, de onde veio a jogada para o único gol do time carioca. Na 11ª rodada, 3x1 contra o América-MG, gol de Kempes. Adivinha de que jeito? Cabeceio. E só conseguiu balançar as redes após várias tentativas, sempre pouco marcado.

Jogos fora de casa deram a dica
Os mesmos volantes que tanto chutam a gol, e tão bem, também possuem defeitos. No quesito "desarmes", o Coritiba possui uma das piores médias no Campeonato. O Palmeiras é, até a presente rodada, o segundo melhor. Outro número que evidencia isso é a média de faltas cometidas por jogo, "fundamento" em que o Coxa ganha de qualquer time, figurando no topo da lista. Resumindo, o time não sabe marcar. Jogadas pelo meio podem ser uma boa, e com o retorno de Kléber e Márcio Araújo, que estavam suspensos, além da presença de Valdívia em campo, o Palmeiras pode aproveitar para tentar infiltrações pelo meio. O Grêmio fez isso muito bem, mas pecou nas finalizações, principalmente da jovem promessa Leandro. Ainda assim, ganhou a partida por 2x0.

Palpite
Uma estatística que o Coritiba possui de boa é o baixo número de bolas perdidas. Será o casamento entre o que menos bolas perde contra um dos melhores marcadores do campeonato. Apesar do ataque do Coxa finalizar muito, e finalizar bem, temos um dos melhores setores defensivos do país. Se a marcação encaixar, o time pode realizar o desarme e na sequência armar um contra-ataque rápido pelo meio, distribuindo a bola aos pontas. Uma boa atuação de Maikon Leite poderia ajudar muito. Valdívia vem em uma crescente, já quase em condições de aguentar 90' e só precisa reencontrar o bom futebol. Luan, sempre regular e extremamente rápido, caso acerte a pontaria, pode definir de novo. Lembro ainda que o Coxa lidera o número de faltas. Se as fizer na intermediária, temos Marcos Assunção. Toma muitos gols de bola aérea, e para isso temos Maurício Ramos, Thiago Heleno. O Coxa é extremamente forte em casa, isso é verdade. Mas se fizermos o primeiro gol, podemos desestabilizar o time, como fez o São Paulo.

Temos grandes chances de ganhar essa partida, chance pequena de empate e de sairmos derrotados.

Observação "Estatística"

Alguns times são muito fortes dentro de casa. É aquele caso em que a torcida "empurra" o time, alterando a motivação dos jogadores, fazendo diferenças qualitativas visíveis ficarem menos gritantes.

A persistência e a concentração do time aumenta, e com essas qualidades aumenta, consequentemente, o número de ocorrências das suas principais jogadas.

Claro que a qualidade dessas jogadas não se altera, os jogadores são os mesmos, com os mesmos defeitos de antes. Só aumenta a frequência com que ocorrem. Mesmo que percentualmente a chance de alguma delas dar certo seja a mesma, o tempo é limitado.

Se eles acertam 1 em 10 em determinada jogada, e conseguirem fazer as 10 ocorrências acontecer, uma delas vai entrar.

13ª rodada: Palmeiras 3 x 2 Atlético Mineiro

Meramente ilustrativo: Atlético jogou no 3-5-2, Luan atuou pela esquerda, assim como Marcos Assunção


Tático
O Palmeiras entrou em campo trabalhando no 4-2-1-3 habitual, alteranando para o 4-2-2-2 sem a bola com o recuo de Luan. O time veio com duas novidades: João Vítor como segundo volante de saída pela direita, no lugar de Márcio Araújo suspenso por terceiro amarelo e Dinei como centroavante, no lugar de Kléber, também suspenso por terceiro amarelo.

Já o Atlético trouxe o time armado no 3-5-2. Dorival parou de trabalhar com três volantes no 4-3-1-2 do início do campeonato, vinha escalando o time no 4-4-2 (4-2-2-2), colocou o jovem lateral-esquerdo Eron como ala, Patric pela ala direita. É a terceira mudança tática do treinador esse ano. Apesar do resultado ter agradado ao treinador, para quem o Atlético "jogou de igual para igual", a mudança frequente de esquemas afeta o entrosamento da equipe. Nesse aspecto, o Palmeiras leva ampla vantagem, já tendo encontrado seu padrão tático, por assim dizer.

Pressão Alviverde
O time começou o jogo marcando por pressão no campo de defesa do Coxa, com uma postura bastante agressiva. Cicinho apoiou muito no primeiro tempo, e logo aos 9', em um cruzamento seu, a bola bateu na defesa adversária e sobrou para Luan, que chutou forte e rasteiro, passando bem perto da trave. A noite era de sorte. Luan cabeceou uma ligação direta para Dinei, que dominou mas recebeu falta boba de Leonardo Silva esquerda. Aí apareceu a figura de Marcos Assunção, que voltou a decidir nas bolas paradas em um cruzamento à moda de Ronaldinho Gaúcho na semi-final da Copa de 2002, encobrindo o goleiro Giovanni. Uma pintura de gol, 1x0 Verdão.

Gerley falha a primeira
O Atlético não demorou a reagir e apenas 1 minuto depois do gol, Gerley deu a primeira mancada com a camisa alviverde. Normal, jogador jovem, a experiência pesou. Um jogo contra um time próximo da zona de rebaixamento sempre exige o máximo de concentração. Luan interceptou uma bola mal recuada do Atlético, fez o pivô, mas pegou Gerley no contrapé. Em uma rápida tabela pela direita, o time atleticano encontrou Magno Alves pela esquerda, que enganou Cicinho, fez o giro e bateu cruzado. A bola ainda resvalou na defesa palmeirense antes de passar por Deola. Jogo empatado no Canindé.

Dinei aparece de cabeça, Luan marca
Cicinho fez uma jogada que pode e deve evoluir. Aproveitando a desorganização da defesa do Atlético, apareceu algumas vezes pela ponta direita, cruzando para Dinei tentar de cabeça. No primeiro lance de perigo, o lateral tentou cruzar para o atacante, a bola resvalou na defesa e parou nos pés de Luan, que finalizou rente à trave. Nas duas vezes que Cicinho acertou o cruzamento, Dinei conseguiu desviar para o gol, ainda que sem pontaria. O problema é que o esquema com a defesa atleticana armado com três zagueiros (Leonardo Silva, Lima e Werley), mesmo que desorganizado, dificultou bastante a atuação do jogador.

Vale citar também que Dinei fez boa partida, conseguiu alguns cabeceios, movimentou-se bastante, deu trabalho à marcação adversária e foi da falta por ele sofrida que saiu o golaço de Marcos Assunção. No segundo tempo, o time foi superior e consegui muitos lances de perigo. Valdívia arriscou bastante fora da área, enquanto Richarlyson arriscava mais pelo lado do Atlético. Aos 16', outro lance de bola parada. Marcos Assunção cobrou para a pequena área, Lima desviou, porém a bola sobrou para Luan definir: 2x1.

Aos 22', outro lance de bola aérea do Atlético levou perigo ao gol de Deola. Leonardo Silva subiu livre e Deola nem saiu do lugar. A bola passou rente à trave. O Palmeiras pressionou e o time chegou ao terceiro, em um bate rebate na pequena área, Patrik tocou no cantinho aos 33', 3x1. De novo, 1 minuto depois, o Atlético chegou ao segundo. Outra falha de Gerley, que praticamente deixou Neto Berola dar um balão para cruzar para Wesley marcar de cabeça. 3x2 e placar selado.

Considerações
O time foi bem contra o agressivo time do Atlético. Mesmo com 3 zagueiros no campo adversário, conseguimos criar chances e entrar na pequena área. Falhamos um pouco na bola parada, mas não tomamos gol desse tipo de jogada, ponto forte do time mineiro. Além disso, não pudemos contar com Maikon Leite, que além de escorregar muito, não atuou bem. Isso pode ter acontecido pela entrada de João Vitor na vaga de Márcio Araújo, além do desfalque de Kléber, dois jogadores que reforçam o time pela direita e pelo centro, respectivamente. Questionar a atuação de João Vitor não faz sentido, já que o jogador pouco joga. Decidimos a partida com aquilo que já vinhamos fazendo, com boa chegada pela esquerda de Luan, marcação forte e com as boas jogadas de bola parada. Os gols do Atlético saíram, portanto, não por incompetência do time, mas principalmente por falhas do lateral Gerley. Em uma partida contra um time perto da zona de rebaixamento, toda atenção é pouca. Gerley, de resto, fez boa partida, exceto por essas falhas individuais. Conseguiu segurar bem na marcação, apoiou moderadamente o ataque.

Um ponto que chamo a atenção foi a atuação de Valdívia. Chutou bastante a gol, porém, continua lento e foi pouco solidário. Em duas oportunidades, poderia ter rolado a bola para um companheiro melhor posicionado finalizar. O caso mais emblemático foi uma passagem de Patrik, pelo meio, livre, em que Valdívia resolveu cortar para a esquerda e chutar por cima do gol de Giovanni. Concordo que a concorrência pela vaga de titular tem seu lado benéfico para o rendimento do time, mas nesse caso ficou evidente que o jogador não quis passar a bola para o companheiro de ataque.

Chama a atenção o fato de o time estar com dificuldades para quitar uma pesada dívida com o futebol árabe, em um negócio feito em parceria com o banco português Banif na negociação do jogador. O próprio treinador admitiu que Valdívia voltou da Copa América com dois ou três casos de lesão e vem fazendo reforço muscular, sendo intensivamente utilizado para jogar os 90' de partida. Que existe uma pressão muito forte em cima dos resultados que ainda não vieram, isso é fato. O perigo é sobrecarregar o jogador, com o risco de uma nova lesão, por motivos financeiros. A torcida do Corinthians sabe muito bem o que isso significa.

Estatísticas: UOL.com.br