sábado, 9 de fevereiro de 2013

A saída de Barcos



A diretoria anunciou há pouco tempo a troca de Barcos por 5 jogadores do Grêmio mais uma quantia em dinheiro. Seja qual for o tipo de jogador que chegará ao Palmeiras, Barcos já não é mais do clube.

A troca só não foi finalizada por completo ainda porque há diversos problemas, seja com a LDU (que detém uma parcela do passe do jogador e não foi consultada antes de fazer a transação), seja com os jogadores que virão (alguns já renovaram contrato e não querem vir, outros ainda não foram nem contactados). Enfim, o jeito é deixar o Carnaval e a ressaca passar e esperar novas informações de PN e Brunoro.

Imbróglio à parte, vamos aos fatos.

Valeu a pena?
O negócio só valeria a pena se Marcelo Moreno decidisse jogar no Verdão. Não se tira um centroavante do porte de Hernán Barcos sem reposição. O jogador afirmou que não sairia do Olímpico e que estava de contrato renovado. Daí veio o pai do jogador (ex-jogador da nossa base na década de 60, jogou com Ademir e Julinho Botelho) falando um monte e a relação entre a torcida e o jogador boliviano ficou muito abalada. O jogador então se desculpou pelas palavras do pai - que ofendeu não somente ao Palmeiras, mas também distribuiu sopapos verbais em direção ao Flamengo - mas voltou a reiterar que de lá não sai. Caso fique no sul, terá concorrência pesada. Barcos, William José, Kléber e Vargas. Caso mude de idéia, o negócio passa a valer a pena.

Barcos não é ídolo do Palmeiras. Mas é grato ao clube. Pode isso, Arnaldo?
Entendo a carência de ídolos do Verdão, sei que os números de Barcos são impressionantes, que a criançada o adora, que fazem o gesto do pirata depois do gol, etc. Vamos cair na real. O cara não queria jogar no Palmeiras. Ponto. Não queria! Isso é atitude de ídolo? No meu mundo, não. Barcos deve ser definido como um jogador excepcional que teve uma passagem curta, porém extremamente positiva pelo clube.

Ídolo é Marcos, que recebeu proposta real do Arsenal para substituir David Seaman em sua melhor fase e decidiu ficar. Ídolo é Evair, Ademir da Guia, enfim, ídolo é um negócio extremamente raro de se encontrar, um amor incondicional ao clube, coisa que não vamos encontrar em qualquer esquina do período mais recente do futebol e que tende a ficar ainda mais raro diante das circunstâncias. Não vamos vulgarizar a figura do ídolo.

Portanto, mesmo não sendo ídolo e mesmo não querendo ficar, Barcos diz ser grato ao clube. Isso é possível? Claro.

Algumas pessoas se revoltam dizendo que o maior gesto de gratidão seria que o jogador ficasse no clube. Essas pessoas são as mesmas que acreditam que Barcos é ídolo do Palmeiras. Só que não é. A confusão começa justamente aí, e consequentemente surge um sentimento de raiva por acharem que o jogador está mentindo quando diz ser grato ao clube, o que não é verdade.

Se você acompanhar a trajetória dele, sabe que o objetivo do jogador sempre foi a seleção, não importa de qual país. Quase se naturalizou equatoriano - o filho dele é equatoriano - para atuar pela seleção de lá, já que nunca era lembrado pelos treinadores argentinos. O Palmeiras possibilitou a convocação. E por isso, a gratidão ao clube.

Quando a queda ocorreu, Barcos logo se posicionou contra atuar pela série B, muito provavelmente pela falta de visibilidade que poderia complicar convocações futuras. Nosso time foi para a segundona e logo na primeira convocação do ano, bazinga. O jogador foi deixado de lado. Ele estava infeliz, havia ainda a questão financeira. A diretoria e o jogador concordaram que se alguma proposta interessante aparecesse, o jogador seria informado. Foi o que aconteceu.

Concluindo, Barcos abandonou o navio, mas nós não podemos - e não queremos - fazer o mesmo. A vida segue no Verdão, vamos apoiá-lo até o fim!

2 comentários:

  1. Isso sim que é uma análise sensata. Nossa paixão, muitas vezes, nos deixa cegos. De forma conclusiva: NÃO IAMOS FICAR COM BARCOS. Era uma questão de tempo e pouco tempo.A tendência é que as coisas iriam se complicar mais, podendo trazer consequências desastrosas para o clube e para o elenco. Nesses aspecto, ponto final. A diretoria agiu certo.
    Quanto a negociação em si. Amadora, ingênua e de otário. Deu toda a condição do Grêmio, com um mínimo de ação desonesta, dar o maior chapéu da história, superando até as piores trapalhadas da dupla B1 e B2. Deixamos na mão deles, confiando na sua "ética" a decisão de pagar ou não, sem nenhuma nota promissória para protestar e sem o famoso "preto no branco" (pelo menos é o que dá claramente a entender). Ai a diretoria agiu muito mal, podendo até comprometer, em caso de não se corrigir o erro, toda a sua administração. Espero que Brunoro corrija isso e prove a todos nós que não seja uma farsa.

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  2. É verdade, Gaetano. Há muita desconfiança com relação à essa transação. Mas o desenrolar está provando que a vinda de Marcelo Moreno não era para acontecer. Ou, como Brunoro diz, não agora. Logo, do ponto de vista do FUTEBOL jogado no CURTO PRAZO, a transação nunca iria compensar. NUNCA...

    Por outro lado, financeiramente o negócio pode ter compensado. Algumas informações sobre salários atrasados começaram a surgir, e também com a própria LDU havia dívidas. Olhando para as competições que disputaremos, temos o seguinte cenário: em uma delas, curta porém do mais alto nível, temos chances consideravelmente pequenas de vencer. Na outra, extremamente longa e de nível baixo, temos chances consideráveis de ganhar. Dado isso, nosso elenco refletirá, se a nova administração for mesmo profissional, a ponderação entre os riscos x retornos. É claro que no futebol, para se ganhar qualquer coisa, é preciso certo grau de agressividade na hora de calcular essas ponderações, mas sem fazer maluquice. Enfim, faz sentido não ter um elenco estelar, caríssimo, mas mediano e sustentável. Isso não é diminuir o Palmeiras? De jeito nenhum. Isso é planejamento de longo prazo pensando em um Palmeiras extremamente FORTE no futuro.

    Por fim, agora é acreditar no futuro do Palmeiras. Barcos é página virada.

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