domingo, 28 de junho de 2015

Brasileirão 2015, 9ª rodada: Palmeiras 4 x 0 SPFW

Você pode até estranhar, mas o intuito do post de hoje não é falar sobre o massacre sobre os bambinos e como jogamos bem, com requintes de crueldade, etc (o que é fácil de escrever, se você pensar), mas sim entender o momento do time diante das recentes mudanças de comando técnico e quais os novos desafios da equipe. Ao final do post, talvez fique mais claro o sentido do texto. Mas só se você tiver paciência para essa breve análise, hehe.

Panorama da 8ª rodada

Antes do massacre sobre o SPFW, o panorama do time até a 8ª rodada era o seguinte:


Transcorridos 8 jogos (1/5 do campeonato), tivemos um aproveitamento de 37,5% dos pontos disputados, totalizando nove pontos conquistados. Isso é bom ou ruim? Historicamente, grosso modo (raciocínio que os "professores" adoram), contando os campeonatos de pontos corridos desde 2006 (quando 20 times passaram a disputar a competição), esse aproveitamento em muito se assemelha ao aproveitamento dos 17º colocados, ou seja, flertaria diretamente com a zona de descenso caso perdurasse até o final do campeonato.


Campeonato Brasileiro, 2006-2014, média histórica.

De forma análoga, o time precisaria para fazer parte do "pelotão de frente" dos 4 primeiros colocados (posições que dariam acesso à primeira e segunda fase da Libertadores, além do título), no mínimo, algo em torno de 64 pontos (na edição de 2014 foram necessários 69).

Botando os pés no chão

Faltando 30 jogos até o final do campeonato e descontando os 9 pontos que até então haviam sido conquistados, 55 pontos eram necessários para conquistar essa "meta". Com 90 pontos em disputa até o final, o time precisaria portanto assegurar um aproveitamento de nada menos que 60,6%. Para você entender a gravidade disso, esse aproveitamento é o mesmo de um time que acaba o campeonato entre o título e a vice-liderança. Se o time vinha muito mal com Oswaldo de Oliveira no comando, imagine o quanto de agora em diante Marcelo Oliveira terá de fazer o time melhorar. Significa quase duplicar o aproveitamento do time. 

Esmiuçando um pouco mais o tema, pense nas 5 próximas partidas (a de hoje inclusa), onde 15 pontos estão em disputa. Para melhorar qualquer média, é preciso conquistar números acima dela. Portanto, considerando as possíveis combinações entre vitórias, empates e desconsiderando as derrotas (que não geram pontos e consequentemente, aproveitamento), é possível montar um quadro de "aproveitamentos possíveis". O nosso "target" (marcado no quadro), considerando a meta de aproveitamento almejada, é bastante ambicioso. Se ganharmos 3 ou mais partidas em cada 5, estaremos dentro da meta com qualquer resultado. Se ganharmos 2 a cada 5, no entanto, somente 3 empates nos garantiriam o aproveitamento necessário. Ou seja, perder estaria fora de questão.



Se você gostou do espetáculo contra o SPFW e achou a atuação de hoje um "ponto fora da curva", então não é capaz de vislumbrar a tremenda pressão sobre o novo treinador: é exatamente isso que ele terá de entregar até o final do campeonato, se quiser atingir os objetivos principais. Concluindo: ou performances assim se tornam rotina, ou os resultados não virão.

O caminho é o saldo

Explorando a linha "histórica", o principal caminho para o sucesso no campeonato é o saldo de gols. Não é marcar gols pra caceta, não é se fechar na retranca. É buscar o equilíbrio entre ataque e defesa, manter médias altas de finalização (com qualidade) e baixas de gols sofridos. Para você entender a importância do saldo de gols e a colocação no campeonato, o gráfico abaixo é autoexplicativo.


Ou seja, aumentá-lo é o caminho do negócio. Ok. Mas o que precisaríamos fazer para alcançar esse objetivo? Seguindo o raciocínio "linear", para atingirmos os indicadores do quarto colocado, seria necessário marcar 50 gols nos próximos 30 jogos, além de sofrer apenas 33. Desconsidere o fato de o terceiro colocado possuir historicamente um saldo de gols menor. Isso se deve particularmente ao Flamengo de 2007, com 12 pontos a menos que o 4º colocado daquela edição, e ao Inter do ano passado, com 6 gols a menos que o Corinthians, 4º colocado.

Resumindo, avaliando rapidamente as médias por jogo, tanto a de gols a favor quanto de gols contra, o número que precisa rapidamente melhorar para alcançarmos esse objetivo é evidente: a média de gols por jogo. E é exatamente esse o motivo pelo qual Marcelo Oliveira é o técnico ideal para alcançarmos esse indicador.

O técnico ideal

Em 2011, pelo Coritiba, montou um ataque que marcou 57 tentos, número inferior apenas ao de Flamengo e Fluminense e 14 gols maior que o do Palmeiras, com 43 gols naquela edição. Em 2012, apesar de não ter permanecido até o final da competição, montou o 6º melhor ataque da competição, com 53 gols, novamente 14 gols maior que o nosso, ano inclusive em que caímos para a segunda divisão. No Coxa, nas 131 partidas que disputou, venceu 74 e empatou 25, com um aproveitamento de 62,8%. Dois vices da Copa do Brasil, dois campeonatos estaduais e um recorde mundial de 24 vitórias seguidas reconhecido pelo Guinness. Como armar um bom ataque não parecia um problema, bastava uma boa defesa para que os resultados se traduzissem em títulos de maior expressão. Após rápida passagem pelo Vasco, foi para o Cruzeiro e fez história. Encerrou sua carreira por lá com 68,4% de aproveitamento. O Cruzeiro de 2013 possui ainda o maior número de gols marcados entre as edições de 2006 a 2014, com 77 gols.

Colocando os pés no chão

Termino esse post da mesma forma que comecei. Faz mais sentido colocarmos os pés no chão do que exaltar insistentemente o resultado de hoje. Que encaremos essa goleada como o começo promissor de um importante trabalho. O desafio é enorme, mas temos elenco e técnico à altura para superá-lo. Estamos com ótimo desempenho nos clássicos neste ano. A torcida está espetacular no incentivo ao time, a renda para viabilizá-lo idem. Agora é transformar esses lampejos em algo mais regular. Só assim os resultados virão.

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