segunda-feira, 30 de julho de 2012

Ajuste Ofensivo!

Tabela do Brasileirão até 13ª rodada



Em um campeonato de pontos corridos, não há segredo, basta olhar para a tabela acima. Tende a ganhar quem melhor saldo de gols tiver, ou seja, quem conseguir equilibrar ataque e defesa, marcar o máximo de gols concedendo o mínimo. A cara do cliente não conta.

Se você não acredita nisso, basta olhar o gráfico abaixo:

(clique para ampliar)

Bolinha verde = Gols Pró
Cruz vermelha = Gols Contra
Retângulo azul = Saldo de Gols
Eixo Horizontal (X) = Posição na tabela
Eixo Vertical (Y) = Gols

Observem bem as linhas de tendência. Quanto maior for o número de Gols Pró (bolinha verde), melhor a posição na tabela. Quanto maior for o número de Gols Contra (cruz vermelha), pior a posição na tabela. A informação que incorpora os dois valores (Gols Pró e Gols Contra) é o Saldo de Gols (retângulo azul). Quanto maior ele for, melhor a posição na tabela.

Levando-se em consideração os números acima, podemos tirar várias pequenas conclusões - mesmo que de alcance limitadas, dado que o campeonato encontra-se na sua 14ª rodada (13 rodadas finalizadas).

Considerações gerais - times com SG no"verde"
A supremacia do Atlético nessas 13 rodadas iniciais é visível. Outro que tende a subir é o Fluminense, ligeiramente melhor que o Vasco nos dois critérios (GP e GC), assim como o Internacional. Grêmio tem bom aproveitamento, mas peca na parte estratégica fora de casa: ou perde, ou ganha, basta ver o número de empates (0). Se dentro do Olímpico, o aproveitamento até o momento é de 83%, fora dele são de módicos 43%. Cruzeiro não tem um grande ataque, sofre muitos gols, o que indica que tem vencido pelo placar mínimo (ou vitória por um gol de diferença) e tende a ser ultrapassado pelo Internacional. O ataque do São Paulo está entre os melhores, principalmente pelas últimas rodadas - em apenas 3 jogos, 9 gols marcados - o que não o impede de ter uma das piores defesas entre os 10 primeiros colocados - últimos 3 jogos, 5 gols sofridos. Se sanar seus problemas defensivos, pode deslanchar no campeonato. O Botafogo tem números bem parecidos aos do São Paulo, com seu bom ataque em declínio (nos últimos 3 jogos marcou apenas 1 gol) e problemas defensivos. Ou seja, tende a cair na tabela, caso seus problemas defensivos não forem resolvidos. Quanto ao SCCP, o último time com saldo de gols no "verde", não apresenta nenhuma grande diferença quanto ao Palmeiras. Com os mesmo número de gols marcado que o nosso time, só está acima na tabela por não ter tomado tantos gols.

Menção Honrosa
O Coxa apresenta este ano uma performance parecida com a de 2011. Dono do segundo melhor ataque da competição, o time poderia facilmente figurar entre os primeiros colocados. Isso seria facilmente possível, caso o time não tivesse a pior defesa de todo o campeonato. Culpa da Copa do Brasil?

Quando surge o Alviverde imponente...
Se olharmos o saldo de gols, somos levados a pensar que os gols contra são o vilão da história alviverde até o momento. É certo que fazem parte da história, mas é preciso ver o tamanho do ajuste a ser feito nos dois setores e, olhando os dados, o setor ofensivo certamente é o que precisa de ajuste maior.

O Cruzeiro tomou 14 gols no campeonato - apenas 2 a menos que o Palmeiras - e encontra-se em uma confortável 5ª posição. O São Paulo, com o mesmo número de gols sofridos que o Verdão, está em 7º e o Botafogo, com apenas 1 a mais, em 8º. A Ponte, com o mesmo número de GC do Botafogo, aparece em 9º.  Uma amostra razoável de times que possuem número de gols contra em nível parecido ao do Verdão e que encontram-se em posição melhor na tabela.

Comparando o número de gols pró (GP) dos times citados acima com os do Palmeiras, temos a seguinte diferença (Cruzeiro, SPFC, Bota e Ponte): +4, +8, +9 e +3. Portanto, é evidente que o ajuste ofensivo é maior e mais significativo que o defensivo. O número de gols marcados pelo Verdão é praticamente a metade dos gols marcados pelo Atlético (12 gols a menos).

É claro que por mais que o "ajuste" na parte defensiva seja menor que o da ofensiva, não significa que tem menor importância. Ter uma defesa sólida é importantíssimo em qualquer clube. Só que Felipão sabe como montar defesas sólidas. Portanto, fazer mais gols ganha destaque especial nesse contexto.

Como o treinador resolverá este problema, não faço a mínima idéia. A janela de transferências se fechou, mais de 7 jogos se passaram. Espero somente que Daniel Carvalho ganhe ritmo e volte a ter bom rendimento, que Obina tenha a mesma presença de área de Barcos, que Juninho volte logo, Valdívia, Kid... coisas que todo palmeirense espera.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Breve análise tática da Copa do Brasil 2012

Galera, recentemente venho sofrendo com dores no braço esquerdo e ao que tudo indica, após os exames feitos, que o problema é muscular (tendão). Portanto, tenho "maneirado" nos posts para não me complicar fisicamente.

Dito isso, gostaria de fazer uma breve análise das mudanças táticas que o time sofreu durante o andamento da Copa do Brasil e que consequentemente o deixou forte o suficiente para a conquista do caneco. A primeira partida da semi contra o Grêmio certamente foi o divisor de águas dessa história toda. A partir de relatos dos próprios jogadores, é possível perceber que as mudanças já estavam sendo estudadas e estruturadas pelo staff de Felipão. A partida anterior pelo Brasileiro, porém, foi o que disparou o gatilho da mudança, o estopim. Portanto, vamos aos fatos.

Time na partida de ida contra o Grêmio, pelo Brasileirão

O primeiro estudo entre os dois semifinalistas da Copa do Brasil aconteceu no Olímpico, pelo Campeonato Brasileiro, no dia 27 de maio. Naquela partida, ficou nítida a presença avançada dos alas gremistas, Gabriel, e, notadamente, Pará. Mesmo que o time contasse com desfalques e jogadores poupados por Felipão, o time foi dominado em campo e o Grêmio anulou o meio-campo palmeirense ainda que este contasse com três volantes. Fernando caçou Felipe e posteriormente Valdívia em campo, atuando praticamente como um terceiro zagueiro e permitindo aos alas o avanço. Acuado e perdendo a disputa no meio, restou ao Palmeiras poucas alternativas que o torcedor palmeirense, até aquele momento, já estava cansado de saber: bolas paradas.

O jogo revelou talvez o esgotamento do 4-3-1-2 (ou 4-2-3-1, como a maioria prefere ver e até mesmo Felipão acredita utilizar, caracterizando João Vítor como um ponta direita). Esse modelo tem lá suas méritos. Com três volantes - como eu prefiro ver - o time recuperava regularmente a posse de bola no meio-campo na transição defensiva. O modelo foi utilizado durante boa parte do campeonato paulista e a boa fase de alguns jogadores - como Daniel Carvalho, Juninho e Barcos, por exemplo - garantiu a eficiência do esquema. O time contava ainda com algumas alternativas ofensivas, como o 4-2-3-1 formado por Maikon Leite, Valdívia e Luan com Barcos na referência (alternando para o 4-3-3, como contra o Sport pelo Brasileirão e o Atlético-PR pelo segundo jogo da Copa do Brasil) e também a formação com os dois meias de qualidade do elenco - Valdívia e Daniel Carvalho - no 4-3-2-1, formação extremamente interessante mas que segundo Felipão deixava o time vulnerável demais, perdendo as bolas no ataque sem que houvesse um esforço defensivo dos jogadores de armação.

A grande sacada no uso da trinca de volantes ficou por conta do encaixe de João Vítor no elenco. Improvisado como meia, o jogador teve problemas. Um pouco mais recuado, alternando a marcação pela direita e a saída de bola por aquele lado, se encontrou. Tanto que vem sendo utilizado frequentemente por Felipão. Não é um jogador que tem como característica principal a velocidade ou as jogadas de linha de fundo pelos lados do campo, como normalmente possuem os pontas, mas a habilidade em espaços curtos e os desarmes. Além disso, tem a regularidade a seu favor.

Sacada ainda mais genial foi a utilização de Henrique como volante / terceiro zagueiro. A escolha do jogador era previsível e vinha sendo treinada, como o próprio jogador havia declarado antes de entrar em campo pelo primeiro jogo contra o Grêmio pela semifinal. De longe o mais habilidoso dos jogadores da zaga e com boas subidas ao ataque, Henrique foi o escolhido por Felipão para o papel de "âncora" do meio-campo. Como Marcos Assunção é imprescindível ao time e já fazia a cobertura pela esquerda em jogos passados, a saída de Márcio Araújo da equipe titular foi natural. Colado ao armador gremista, deu mais liberdade aos laterais do Palmeiras para subir e equilibrar a disputa no meio-campo em uma batalha 5v5. Poucos lembram que os laterais decidiram aquela partida de ida no Olímpico, com Cicinho dando assistência para Mazinho para abrir o placar e Juninho cruzando na cabeça de Barcos, ampliando a vantagem.


Time com Henrique de volante / líbero e meio-campo "reforçado"

A presença de Henrique fortaleceu o sistema de marcação do Palmeiras, já que trata-se de um  verdadeiro "primeiro volante". Antes dele nenhum jogador do Palmeiras cumpria essa função adequadamente. Pode-se dizer que o último a cumprir estritamente essa função era Chico, mesmo que mal. Kid já não é um garotinho e tanto Márcio Araújo quanto João Vítor são jogadores de marcação com característica de conduzir a bola ao ataque.

A parte importante é que a mudança foi preparada e utilizada no momento certo do campeonato. Quando o Grêmio acreditava que o jogo seria um repeteco do domínio exercido na partida de ida do Brasileirão, se viu em maus lençóis. O Palmeiras, utilizando a estratégia com sabedoria, equilibrou a disputa no meio-campo e, ao final da partida, praticamente selou sua classificação às finais. O mesmo equilíbrio e frieza foi demonstrado na volta e mesmo depois do gol de Fernando, o time conseguiu o empate após boa subida de Juninho e troca de passes com Valdívia. O resto é história.

Méritos do treinador
Por fim, ressalto que o mérito dessas mudanças é completamente de Felipão. Encontrou, dentro do próprio elenco, soluções que melhoraram e muito o sistema defensivo do time. Se reinventou, trazendo a campo novas combinações - com as mesmas peças - que deixaram o time mais forte. Essa é uma virtude para qualquer treinador que se preze, pois torna o padrão de jogo do time menos previsível. Alternativas táticas para diferentes situações de jogo são sempre bem vindas.

Outra qualidade do treinador é a de buscar a união entre os atletas do clube. Mesmo diante de um ambiente adverso - política interna conturbada, pressão da mídia e da torcida por títulos - soube isolar o elenco e formar um espírito de "família" entre os jogadores. O que não era possível - é claro - com a presença de atletas que, independente da intenção, geravam atritos entre os jogadores e desagregavam o grupo. 

A cumplicidade crescente entre os jogadores (até mesmo o simples fato de atuarem juntos por diversas vezes), por sua vez, traz retornos benéficos inclusive ao padrão de jogo da equipe, com reflexos claros no entrosamento do time. Basta lembrar que no último "Choque-Rei" nosso time dominou a equipe do São Paulo com um jogador a menos durante quase todo o segundo tempo.

Como fica a equipe?
O resquício tático da Copa do Brasil deixou o time na seguinte disposição: Henrique continua como terceiro zagueiro / volante, tendo Marcos Assunção mais à frente à sua esquerda e João Vítor à sua direita; um meia armador - até porque o time tem apenas dois - servindo aos dois jogadores de ataque, sendo um com característica de velocidade / movimentação (Luan, Maikon Leite, Mazinho) e um de referência / finalizador (Barcos, Obina e Betinho). Nas laterais, Cicinho e Juninho. Artur tem características mais defensivas e pode ser utilizado para casos específicos. Time alternando entre o 4-3-1-2 (ou 4-2-3-1 "torto", como preferirem) e o 3-5-2.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

COPA DO BRASIL - FINAL - Campeões!!!



Não há tática que supere um coração forte.

Quem viu e entendeu o choro dos jogadores ao final da partida sabe o que é ser palmeirense.

O choro dos jogadores é a forma de agradecer à torcida em seu árduo caminho carregando este pesado manto. As cobranças enormes por títulos, críticas, frustrações e incertezas quanto à administração do clube. É quando descobrem o que é jogar no Palmeiras. E o choro dos torcedores, a recíproca. O quão duro foi carregar esse fardo. Aquele que esteve ao lado do jogador o tempo todo, todos os dias, dentro (indo aos estádios, acompanhando pela Tv, Internet ou rádio) e fora (exaltando as conquistas e glórias, ouvindo provovações e defendendo seu time diante do resto) mesmo sem nunca tê-lo conhecido.

Só posso agradecer à luta incessante desses jogadores que Felipão cultivou e apoiou, mesmo sem ter o apoio incondicional da torcida, mesmo sendo diariamente chamados de "limitados" pela mídia. Agradecer ao Luan, ao João Vítor, ao Maurício Ramos, Thiago Heleno, Márcio Araújo, Artur, Cicinho, Betinho. A esses GUERREIROS. 

O Palmeiras é enorme e foi feito para jogadores como vocês, que têm garra, determinação. Vontade de vencer. Que têm coração forte.


*


É campeão, PORRA!!!
Maior Campeão Nacional!!!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Verdão na final!!!

Passamos pelo Grêmio do Luxa em grande estilo. Estamos na final, porra!!! É festa para um time que vinha sofrendo nos últimos anos. Só quem é torcedor do Palmeiras sabe disso. Hoje, temos jogadores capazes de desequilibrar no ataque e temos uma defesa sólida. As chances são ótimas. Deixo aqui meu agradecimento ao Barcos, ao Mazinho e a todo o elenco pela dedicação, mas em especial a um grande jogador, Jorge Valdívia, que mesmo em um momento difícil na sua vida pessoal se aqueceu, saiu do banco e desequilibrou uma partida que parecia ter final dramático. Força, Verdão! Vamos trazer esse caneco pra casa! #VaiPalmeiras

Entrosamento


Vocês estão fazendo isso... CERTO!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

COPA DO BRASIL: Palmeiras 2 x 0 Grêmio

Palmeiras 2 x 0 Grêmio
13/06/2012
Copa do Brasil 2012
Estádio Olímpico
Semifinal, jogo de ida


Taticamente superior


Como o jogo de "prévia" pelo Brasileiro já havia mostrado, a grande dificuldade em jogar contra o Grêmio de Luxa era ganhar o meio-campo, já que o volante Fernando atua praticamente como um terceiro zagueiro, na cola do nosso armador, fosse ele Valdívia ou Daniel Carvalho. Com isso, o time liberava os laterais Gabriel e Pará para avançar, deixando o Grêmio com superioridade numérica na faixa central, mesmo com nosso time atuando com três volantes e um meia armador mais à frente.

A ideia de colocar Henrique como terceiro zagueiro, líbero, à frente da zaga - função que se confunde com a de primeiro volante - só tem sentido diante desse panorama. Com os laterais mais avançados, marcando os alas adversários, a batalha no meio-campo ficou equilibrada, a superioridade numérica se foi e o Palmeiras, na base da qualidade técnica individual, desequilibrou no final e venceu a batalha. Destaque, portanto, para Felipão, pois tomou uma atitude diante do problema tático com o qual se deparava, e para os laterais - Cicinho e Juninho - com uma assistência cada.

Palmeiras equilibra a disputa do meio-campo

Primeiro tempo
O Grêmio começou partindo para cima, naturalmente. Com o jogo truncado, começou atacando com perigo através de jogadas de bola parada e escanteios. O Verdão, mesmo tocando melhor a bola, não conseguia chegar com a mesma facilidade que o time da casa ao ataque. Com a pressão, o time ficava praticamente em um 3-5-1-1, com Luan auxiliando a cobertura pela esquerda.

Daniel, muito marcado por Fernando, não conseguia sair jogando. Como Artur não é um lateral de características ofensivas e João Vítor não é um meia, apesar de ser um volante com boa saída pela direita, o time jogava somente pelo lado esquerdo no ataque enquanto o lado direito permanecia um pouco mais recuado. Isso também dava a falsa impressão de que Pará estava jogando muito bem pela esquerda oposta, o que não é verdade. Ao contrário do último jogo contra eles, Artur ficou no encalço do ex-santista enquanto João Vítor tentava frear os avanços de Léo Gago.

O time, com esses problemas na criação das jogadas pelo centro e as poucas incursões pela direita, deixavam o rumo da estratégia ofensiva dependendo de apenas dois tipos de jogada: as solitárias disparadas de Luan pela esquerda - que durante quase todo o jogo não deram em nada - e as jogadas de bola parada. Assunção não estava em noite inspirada, cobrando mal diversos cruzamentos. Barcos, diante desse panorama, fez o que pode saindo da grande área para buscar jogo e arriscando chutes de longa distância, como no primeiro chute do Verdão que veio somente aos 21' de jogo, para fora.

A partida seguia, assim, equilibrada, com forte marcação dos dois lados e só levando perigo em jogadas de bola parada. Aos 41', Thiago Heleno fez falta em Miralles e recebeu o amarelo. Na cobrança, Fernando cobrou com perigo e a bola pegou na trave esquerda de Bruno. O goleiro estava na bola.

Segundo tempo
O Palmeiras veio a campo melhor, mais ligado. Logo nos primeiros minutos, o time tocava a bola melhor que no primeiro tempo. Além disso, não deixava o Grêmio criar chances, forçando o erro. A movimentação de Kléber foi anulada em campo, caçado sem dó. A opção de Luxemburgo por dois jogadores que não tem grande presença na pequena área também dificultava, porque dificilmente eles receberiam a bola de frente para o gol. Marco Antônio foi novamente anulado em campo, não tendo vida fácil diante de um implacável Henrique. Sem opções para a criatividade, o time era forçado a tentar o chuveirinho para a grande área ou - o que mais acontecia - os chutões de Léo Gago, que estava com o pé (muito) descalibrado. Em um dos chutes, quase presenteou a torcida gremista com um home run.

Aos 15', Luxa se fartou com a dificuldade de infiltração do Grêmio e trocou a dupla de ataque. Saiu Kléber para a entrada de André Lima e Miralles deixou o campo para a entrada de Marcelo Moreno. A mudança fez sentido, Marcelo Moreno tem presença muito forte na grande área, principalmente nas jogadas de bola aérea, o que combinava com o padrão de jogo naquele momento, recheado de chuveirinhos. A entrada de André Lima pouco acrescentou ao time - talvez fosse melhor manter um dos segundo-atacantes, Miralles ou Kléber.

18', Artur se machuca. Cicinho entra.

Com o Grêmio levando mais perigo, o Palmeiras tinha que reagir. Se o pessoal da frente não resolvia, então os jogadores de trás deviam apoiar, como elemento-surpresa. Logo surtiu efeito, e aos 23', no contra-ataque, Daniel Carvalho encontrou Juninho disparando pela esquerda. O lateral encontrou Barcos, que bateu travado, com muito perigo. Apenas dois minutos depois, após subida de Henrique ao ataque, Daniel encontrou Barcos pela esquerda da grande área. O argentino driblou o marcador e chutou forte de pé esquerdo, raspando o travessão do gol de Victor.

Aos 29', nitidamente irritado com o desempenho de Marco Antônio, Luxa sacou o jogador para a entrada de Rondinelly, cujo nome já era gritado nas arquibancadas. O rápido jogador deu maior movimentação no ataque e mais trabalho para a defesa do Palmeiras, abrindo espaços. Na sua primeira jogada, aos 32', Rondinelly encontrou Pará pela esquerda, que cruzou na medida para André Lima, cabeceando para fora.

A reação alviverde
Aos 34', foi a vez de João Vitor tomar o cartão amarelo. Foi aí que o jogo virou de vez. Aos 40', Felipão sacou Daniel Carvalho para a entrada de Mazinho. Logo aos 41', Rondinelly perdeu a bola na frente. No contra-ataque, Cicinho recebeu a bola pela ponta direita, cortou para o meio e deu lindo toque para Mazinho, que não perdoou e chutou por baixo do goleiro Victor. Verdão, 1x0!

O time gremista, extremamente abalado em campo pelo gol alviverde, não poderia esperar baque pior do que tomar um gol àquela altura da partida, mas o pior - para nós, o melhor - aconteceu. Juninho subiu ao ataque, recebeu ótima bola de Luan pela esquerda, foi à linha de fundo, levantou a cabeça e fez um cruzamento perfeito na cabeça de Barcos. "El Pirata" cabeceou de cima pra baixo, tirando do goleiro e da zaga gremista. Verdão, 2x0!

Após os gols o Verdão só precisou administrar o resultado, calmamente, tocando bem a bola e segurando a posse pelo máximo que pudia. E conseguiu. O Palmeiras viu sua torcida cantar sozinha em um Olímpico lotado e levou para casa uma vantagem que coloca o time na condição de favorito à final.

Considerações
A primeira consideração importante a fazer é que Felipão tem muitos méritos no resultado. Se no jogo pelo Brasileirão, tivemos amplo domínio do Grêmio, dessa vez o treinador não vacilou. Diante do problema tático que enfrentou, modificou a equipe. Armou o time no 3-5-2, com Henrique à frente da zaga - é claro que tinha que ser ele, é de longe o zagueiro mais habilidoso e apto a fazer a saída de bola - e freou os alas gremistas. Se ofensivamente o time não foi um primor - com velhos problemas que estamos acostumados a ver, com Luan muito aberto pela esquerda, João Vítor não subindo tanto pela direita e Barcos consequentemente isolado na frente - no aspecto defensivo, foi perfeito.

O segundo destaque, não tão divulgado (apesar de evidente), a excelente subida dos laterais no segundo tempo. Cicinho e Juninho cresceram, criaram oportunidades - principalmente o lateral esquerdo, que é melhor no apoio - e deram, cada um, uma assistência a gol. Ou seja, em um jogo parelho, sobressaiu a qualidade individual dos jogadores. Isso é importantíssimo para o time, já que os jogos da fase final serão cada vez mais disputados e decididos assim, no detalhe, sem depender dessa ou daquela jogada, ou desse ou daquele jogador. Vale lembrar, Daniel Carvalho e Marcos Assunção não jogaram bem.

A última e mais importante observação: esse esquema foi utilizado de acordo com as circunstâncias da partida. Uma questão tática localizada, pontual. Nem todos os times jogam como o Grêmio e Felipão sabe disso. Se é o esquema ideal para a próxima partida, não sabemos. Luxa pode fazer alterações táticas para o próximo jogo, é um grande treinador e é exatamente isso o que se espera dele. A utilização de Henrique à frente da zaga, tal como De Rossi durante o último jogo da Itália frente à Seleção Espanhola, foi excelente do ponto de vista defensivo. Novamente, é importante ressaltar, ofensivamente, existem problemas. A bola pouco chegou ao ataque, Barcos ficou distante da área. O que não impede que Felipão também realize mudanças nesse setor, claro.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Euro 2012 - Panorama Geral

Post publicado no BlogdaBola.com em 6 de junho de 2012


O que esperar da competição de seleções mais difícil do mundo? Com grupos e fases enxutos, que permitem o confronto de Alemanha, Holanda, Portugal e Dinamarca por apenas duas vagas, a edição atual da Eurocopa deste ano promete demais. Tentaremos aqui traduzir um pouco dessa emoção e o que esperamos dela.

REGRAS GERAIS A Euro 2012 está divida em 4 grupos - A, B, C e D - com 4 participantes cada. Uma das chaves é composta pelos grupos A e B. A outra chave é composta pelos grupos C e D. Na fase de quartas-de-final, o primeiro de cada grupo pega o segundo colocado do outro grupo dentro da mesma chave. Ex: 1º do A pega o 2º do B, 1º do B pega o 2º do A, etc. Os vencedores de cada chave se enfrentam nas semi-finais, de onde sairá um finalista. Resumindo, é o melhor dos grupos A e B contra o melhor dos grupos C e D.

Vamos analisar os grupos?

GRUPO A: Polônia, Rússia, Grécia e República Checa.


Polônia: Este é um time que pode ser uma das surpresas da Euro. Perdeu pouquíssimas partidas nos últimos amistosos que fez antes da competição, tem um time jovem e estrelas em ascenção. Szczesny é o goleiro titular do Arsenal, tem os bons jogadores do Borussia Dortmund (campeões da Copa e da Liga Alemã) Piszczek (lateral direito), Kuba (meia pela direita) e Lewandowski (centroavante). Tem um bom time, mas não tem um bom elenco. Como a Euro é uma competição de poucos jogos, esse fator não é uma agravante. Pode pintar como a "surpresa" da competição.



Rússia: Talvez o candidato mais forte do grupo. No amistoso mais recente, passou por uma Itália - mesmo que abalada pelos escândalos recentes de manipulação de resultados - facilmente por 3 a 0. Dick Advocaat vem fazendo um belo trabalho desde que assumiu, em 2010, substituindo Guus Hiddink. Tem nas mãos um time que mescla a experiência de jogadores com bagagem como Bilyaletdinov, Pavlyuchenko e Arshavin com a juventude de Dzagoev, um dos meias mais promissores da seleção russa. A zaga é experiente e tem atuado junto por muito tempo, não só na seleção.


Grécia: Futebol feio e retranqueiro. O panorama da Grécia não mudou de 2004 - ano em que foram campeões superando os anfitriões portugueses - para cá. O grupo aposta nos jovens Fetfatzidis e na presença de zaga de Papadopoulos. No ataque, a experiência de Salpigidis, Gekas e Samaras. No mais, não é candidato às principais vagas.


República Checa: O problema do time checo é conhecido: renovação. Talvez a presença do promissor meia Vaclav Kadlec, de apenas 20 anos, possa ajudar. Mas quando se olha o resto do time, o panorama não traz muitas esperanças. O time está em situação parecida com a da Polônia, possui jogadores de alto nível em diferentes faixas do campo, com a diferença que seus melhores atletas já se encontram na parte descendente da curva de rendimento. Rosicky, Plasil e Baros - sim, aquele Baros do Liverpool - não são mais tão jovens, apesar da qualidade. A experiência de Cech no gol garante mais solidez à defesa. No mais, não esperamos muito desse time.

FAVORITOS: Rússia forte candidata ao primeiro lugar do grupo. Polônia e República Tcheca brigando pela segunda posição.

GRUPO B: Holanda, Alemanha, Portugal e Dinamarca.


Holanda: A Holanda sempre foi referência em produzir atacantes de primeira linha. Enquanto a fabriqueta brasileira parou de produzir jóias na última década, a holandesa continua a pleno vapor. Bert van Marwijk soube armar bem a equipe e a transformou em uma máquina de fazer gols. Apesar da boa fase alemã, o time holandês chega em melhor fase e é favorito para a liderança do grupo. Um dos massacres recentes chegou a registrar placar de dois dígitos. Melhor ataque disparado da Euro.


Alemanha: Outra candidata ao título que perdeu para a Espanha em 2008, chega forte para a disputa. Suas melhores revelações passaram por um processo de refinamento nas ligas mais difíceis do mundo após uma excelente campanha na Copa do Mundo de 2010. Khedira e Özil são titulares absolutos no Real Madrid. Mario Götze é uma sensação no time do Borussia, Gomez está em excelente fase, assim como Kroos. O único fator negativo é o impacto das derrotas recentes do Bayern, time que fornece à seleção diversos jogadores, na Copa da Alemanha e na Liga dos Campeões.


Portugal: Dono de um ataque de outro mundo, o time português esbarra na falta de jogo coletivo. A dependência de Portugal com as boas atuações de Cristiano são evidentes. O jogador, além de armar jogadas, é a principal arma de Portugal no ataque. Outro problema desse selecionado é a defesa, que tem sido "uma mãe" para os adversários: foi a mais vazada das eliminatórias. Se Portugal adotar um estilo de jogo diferente do que foi apresentado até agora (quem sabe atuar como a Grécia de 2004?), pode sonhar com alguma coisa. No "grupo da morte", tem que fazer algo a mais. Senão, a queda é inevitável.


Dinamarca: Pelo que foi apresentado diante do Brasil, o time dinamarquês não vai longe. Possui poucos bons jogadores e caiu em um grupo com seleções extremamente fortes. Próxima fase, só em sonho.

FAVORITOS: Alemanha favorita ao primeiro lugar. Holanda em segundo. Ou vice-versa. Portugal não resolveu seus problemas defensivos, perdeu o último amistoso contra a Turquia (!) por 3 a 1 e dificilmente passará.

GRUPO C: Espanha, Itália, Croácia e Irlanda.


Espanha: Favorita à liderança do grupo. Ganhou a edição anterior da Euro, a última Copa do Mundo e seus principais jogadores fizeram boa temporada em seus clubes, apesar dos tropeços recentes com a seleção. A qualidade do elenco é indiscutível, ainda que existam aqueles que adoram cornetar a "Espanha que nunca ganha nada". Está inclusive na briga pelo título.


Itália: Sofreu com a queda precoce na última Copa, vem sofrendo com as denúncias de manipulação de resultados, mas tem um timaço. O ataque é perigoso, o meio-campo é sólido, Pirlo parece que melhora a cada dia, mas a defesa pode ser o ponto mais fraco. Disputa o segundo lugar.



Croácia: O time croata tem bons jogadores, é uma equipe que com bons resultados nas eliminatórias e diante de uma Itália em má fase, pode sim disputar a vaga de segundo lugar do grupo. Com Modric em grande fase, comandando o meio-campo e Olic na frente, além de Kranjcar e Corluka, vai dar trabalho aos demais.



Irlanda: Se você juntar um time que já tem fama de retranqueiro com Giovanni Trapatonni - o técnico mais velho de todos que disputam a Euro - coisa boa não pode sair. Com um plantel limitadissimo, repleto de medalhões do passado, como o "eterno" Robbie Keane - o "Milan Baros" irlandês - e mais um "juntado" de jogadores de times da segunda divisão inglesa (Wolverhampton, que foi rebaixado, Hull City, Leicester, Milwall) ou que flertaram com ela (Aston Villa, Stoke City e Sunderland). Não deve passar da primeira fase.

FAVORITOS: Espanha favorita ao primeiro lugar. Itália e Croácia brigando pelo segundo lugar, com a Croácia em um momento melhor.

GRUPO D: França, Inglaterra, Suécia e Ucrânia.



França: É um timaço. Elenco experiente, de muita qualidade e que vem de uma série de resultados positivos, liderados pelo ex-zagueiro Laurent Blanc. Favorita à liderança do grupo e pode sim lutar pelo seu lugar nas finais, e até disputar o título. Olho nela!


Inglaterra: Tem excelentes jogadores, mas sempre esbarra em algum empecilho e não consegue decolar. Dessa vez, o corte de alguns jogadores fundamentais - como Frank Lampard - e a escolha, na minha opinião, equivocada, de Roy Hodgson. A Inglaterra resolveu dar um basta nos técnicos estrangeiros, mas possuía Harry Redknapp (Tottenham) e Alan Pardew (Newcastle, eleito treinador do ano) como alternativas. Acabou por fechar com um treinador sem títulos expressivos em quase 40 anos de carreira (Roy ganhou seis vezes o campeonato sueco entre 1976 e 1989). Resultado? Jogou recuado diante da Bélgica, dentro do imponente Wembley. Imagine se passar de fase, aguardando times como Espanha ou Holanda no campo de defesa? Suicídio.


Suécia: A Suécia vem com um elenco que conta com jogadores que não disputam ligas de peso. Seus principais destaques são o meia Källström, do Lyon, e Ibrahimovic. No resto, o time sueco não reserva grandes esperanças aos seus torcedores. Provável queda na primeira fase.


Ucrânia: Um time que depende de Shevchenko no ataque não pode ser considerado uma grande ameaça, mesmo contando com a presença da torcida. O time ucraniano perdeu seu último amistoso antes da Euro para a Turquia, por 2 a 0. Não promete e também deve cair.

FAVORITOS: França vem para pegar a liderança. Inglaterra, apesar dos maus jogos, não tem concorrentes de peso para o segundo lugar.

Prováveis confrontos nas quartas: Rússia x Holanda, Alemanha x Polônia / Espanha x Inglaterra, França x Itália

Bom, é isso aí pessoal! Um grande abraço e até a próxima!