segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Revelações contra as Sardinhas, 4-4-2 losango

Nosso último combate contra as Sardinhas (2x1 de virada em partida válida pelo Campeonato Paulista de 2012, em 5/2/2012) deixou duas evidências muito claras.

A primeira, é que o grupo está mais unido e entrosado. Buscou a vitória desde o começo da partida, fazendo valer a sequência de jogos que enfrentaram juntos. O entrosamento entre os jogadores é nítido. Tabelas, triangulações, pivôs, enfiadas em profundidade e até jogadas mais complexas saem com relativa facilidade em comparação ao ano passado.

A segunda evidência é tática. O esquema do time, esculachado por uma massa gambá de jornalistas como retranqueiro e sem iniciativa por possuir três volantes em sua base, foi na verdade um esboço de 4-4-2 losango (4-3-1-2, ou 4-1-2-1-2). Tanto Márcio Araújo quanto João Vítor normalmente sobem ao ataque para apoiar o time além de auxiliar na marcação, enquanto Marcos Assunção permanece fixo, comandando a basculação, cobrindo as subidas do lateral, ora direito, ora esquerdo. Juninho e Cicinho se revezam no apoio ao ataque. À frente dos dois jogadores, o meia-avançado, no caso Valdívia, fazia a distribuição de bolas para os atacantes, no caso Luan e Fernandão, ou tentava ele mesmo uma finalização.

O time (ainda) badalado do Santos, em uma formação idêntica à do time que encarou o Barcelona exceto pelos laterais, era franco favorito. Ganso e Elano, na cabeça dos jornalistas, dominariam o meio-campo enquanto Neymar infernizaria a vida pela ponta esquerda santista, nossa ala direita. Cicinho, é verdade, não teve vida fácil, mas conseguiu anular a jóia santista. Quanto a Ganso e Elano, foram facilmente anulados (e muito) pelo losango. Jogando próximos uns aos outros, tocando curto e não em um losango aberto demais, o que facilitaria a marcação adversária do passe, os volantes conseguiram tocar a bola e triangular com facilidade, em uma batalha 3v2 que facilitou o domínio da posse de bola na faixa central do campo. Isso nos deu a posse. Com a posse, Valdívia podia receber a bola com mais frequência, e mesmo que marcado individualmente por Arouca ou Henrique, conseguia encontrar espaços na defesa santista, já que Fernandão se projetava com frequência para fora da área, puxando a marcação e abrindo verdadeiros buracos pelos quais tanto os laterais como (principalmente) Luan, poderia aproveitar e tentar um cruzamento ou uma finalização.

Uma consideração importante a fazer é o papel de João Vítor. Quando deslocado como meia pela direita, cumprindo exclusivamente a função de criar jogadas por aquele lado, não vingou. Aliás, só foi melhor que Tinga, o que na prática significa que desempenhou extremamente mal a função. Como volante de saída pela direita, jogando um pouco mais recuado, defendendo e também fazendo a saída de bola por aquele lado, se encontrou na posição. Sua atuação de ontem despertou nos palmeirenses um sentimento esperançoso que aumentou com especulações recentes sobre a possível contratação de Wesley, ex-santista que atuava no Werder Bremen, na Alemanha. Todos se lembram do jogador que auxiliava a marcação no meio-campo e ainda chegava na frente para finalizar com qualidade. Wesley é um tipo raro de volante, meio que um meio-campista "box-to-box" (que atravessa os dois lados do campo), um "carrijero" como diriam no futebol argentino, e pode auxiliar muito na formação de um losango forte pela direita.

O esquema pode ser uma boa tacada para Felipão. O losango de pontas estreitas domina o centro do jogo com sua alta compressão. Sua única fraqueza são os flancos, que devem ficar por conta do avanço dos laterais. Isso parece não ser problema, já que tanto Juninho quanto Cicinho são fortes no apoio pelos lados do campo, além de Luan. Com Valdívia lesionado e Daniel Carvalho atuando regularmente bem, uma formação forte para o Campeonato Paulista e, posteriormente, para o Campeonato Brasileiro, seria o 4-4-2 com o "diamante" no meio-campo:


Atualmente, boa parte dos times brasileiros atuam no 4-4-2 tradicional, com dois volantes, dois meias e dois atacantes. Jogando no losango e marcando no campo de defesa do adversário, teríamos vantagem numérica no meio e a posse viria. Resta saber se Felipão se interessa nesse possível desdobramento. É claro que a vinda de Wesley facilitaria isso. Mas o jogo contra o Santos, dominando facilmente aqueles que são chamados pela mídia como "o futuro do futebol brasileiro", foi um forte indício de que esse é o caminho. Márcio Araújo, João Vítor e companhia realmente atuaram bem. Mas o posicionamento durante a partida pode ter ajudado, e muito. Ou você acredita que o João Vítor joga mais que o Ganso?

Leitura Complementar:
1. Como jogava o Figueirense de Juninho, nosso lateral esquerdo.
http://globoesporte.globo.com/platb/tabuleiro/2011/10/13/figueira-se-organiza-em-eficiente-4-3-1-2/
2. Como o pessoal do FM 2012 estruturou a lógica do esquema no jogo:
http://www.fm-britain.co.uk/2011/06/03/understanding-the-4-4-2-diamond/
3. Acabo de encontrar no Youtube um jogador do FM explicando (e muito bem) o funcionamento do 4-1-2-1-2 (ou 4-3-1-2). Vale a pena ver:

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