quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Brasileirão 2012 (15ª rodada): Palmeiras 2 x 1 Botafogo

Palmeiras 2 (ou 3?) x 1 Botafogo
08/08/2012
Engenhão

Onze iniciais
Felipão escalou o time com 2 centroavantes e Patrik na meia pela direita no 4-2-2-2. Basicamente, a idéia era jogar sem a bola, no contra-ataque. O Botafogo veio no 4-2-3-1 com Elkeson inicialmente na referência e um trio formado por Seedorf, Andrezinho e Fellype Gabriel.

Time no 4-2-2-2, sem a bola. Eficiente.


Problemas pelo lado direito
A estratégia, inicialmente, apresentava problemas que qualquer palmeirense minimamente atento logo percebeu: o Botafogo, com seus principais criadores enfrentando marcação forte de Kid e Henrique, encontrou uma avenida pelo nosso lado direito, forçando jogadas com as subidas do lateral esquerdo Márcio Azevedo. Inúmeros cruzamentos saíram por lá, com imenso perigo. Isso acontecia basicamente porque João Vítor, normalmente o cara que fazia a cobertura do lateral direito, estava suspenso pelo terceiro amarelo e Patrik, o substituto, não realizava essa função. Caso Patrik voltasse para fazer a cobertura, ficaríamos praticamente nulos no contra-ataque pelo lado direito. E foi também por esse motivo que Obina pouco apareceu no jogo.

Mesmo com esse problema grave, a estratégia de jogar deu certo. Com o time do Bota empolgado e todo no ataque, o Palmeiras teve excelente aproveitamento no contra-ataque. Logo aos 13', Artur lançou a bola para Obina na entrada da grande área. A bola passou pelo jogador - que já puxado a marcação - e sobrou para Barcos, que inteligentemente a esperava atrás dos dois. O matador ainda deixou o marcador que vinha para travar o chute no chão e tocou no canto direito do gol de Jefferson. Verdão, 1x0!

Ainda que o Botafogo, mesmo após o gol, mantivesse sua estratégia pelo lado direito (eficientemente), a sorte deu uma ajudinha e Márcio Azevedo se machucou ainda no primeiro tempo, promovendo a entrada do péssimo Lima. O problema é que mesmo com a saída do jogador, o time botafoguense ainda conseguia muitas jogadas por lá. Em um escanteio aos 24', a defesa do jogo: Seedorf cobrou pelo nosso lado direito, e Elkeson, mesmo marcado por Leandro Amaro e Maurício Ramos, conseguiu cabecear à queima-roupa. Baixou o santo no goleirão, que conseguiu tirar para fora. Discípulo de São Marcos detected!

O jogo seguiu com o mesmo padrão, Palmeiras mantendo a estratégia de atuar sem a bola, no contra-ataque, com os dois centroavantes e com o problema de cobertura pela direita. O Bota surfou por aquele lado, mas conseguimos nos defender. Fecharam o primeiro tempo com 72% (!) de posse de bola.

Segundo tempo sem mudanças. Verdão mais eficiente.
Felipão não promoveu mudanças para o segundo tempo. A cobertura pela direita melhorou, com Patrik atuando mais recuado. Com isso a ligação com Obina por aquele lado, se já era pequena, ficou nula. O técnico Oswaldo de Oliveira, antevendo essa melhoria, inverteu Fellype Gabriel com Seedorf, forçando jogadas nas costas de Juninho. Ainda assim, o que funcionou mesmo, por incrível que pareça, foi Lima atuando nas costas de Artur. Aos 12', escapou pelo nosso lado direito e cruzou para a área. Leandro Amaro tentou bloquear o cruzamento, Maurício Ramos não conseguiu desviar e Andrezinho completou para  o gol. Botafogo 1x1 Verdão.

Como de costume, Felipão resolveu mexer no time depois do gol. Aos 17', promoveu a entrada de Daniel Carvalho para o lugar de Obina. Com Patrik fechando o lado direito, o time ficava - teoricamente - com melhor ligação no ataque. O problema é que Daniel Carvalho parecia não ter entrado em campo.

O Bota continuou a estratégia do "abafa", se lançando ainda mais ao ataque e fazendo lançamentos na grande área. Aos 20', Fellype Gabriel saiu para a entrada do inconstante Vítor Júnior. O Verdão, mais eficiente do que de costume, aguardava apenas o momento do contra-ataque. Fernandinho, recebendo boa bola pela esquerda aos 27', driblou Lennon com uma linda caneta e cruzou para Barcos completar para as redes. Verdão, 2x1!

O time cresceu na partida e aos 31', chegou novamente ao ataque. Fábio Ferreira dominou mal, Patrik tocou para Barcos em posição legal, que driblou Antônio Carlos e tocou por cima de Jefferson. Era pra ser o terceiro gol, mas o bandeirinha, mal posicionado, marcou impedimento absurdo. Palmeiras terrivelmente prejudicado.

Oswaldinho sacou Lennon para a entrada de Rafael Marques, queimando sua terceira substituição e botando o time no tudo ou nada. Com tanto jogador do Bota no ataque, Felipão voltou para a estratégia do contra-ataque, manteve o time recuado, sacou Patrik para a entrada de Betinho. O time se defendeu bem e, tirando uma bola na trave de Andrezinho aos 47' do segundo tempo, conseguiu seguir à risca a estratégia. Verdão conquista seus primeiros 3 pontos fora de casa.

Considerações
A estratégia de ficar sem a bola é sempre uma estratégia de risco (Botafogo finalizou 14 vezes a gol, contra 6 do Palmeiras). Ainda mais quando o adversário circula a entrada da grande área, próximo à meta. Se pelos lados tomamos sufoco, em especial pela nossa lateral direita, pelo centro Felipão conseguiu congestionar a criação. Kid e Henrique pouco apareceram no jogo, pois acompanhavam de perto os passos de Andrezinho e Seedorf. Sobrou a Oswaldinho as laterais, que foram exploradas com competência mesmo com as substituições forçadas - Márcio Azevedo por Lima, por exemplo.

Felipão, mesmo com o buraco pela direita - a cobertura de João Vítor não era executada com a mesma excelência por Patrik, um atacante improvisado na meia - manteve a estratégia. Poderia, por exemplo, promover a entrada de João Denoni para a vaga do jogador e colocar Daniel Carvalho na de Obina na virada para o segundo tempo, por exemplo. Não alterou e esperou o time levar gol para realizar as mudanças. Ainda assim, manteve Patrik em campo um pouco mais recuado, que até melhorou na cobertura pela direita, mesmo que essa melhora não tenha sido lá aquelas coisas. Oswaldo inteligentemente inverteu Seedorf com Fellype Gabriel, mudança que se por um lado não conseguiu criar chances com força total pelo lado direito, abriu a marcação pelo lado esquerdo e deu mais espaço para as subidas de Lima, o lateral que deu assistência para o primeiro gol deles.

Posse de bola, apesar de aumentar as chances de finalização, depende da eficiência para atingir seus objetivos. E nesse quesito o Palmeiras foi muito superior. A jogada individual de Fernandinho pela esquerda, desequilibrou a partida. Com o gol, o Bota foi ainda mais pra cima. Barcos marcou o terceiro, invalidado equivocadamente. Oswaldo botou mais um atacante em jogo, pressão total. Mas seguramos o resultado.

Há sim um mérito defensivo - seguramos o resultado - mas o Botafogo criou mais chances. Um buraco pela direita não foi fechado, tomamos gol por lá. Felipão poderia ter arrumado isso, mas assumiu o risco da estratégia, bancou Patrik, não promoveu Denoni. Com isso, além de não nos defendermos bem pelas laterais, criamos pouco. Fernandinho, por exemplo, poderia não ter feito aquela jogada. Com pouquíssima posse, porém, veio em hora certa.

Concluindo, estratégia de jogar sem a bola com dois centroavantes funcionou, ponto positivo para Felipão. Buracos defensivos pela direita, ponto negativo para Felipão. Podemos culpar o Artur pelo buraco na direita, mas Patrik não fez a cobertura. Se fizesse, perderíamos a ligação para o ataque. A escalação é escolha de Felipão. Ou seja, se Felipão não foi assim tão brilhante, no conjunto, brilharam algumas individualidades: Bruno, Barcos e Fernandinho.

Espero mais volume de jogo na próxima rodada.

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