segunda-feira, 2 de abril de 2012

Palmeiras 0 x 1 Mirassol

Palmeiras 0 x 1 Mirassol
31/03/2012
São Paulo

O Palmeiras veio a campo com várias alterações. Leandro Amaro deu lugar a Maurício Ramos, Cicinho deu lugar a Artur e Marcos Assunção saiu para a entrada de Wesley. No 4-3-1-2 habitual, com a linha de volantes formada por três segundo-volantes, Daniel Carvalho na armação e Maikon Leite e Barcos formando a dupla de ataque. O Mirassol, segundo o técnico Ivan Baitello, vinha com uma postura agressiva. E conseguiu, integralmente, cumprir sua proposta.

Onze iniciais no 4-3-1-2


Primeiro tempo
O time do Mirassol pressionou a posse de bola do Palmeiras no campo de defesa, explorando os erros do Verdão. No começo do jogo, a estratégia deu certo, dificultando muito a saída de bola do time. Tocando melhor a bola, o visitante só não deu mais trabalho porque na frente o entrosamento não era tanto. Entretanto, isso não impediu que o Verdão mantivesse o domínio do jogo nos minutos iniciais.

Se o Verdão pouco atacava, na parte defensiva deixava claro um espaço grande para o Mirassol explorar pela lateral esquerda do time. Com Wesley muito avançado e Juninho subindo, Henrique passou a ser bastante acionado. No contra-ataque rápido do Mirassol aos 14' a defesa ficou completamente vendida por aquela lateral. Samuel escapou livre, avançou até a entrada da grande área e chutou forte, sem defesa de Deola, para fora, por cima do gol.

Depois do lance, uma movimentação já conhecida. Com o time do Mirassol todo recuado em seu campo defensivo, Wesley teve permissão para avançar e atuar como meia pela esquerda. Depois, ele e Maikon inverteram de lados, passando o jogador a atuar como meia pela direita. Movimentação bem parecida com a que Felipão está acostumado a fazer quando Patrik está em campo.

Aos 15', a mexida no time deu certo e surgiu a primeira boa oportunidade do jogador, depois de receber bom passe de Daniel Carvalho pela direita, batendo cruzado e a bola "lambendo" a trave. O jogador mostrou que o pé direito é indiscutivelmente melhor que o esquerdo.

Time no 4-2-3-1: Wesley invertendo com Maikon, movimentação conhecida

Barcos continuou apagado na partida, mas sem deixar de levar perigo ao adversário. Aos 16', em mais um de seus recuos ao meio campo, fez bom pivô para Maikon Leite que deixou Juninho em condições de finalizar livre pela esquerda, chutando fraco e longe do gol de Fernando Leal.

A falta de entrosamento de Wesley, entretanto, sobressaiu em relação às suas qualidades ofensivas. Aos 20', tentou uma enfiada para Daniel em profundidade, que foi interceptada e gerou contra-ataque. Na jogada, o volante Sérgio Manuel adiantou demais, Maurício Ramos recuperou a bola e tocou novamente para Wesley. O novato perdeu a bola (de novo!) para Xuxa, que rolou para Preto enfiar a bola novamente para o volante Sérgio Manuel, que disparou deixando os marcadores pra trás. Henrique demorou para sair da defesa e deu condição para o passe. O Palmeiras só não tomou o gol por falta de capricho na finalização.

A partir daí a partida se equilibrou entre ataque e defesa. O buraco pela esquerda continuou. No ataque, Barcos continuava distante da grande área. O time tentaria ainda uma última invertida, dessa vez entre Wesley e Daniel Carvalho, trocando posições entre a meia-direita e o centro, também sem sucesso. Em outro contra-ataque rápido, o Mirassol quase marcou novamente, aos 36' com Samuel. 

Segundo tempo
Os times vieram a campo sem alterações. Wesley voltou para a meia esquerda, Maikon para a direita. Mesmo com o Mirassol jogando mais aberto, o time não conseguia criar chances, esbarrando na indefinição dos jogadores em suas posições, que pareciam não saber o que fazer em campo. Aos 10', Juninho encontrou Wesley na pequena área, ele fuzilou Fernando Leal, que fez grande defesa. Aos 11', João Vítor lançou Wesley na grande área, que driblou um marcador e chutou. No rebote, Daniel Carvalho chutou travado para o gol livre e, de novo, não marcamos.

O time cresceu e parecia que iria deslanchar, tocando a bola de forma inteligente e rápida, explorando mais os lados do campo. Colocando uma pressão forte em cima do Mirassol, o gol parecia era questão de tempo. Aos 15', Daniel fez excelente jogada individual, driblou vários jogadores e chutou por cima do gol.

Aos 19', Chico entrou no lugar de Artur, que pouco fez até aquele momento, com João Vítor indo para a lateral direita. Aos 21', Henrique saiu errado, o Mirassol recuperou a posse mas não conseguiu finalizar, conseguindo um escanteio pela direita. Na cobrança, Deola saiu mas não achou nada. Barcos desviou de cabeça, Preto pegou o rebote, passou por Barcos e finalizou com categoria para o gol do Verdão. Mirassol, 1x0.

Aí começou o calvário alviverde. Aos 26', Ricardo Bueno entrou no lugar de Wesley, muito vaiado. O jogo pouco se alterou, sempre em dois tempos: ataque do Palmeiras, contra-ataque do Mirassol. Mesmo com a falta de entrosamento de Wesley, o time perdeu em qualidade com a entrada de Ricardo Bueno. Com o Mirassol todo postado na defesa, o jogador tem que buscar jogo na meia. Ou seja, basicamente, tinha que atuar como um, o que não é a dele.

Enquanto o time digladiava-se contra o próprio cansaço em não atingir o objetivo, o Mirassol saia organizado para o contra-ataque e dava um verdadeiro baile no time. João Vítor na lateral direita não funcionou porque o volante, cansado de tanto avançar, não conseguia dar conta das obrigações defensivas que a função exigia.

Aos 34', a última alteração de Felipão, que em nada alterou o padrão de jogo. Daniel Carvalho, exausto, deu lugar a Pedro Carmona. Aos 37', a última chance real de gol. Márcio Araújo lançou Maikon na grande área, que bateu forte no mesmo canto de Fernando Leal. O goleiro defendeu, espetacularmente, na base do reflexo.

Fim de jogo e Verdão sem a liderança.

Considerações
A partida pode ser definida em dois momentos: antes do gol e depois do gol.

Antes do gol, tínhamos Wesley jogando mal, um meio campo desentrosado. Mas também tínhamos Wesley criando chances de gol, dando qualidade ao meio-campo. Todos lembram que o time jogou mal. Que o primeiro tempo não foi lá aquelas coisas, é verdade. Mas a maioria esquece que tivemos chances claras de gol antes do gol do Mirassol e que tivemos um início de segundo tempo arrasador. Para dar contorno ao argumento: no primeiro tempo, tivemos duas grandes chances de gol, aos 15' com Wesley e aos 16' com Juninho. No segundo tempo, aos 10', novamente com Wesley. Aos 11', com Wesley chutando e Daniel falhando no rebote. Aos 15', em boa jogada individual de Daniel Carvalho. A última, já aos 37', a fuzilada de Maikon.

Ou seja, 5 chances de gol antes do tento sofrido. 1 chance de gol depois do golpe.

Tomamos o gol em um momento em que estávamos melhores na partida, arriscando jogadas pelo meio e pelos lados. Foi falha coletiva. A primeira, foi de Henrique, com a saída errada. A segunda, três jogadores no primeiro pau. A terceira, Barcos fazendo o serviço de Deola. A quarta, João Vítor marcando ninguém. E por aí vai.

Depois do gol, tudo mudou.

O Mirassol jogou os 90' seguindo religiosamente uma estratégia simples. E foi premiado por isso. Quando o Palmeiras estava com a posse e atacava, voltava para o campo de defesa, deixando 7 ou 8 jogadores por lá. Quando o Palmeiras perdia a posse no ataque, saía rapidamente e organizadamente para o contra-ataque. É inquestionável o mérito do time adversário. Quando o Verdão parou de atacar, ele seguiu fazendo - e com perfeição - o que pretendia fazer. Até os chutões de longa distância saíram impecáveis. Foram melhores.

Quando o time tomou o gol, sentiu também o cansaço. Corria atrás de um resultado que não vinha. Felipão queimou todas as alterações sem fazer mudança substancial no padrão de jogo do time, trocando seis por meia dúzia em todas. A entrada de Ricardo Bueno de longe a pior, não alterou em nada o padrão do ataque. João Vítor na lateral direita foi sofrível e quase forçou o segundo gol do Mirassol. Na minha opinião, deveria ter tirado Wesley para dar lugar a Pedro Carmona. Artur continuava na lateral, João Vítor ajudando no meio campo e o time ganhava em criatividade no meio. A formação com dois meias, diante de um adversário recuado, faz todo o sentido. Mas Felipão não pensa assim.

É hora de mudança, Verdão!

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